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O dilema de Zelensky: é possível fazer eleição num país em guerra?

O governo americano exige que a escolha presidencial de 2024 seja feita na data, uma forma de se proteger da própria oposição linha dura

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 13 Maio 2024, 20h53 - Publicado em 28 set 2023, 07h48

“Vamos continuar a lutar para manter o fluxo de armas chegando a vocês para que ganhem uma guerra que não podemos nos dar ao luxo de perder”, prometeu o senador republicano Lindsay Graham, tão importante quanto um cônsul romano no que se refere à ajuda para a Ucrânia.

“Mas vocês precisam fazer duas coisas ao mesmo tempo. Há eleições marcadas para o ano que vem na Ucrânia e quero que este país tenha eleições livres e limpas, mesmo estando sob ataque”.

Eleições livres são o que os Estados Unidos sempre pedem, mas o apelo do senador Graham é especialmente importante: ele é da ala republicana que sustenta a ajuda bipartidária à Ucrânia, coisa na casa dos 70 bilhões de dólares até agora.

A ala mais trumpista ou populista do partido faz reclamações praticamente iguais às que emanam de Brasília e outros focos antiamericanos: a guerra está durando muito, os ucranianos não são confiáveis, já tomaram várias decisões contestáveis como acabar com os órgãos de oposição. E se continuarem a lutar, vão acabar empurrando a Rússia para um conflito catastrófico que arraste os Estados Unidos rumo a uma guerra do fim do mundo.

Quem paga a conta tem o direito de impor condições e bater o pé para que a data de 31 de março de 2024 seja respeitada. Mas também precisa ajuda a responder questões essenciais: como fazer eleição num país que tem 20% de seu território sob ocupação estrangeira e 6,2 milhões de seus cidadãos refugiados?

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Zelensky sabe disso muito bem — e deu a resposta de sempre ao senador: pediu dinheiro.

Como existe uma lei proibindo eleições na Ucrânia em tempo de guerra, ele disse que os parlamentares teriam, primeiro de tudo, que mudar a legislação. E depois ele espera que o aliado rico dê cinco bilhões de dólares para que o processo se realize. “Não vou tirar esse dinheiro do orçamento nem desviar dinheiro para armas”, informou.

“Lindsay e eu nos entendemos rapidamente”, informou, chamando o senador de forma íntima.

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Zelensky não quer nem dizer se vai se candidatar à reeleição — caso haja realmente a consulta às urnas. Mas é difícil imaginar que não faria isso. E muito provavelmente ganharia: continua a ter altos níveis de aprovação, embora a contraofensiva lançada em junho tenha poucos resultados a mostrar.

No meio dessa operação militar que vai definir tudo, Zelensky mudou todo o Ministério da Defesa, o órgão civil através do qual ele tem alguma influência nos rumos da guerra, controlados pela cúpula militar.

Uma vitória nas urnas e algum resultado significativo no campo de batalha dariam a Zelensky as condições de negociar uma solução aceitável para a maioria dos ucranianos?

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Seria inevitável fazer concessões — tradução: aceitar perdas territoriais — e, com todo o entusiasmo patriótico despertado por uma invasão criminosa, os ucranianos sabem disso. A entrada na União Europeia e um generoso plano de reconstrução ajudariam a diminuir o amargor da pílula? Uma Rússia não castigada poderia ser um parceiro confiável na paz?

As respostas são provavelmente negativas.

Existe também uma possibilidade mais sombria: Zelesnky e companhia poderiam ser varridos do mapa no caso de uma reação ultranacionalista a concessões consideradas inaceitáveis.

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O momento da euforia, quando os ucranianos não só resistiram à invasão como recuperaram território, já passou, os russos não se desintegraram e sucessos pontuais, como o ataque ao alto comando da Marinha na Crimeia, não mudam o quadro geral.

No meio disso tudo, fazer uma eleição aceitável soa quase impossível. Mas não existe outra alternativa. A própria resistência ucraniana não tem um prazo de validade muito longo. Imaginem um mundo onde Donald Trump volta a ser presidente dos Estados Unidos, Marine Le Pen seja eleita na França e os conservadores percam o poder no Reino Unido. Não seria muito auspicioso para a luta ucraniana. Zelensky e todo mundo mais sabem disso.

Ah, sim, em março próximo também haverá eleição presidencial na Rússia, mas por algum motivo ninguém está especulando a respeito.

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