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O visto dos milionários: países que, como Estados Unidos, aceitam ricos

Vale a pena pagar até cinco milhões de dólares para ter acesso privilegiado ao direito de residência, como propaga Trump?

Por Vilma Gryzinski 7 abr 2025, 07h04

Com alma de vendedor, Donald Trump fez publicidade. “Por cinco milhões de dólares, ele pode ser seu”. Na mão, o visa ouro com seu retrato, uma promoção nada apropriada, mas dentro do estilo dele.

Por causa da antipatia da maioria esmagadora da imprensa, muitos disseram que ele estava vendendo o direito de residência nos Estados Unidos, com um caminho aberto para a eventual cidadania.

Na verdade, ele só aumentou o preço. Já existia o visto EB-5, para os privilegiados que pudessem investir um milhão de dólares numa atividade que criasse dez empregos nos Estados Unidos, de preferência em áreas mais desassistidas. Em média, a taxa de aprovação era de mais de 75%, num processo geralmente feito por escritórios especializados. A maior procura vinha de cidadãos da China, Coreia do Sul, Taiwan e Reino Unido. Outros notáveis: Vietnã, Índia, Brasil, México e Nigéria.

Muitos indianos estão lamentando a mudança na regra porque usavam o visto do investidor mais como uma forma de pular a fila do green card e assumir empregos de alta remuneração no setor tecnológico.

CONCORRÊNCIA POR IMÓVEIS

Para os brasileiros interessados, o “aumento de preço” coincide com mudanças em uma outra alternativa, o visto ouro de Portugal. Devido à pressão da opinião pública, que credita, erroneamente, a escassez de moradia ao golden visa concedido a quem investisse 250 mil dólares num imóvel, as regras mudaram. Agora, só valem fundos de investimentos (que não sejam imobiliários) ou aplicação de capital em projetos de recuperação do patrimônio.

Cidadãos brasileiros estavam em segundo lugar na lista do golden visa português, depois dos chineses.

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A Espanha, outra porta de acesso à residência e eventual cidadania em um país membro da União Europeia, simplesmente extinguiu seu programa similar. O motivo é o mesmo: o país precisava de dinheiro depois da crise de 2013, hoje está estabilizado e muitos cidadãos reclamam da “concorrência” estrangeira na busca por imóveis. Cidades sem muito espaço para se expandir e com muito a preservar dificultam a construção de imóveis, criando um ambiente hostil a estrangeiros que os adquirem.

Alternativas europeias: Malta e a Grécia, onde a compra de imóveis – fora das áreas mais disputadas – continua a ser uma alternativa para o chamado segundo passaporte, com acesso aos 28 países da União Europeia.

ADAPTAÇÃO CULTURAL

Os vistos de investidor têm influência econômica relativamente irrelevante, mas de fato atraem pessoas “brilhantes, que trabalham duro e criam empregos”, segundo Trump. A ideia de que ajudem a pagar a avassaladora dívida de 37 trilhões de dólares é totalmente fora de proporção.

O secretário do Comércio, Howard Lutnick, fez uma projeção de 37 milhões de interessados em potencial, um exagero evidente.

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Segundo especialistas nesse tipo de processo, os interessados geralmente estão dispostos a investir 10% de seu patrimônio num visto ouro, considerando-se que têm outras atividades em seus países e não querem arriscar tudo num único investimento ou empreendimento. Como existem no mundo, segundo um cálculo de Credit Suisse, 260 mil pessoas com patrimônio de 50 milhões de dólares, das quais 140 mil já são americanas, o público alvo do novo visto é consideravelmente menor.

Atrair empreendedores que já são bem sucedidos é de interesse de todos os países, mas envolve questões de amplo alcance, inclusive o nível de padrão de vida e a adaptação cultural, no caso daqueles que querem fazer a mudança completa, com a família, não apenas se dividir entre dois países (o golden visa português exige apenas permanência de sete dias por ano no país).

Um mapa feito pelo site Visual Capitalist sobre a movimentação de milionários no ano passado revela muito: quais economias estão indo bem e quais as vantagens que pesam na hora de escolher o segundo passaporte.

CAMPEÃO DE MILIONÁRIOS

Sem contar, claro, os impostos. As vantagens fiscais e os incentivos ao empreendedorismo de Dubai transformaram o pequeno emirado do Golfo Pérsico no país que mais atraiu milionários em 2024: 6,7 mil. Estados Unidos, 3,8 mil. Em Singapura, com ambiente cultural chinês e campeã no índice de percepção de segurança, foram 3,5 mil. Canadá, que também tem um programa de atração de investidores, 3,2 mil.

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Outros da lista: Austrália (2,5 mil), Itália (2,2 mil), Suíça (1,5 mil) e Portugal (800).

Perderam milionários a China, campeã com 15,2 mil, o Reino Unido do governo trabalhista cheio de impostos, com 9,5 mil, e a Índia, com 4,3 mil. O Brasil entra na lista do vermelho com 800, abaixo da Coreia do Sul (1,2 mil) e acima da África do Sul (600).

Para quem não pode nem pensar na possibilidade de pagar caro para mudar de país, vale a pena refletir: onde é melhor morar, num lugar que atrai quem tem muito dinheiro ou que repele milionários?

Os números mostrarão se os Estados Unidos continuam a atraí-los, mesmo que o preço tenha quintuplicado, ou se a atual instabilidade introduzida por Trump influi nesse fluxo. Será interessante ver o que acontece neste ano.

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