Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Semana do Professor: Assine VEJA por 9,90/mês
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Medvedev fala e o mundo não sabe se ri ou se apavora com terror nuclear

Ameaças de destruição apocalíptica viraram lugar comum no vocabulário do ex-presidente russo e o melhor para Trump seria ignorá-las

Por Vilma Gryzinski 4 ago 2025, 08h04

As piadas sobre Dmitri Medvedev – e como os russos gostam de piadas – são sempre em torno do mesmo tema: a irrelevância do ex-presidente, que chegou a representar uma esperança de renovação, mas hoje virou uma espécie de menino de recados mais extremos.

Diz uma delas: “Putin e Medvedev vão a um restaurante. ‘O que os senhores vão comer?’, pergunta o garçom. ‘Vou querer o filé’, responde Putin. ‘Excelente pedido. E o legume de acompanhamento?’, segue o garçom. E Putin: ‘Ele também vai querer filé’.”

Medvedev hoje é isso: uma porção de repolho ou beterraba que tem exatamente zero poder, usado para postar os maiores absurdos em termos de ameaças aos Estados Unidos e outros países ocidentais, como uma peça menor da propaganda russa.

No cerne dessa propaganda, pulsa o projeto de convencer a opinião pública de países ocidentais que não vale a pena arriscar uma guerra do fim do mundo só por causa da Ucrânia. A ameaça tem que ser factível e, nisso, Medvedev faz um papel farsesco: ele não manda nada e ocupa o cargo de vice-secretário do Conselho de Segurança, uma posição subalterna para quem já foi presidente e primeiro-ministro.

Mas o fato é que uma parte da direita trumpista se deixou convencer pelo argumento do terror nuclear e, em algum momento, Donald Trump também pareceu se inclinar por essa interpretação.

‘CHOQUE E ESPANTO’

Mudou de opinião e agora enfrenta a tendência oposta: propagar que, na falta de um acordo de cessar-fogo com a Ucrânia, ele vai usar um arsenal pesado de sanções secundárias contra países que comerciam com a Rússia – as primárias já foram todas esgotadas.

Continua após a publicidade

Isso abre a perspectiva teórica de que o Brasil, que compra primordialmente diesel e fertilizantes da Rússia, seja punido com tarifas maiores ainda, na casa dos 100%. É apenas uma hipótese e Trump demonstrou que quer comprar apenas determinadas brigas ao isentar 70% das exportações brasileiras da alíquota de 50%. Mas nada pode ser descartado no momento atual.

“Se e quando as sanções secundárias forem desfechadas, vai ser choque e espanto. As coisas vão mudar dramaticamente”, disse o republicano Jim Risch, presidente da comissão de relações exteriores do Senado.

Dá, assim, para prognosticar um acirramento das relações com a Rússia – comandado, ironicamente, pelo presidente que a oposição democrata acusava de ser leniente ou até subserviente a Putin.

DESTRUIÇÃO GARANTIDA

Trump deu uma amostra dos novos tempos ao responder às provocações de Medvedev mandando “dois submarinos nucleares se colocarem nas regiões apropriadas, só para o caso que estas afirmações tolas e incendiárias sejam mais do que isso”.

Continua após a publicidade

Medvedev merece ser mais ignorado do que qualquer outra coisa, mesmo que seu papel de poodle que rosna seja combinado com o chefe. Mesmo quando diz barbaridades, como ao afirmar que “havia países” dispostos a fornecer ogivas nucleares ao Irã, em resposta ao bombardeio cirúrgico americano de instalações voltadas para produzir a bomba atômica.

Ou, como fez na semana passada, ao invocar “a legendária Mão Morta” – o sistema que continuaria ativando mísseis nucleares mesmo se todos os comandos russos tivessem sido mortos em ataques nucleares ou não tivessem mais a capacidade de ordenar o lançamento de foguetes.

Desde os tempos da Guerra Fria, Estados Unidos e a finada União Soviética recorrem ao sistema chamado de destruição mutuamente garantida. Ou seja, o acionamento dos mísseis nucleares que exterminaria o inimigo mesmo que você, junto com o resto do mundo, não existisse mais. Outros vetores que sobreviveriam ao fim do mundo seriam os submarinos escondidos nos recantos mais secretos dos oceanos e dotados de sistemas que os tornam indetectáveis.

BATMAN E ROBIN

A maioria das pessoas não quer nem ouvir falar nessas hipóteses e prefere achar que mesmo os líderes mais extremados não arriscariam a destruição garantida de seus próprios países caso considerem a insanidade de desencadear uma guerra nuclear.

Continua após a publicidade

Falar com naturalidade sobre isso tornou-se um padrão constante na Rússia pós-invasão da Ucrânia, tanto por parte de políticos quanto de personalidades da televisão. Medvedev ganha destaque por causa das posições que já ocupou – e pela falta deliberada de filtros.

Numa comunicação interna vazada de autoridades americanas, ele e Putin eram chamados de Batman e Robin, mas a brincadeira perdeu a graça com as barbaridades cada vez mais sem noção do Robin do mal. Ele já disse que “os cavaleiros do Apocalipse estão a caminho” e especulou, sobre um futuro acordo de compra de gás pela Ucrânia: “Quem pode dizer que a Ucrânia ainda vai existir daqui a dois anos?”.

“É um homenzinho com grandes inseguranças que, para se reafirmar, expele veneno contra a Ucrânia e ameaça o mundo”, já disse Mikhail Podoliak, próximo a Volodimir Zelenski – numa referência não à altura física de Medvedev, de 1,62 metro, mas a sua estatura moral.

Desse ponto de vista, Medvedev deve ter se sentido por cima quando Trump deslocou submarinos nucleares por causa de suas postagens. O poodle foi tratado com respeito, quando não merece mais do que desprezo.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 41% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 8,25)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 32,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.