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O ano de Musk: o mais influente do mundo e 500 bilhões de dólares

Provavelmente nenhuma outra pessoa da história reuniu o que ele tem de fortuna e influência – a ponto de ser chamado de 'presidente' pelos intrigantes

Por Vilma Gryzinski 20 dez 2024, 07h58

Alexandre, o Grande, o conquistador do mundo, foi provavelmente o homem mais poderoso da história. Conquistou também tesouros inimagináveis dos reinos que tombavam diante de seu exército. Talvez seja o único a poder disputar o primeiro lugar de todos os tempos com Elon Musk.

Com uma fortuna de estonteantes 500 bilhões de dólares, ele deu um salto em 2024, transformando o X, como pretende obrigar todo mundo a chamar o Twitter, num instrumento que lhe valeu o primeiro lugar na lista dos comunicadores mais influentes do mundo feita pelo Mediaite. Muitos acham que também foi ele quem elegeu Donald Trump, com grandes quantias de dinheiro direcionadas para áreas estratégicas, como os registros eleitorais e o voto antecipado.

As mudanças que fez no X, liberando perfis cancelados e turbinando seus próprios tuítes com uma “mexidinha” no algoritmo, resultaram “num ecossistema de mídia no qual as opiniões a favor de Trump passaram a fazer uma parte muito maior da consciência nacional do que faziam antes”, segundo o Mediaite.

Musk também virou uma sombra de Trump, a ponto de começar a ser chamado, por múltiplos inimigos, de “presidente”. Até no jantar de Trump com Jeff Bezos ele se intrometeu, aparecendo de surpresa.

Muito se deve a tentativas de intrigá-lo com o presidente eleito. Mas mesmo quem não se horroriza com a aliança prevê um choque futuro: dois egos tão monumentais não podem conviver sob o mesmo teto, em Mar-a-Lago ou na Casa Branca, por muito tempo.

MOSCA AZUL

Um dos lugares comuns sobre fenômenos que se tornam incontroláveis é o do gênio que sai da garrafa. Parece ter sido feito sob medida para Elon Musk. Agora que ele está provando o sabor do poder político, somado ao do dinheiro e dos projetos grandiosos, como financiar seu próprio programa espacial, parece picado pela mosca azul.

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Transforma-se assim no grande palpiteiro da república, tendo inclusive boicotado o acordo entre republicanos e democratas para manter a máquina do governo funcionando normalmente. Mandou mais de cem tuítes para melar o jogo. Quem resiste a mais de cem tuítes de Elon Musk, com sua proximidade com Trump e o papel que assumirá a partir de 20 de janeiro no Departamento de Eficiência Governamental?

O nome dá a impressão de ser um ministério, quando sua função será de assessorar o presidente, não integrar o gabinete.

Mas alguém imagina que Elon Musk vá fazer “apenas” uma assessoria? Com um papel transcendental como o de cortar desperdícios e tornar os gastos eficientes?

Se der certo, será uma verdadeira revolução cultural. Se der errado, ele volta para seus 500 bilhões, equiparável ao PIB de países como Áustria, Singapura, Israel e Noruega.

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INFLUENCIADOR POLÍTICO

É uma concentração de poder capaz de virar muitas cabeças. Por exemplo, ele parece ter gostado da ideia de eleger governantes e está cogitando fazer uma contribuição de 100 milhões de dólares para o inglês Nigel Farage, o líder do Reforma, um pequeno partido nacionalista que está em ascensão. Farage frequenta o círculo próximo de Trump e tem ideias parecidas sobre controles de imigração.

Irá Musk virar um “kingmaker”, um fazedor de reis, abraçando líderes de partidos de direita que considera injustiçados pelos obstáculos nas redes? Vai manter a linha de influenciador político ou se cansará rapidamente num mundo com regras diferentes das que conhece como empreendedor arrojado?

“Elon Musk é o empreendedor mais bem aquinhoado de nossa era, tendo revolucionado várias indústrias. Mas o setor privado opera com base em princípios radicalmente diferentes do setor público, que tem a capacidade de obstruir ou desarmar mesmo os esforços mais obstinados”, escreveu Christopher Rufo, autor de um livro chamado, justamente, A Revolução Cultural Americana.

PROGRAMAS POPULARES

Rufo prevê três grandes problemas para Musk. Primeiro, o da autoridade. Ele e Vivek Ramaswamy, seu companheiro de missão, só têm poder de recomendar cortes de gastos, politicamente arriscados e até inviáveis, como a extinção do Departamento de Educação e a devolução de suas tarefas para os estados.

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Não vale citar o exemplo da Argentina, cujas agitações ultralibertárias ainda estão em processo e podem, evidentemente, dar muito errado.

E desde quando os Estados Unidos seguem um modelo argentino?

O segundo problema apontado por Rufo é a opinião pública. Libertários defensores do estado mínimo, como Musk e Vivek, precisam levar em conta que programas sociais e outras despesas voltadas para o público “são geralmente populares”.

O precedente argentino só foi possível diante da crise enorme criada pela inflação e a má gestão terminal. Os Estados Unidos, com um PIB de 27 trilhões de dólares, e crescimento do PIB de 3,1% nesse último trimestre, estão numa boa situação econômica. Donald Trump é focado no corte de regulamentações, não de programas cuja abolição poderia torná-lo impopular.

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ALTO RISCO

Terceiro problema: “Mandar um foguete para o espaço exige domínio sobre a física, mas eliminar departamentos do governo exige domínio sobre um inimigo mais formidável: a burocracia”.

“Para serem bem sucedidos, Musk e Ramaswamy têm que convencer um grupo de políticos, cada um deles com seus próprios interesses, a assumir um alto nível de risco”.

Até Alexandre, o Grande, deve ter enfrentado problemas da mesma natureza. Como governar o mundo inteiro, tal como concebido na época, sem bater de frente com a burocracia?

Depois de um ano que transformou uma vida já sem paralelos e se transformou num poderoso agente político, chegando ao ponto de que o senador libertário Rand Paul sugerisse que fosse o presidente da Câmara (sem votos), 2025 pode ser o ano em que Musk caia na realidade.

Até para ele isso deve existir.

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