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Não faça o que a Colômbia fizer

Mau exemplo: presidente viciado em tuítes na madrugada

Por Vilma Gryzinski 1 fev 2025, 08h00

Dá pena ver cidadãos sendo deportados com correntes nos pés e na cintura, mesmo que tenham ido atrás de melhores oportunidades por caminhos irregulares. Não há vergonha nisso e é certo negociar para que as deportações prometidas por Donald Trump não humilhem seus alvos. A palavra aí é negociar, não seguir a bravata estapafúrdia de Gustavo Petro, que mandou um tuíte destemperado às 3 horas da madrugada, provocando Trump com a recusa em receber aviões com deportados colombianos. A reação de fúria homérica do presidente americano mostrou como é importante ter cabeça fria, não partir para a patriotada. Quem sai perdendo num confronto entre Colômbia e Estados Unidos? O que o tuíte irresponsável de Petro poderia ter feito com a vida de muitos milhares de colombianos que visitam, estudam ou fazem negócios com os EUA? Provocar uma crise desnecessária é típico de governantes impopulares ou descompensados. Petro é as duas coisas. É o ex-guerrilheiro que já disse que o petróleo é mais perigoso do que a cocaína.

O esquerdista latino-americano dado a gestos populistas é um fenômeno tristemente comum, mas para ser populista é preciso ter popularidade, à la Hugo Chávez, e a rejeição a Petro bate nos 60%. Os colombianos fizeram uma aposta arriscada quando o elegeram e logo em seguida se arrependeram, como no caso das compras por impulso. Rapidamente, ele estabeleceu o princípio Petro: tudo o que faz dá errado, quanto mais tuíta, mais errado dá, e não tem a menor possibilidade de que, nem por acaso, venha a dar certo. Talvez muitos colombianos tenham imaginado que, como ex-militante da luta armada, teria o conhecimento da lógica interna dos grupos que continuam na “guerrilha”. A “paz total” que ele prometeu redundou nas últimas semanas em furiosos combates entre o Exército de Libertação Nacional e remanescentes das Farc. Motivo: a disputa pelo controle de plantações de coca. É nisso que acabou a esquerda armada colombiana.

“Provocar uma crise desnecessária é típico de governantes impopulares ou descompensados”

“Quase ganhei”, dizia um dos memes sobre Petro, numa onda de piadas que superou até as contadas quando o presidente tirou o boné que usou continuamente durante semanas para mostrar tufinhos de cabelo implantado. Mas nem um implante de ideias daria jeito num presidente histriônico, sempre com a palavra errada no momento errado, um sujeito que rompeu relações com Israel e defendeu Bashar al-Assad quando o tirano já estava foragido. Em seu discurso de aceitação do Prêmio Nobel, Gabriel García Márquez fez um resumo das insanidades dos caudilhos latino-americanos. “O general Antonio López de Santa Anna, três vezes ditador do México, providenciou um magnífico funeral para a perna direita que perdera na chamada Guerra dos Pastéis”, enumerou. No velório do general equatoriano Gabriel García Moreno, “o corpo ficou sentado na cadeira presidencial, vestido com o uniforme completo e decorado com uma camada protetora de medalhas”. Maximiliano Hernández Martínez, “o déspota teosófico de El Salvador, inventou um pêndulo para detectar veneno em sua comida”. Na delirante resposta às sanções de Trump, antes de retroceder, Petro exaltou a terra “dos coronéis Aurelianos Buendía, dos quais sou um deles, talvez o último”. É mais provável que termine amarrado numa árvore, como José Arcadio, o outro irmão Buendía.

Publicado em VEJA de 31 de janeiro de 2025, edição nº 2929

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