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Livre debate: os argumentos a favor da solução Trump para a Ucrânia

Sem opção, Zelensky assina hoje acordo sobre exploração de minerais estratégicos. No final, poderia ser bom para a Ucrânia

Por Vilma Gryzinski 28 fev 2025, 08h22

Muito já foi falado, com razão, sobre o erro de Donald Trump ao abandonar a Ucrânia e se aproximar da Rússia de Vladimir Putin e como é injusto terminar uma guerra com a vitória do agressor. Mas também existem argumentos no sentido contrário.

Para que todos os lados do debate sejam discutidos, numa questão tão importante, vale a pena enumerá-los.

Muitos deles foram apresentados pela analista K.T. McFarland, que integrou a equipe de segurança nacional do primeiro governo Trump. A seguir, alguns dos mais relevantes:

. Acabar com uma guerra é um objetivo desejável em si. Os números de vítimas variam muito. Volodymyr Zelensky falou em 43 mil mortos ucranianos em três anos – obviamente, pode ser muito mais. Sites que rastreiam obituários já registraram 73 mil vítimas. Como força atacante, a Rússia tem mais vítimas, calculadas mais recentemente em 95 mil. Outras fontes falam em até 211 mil.

. A Ucrânia não tem condições de ganhar a guerra e o prejuízo da perda de 20% de seu território, se a situação atual for congelada, pode vir a ser maior no futuro. O país teria que aceitar uma perda territorial maior ainda, em condições mais desvantajosas.

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. O acordo de cessão de direitos aos Estados Unidos à exploração de minerais estratégicos trará para a Ucrânia investimentos fundamentais para a reconstrução do país.

. A presença de civis americanos trabalhando na extração das terras raras e outros minérios que movem a indústria de alta tecnologia funciona como um fator dissuasivo. A Rússia teria que optar por atacar funcionários e estruturas de interesse americano. “Acho que ninguém vai aprontar se estivermos lá”, disse Trump ontem.

. Um acordo de normalização de relações com a Rússia afasta-a da órbita da China, interrompendo o que seria um processo natural de “colonização” do maior país do mundo e seus fabulosos recursos naturais. Bom para a Rússia e bom para os Estados Unidos, insiste a ex-assessora: “A maior ameaça estratégica e existencial para os Estados Unidos não vem da Ucrânia, do Oriente Médio ou mesmo da Rússia”, argumentou McFarland. “Vem de uma aliança sino-russa dirigida contra os Estados Unidos. Nossa recusa em falar com a Rússia nos últimos três anos é um dos motivos pelos quais Putin se aproximou do presidente Xi Jinping. No começo da d´cadade 1970, meu chefe, Henry Kissinger, enfiou uma cunha na aliança sino-soviética ao abrir relações com a China. Potencialmente, Trump pode fazer o mesmo hoje, aproximando-se da Rússia”.

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. Melhor ainda para os Estados Unidos: os minerais críticos ucranianos contrabalançam uma das maiores vantagens estratégicas da China, detentora da maior quantidade desses recursos.

. Do ponto de vista americano, os Estados Unidos param de bancar uma ajuda militar para uma “guerra sem fim”, os europeus, como principais interessados em se proteger da Rússia, assumem mais gastos e operações com a defesa, e, no fim das contas, a Ucrânia “ganha a paz” Perde territórios que nem o mais otimista dos especialistas imaginaria que fossem reconquistáveis, mas tem um caminho aberto para um futuro melhor, com maior proximidade com a Europa e os Estados Unidos.

É perfeitamente possível contestar cada um desses argumentos, principalmente do ponto de vista do direito dos povos à soberania e mesmo da moral: os agressores sairão justificados com um acordo. Sem contar as suspeitas praticamente unânimes de que Putin tem propósitos expansionistas mais além da Ucrânia.

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A revista Economist classificou a guinada de Trump como o “estilo Dom Corleone de política externa”, referência ao mandachuva mafioso de O Poderoso Chefão. “Aproxima-se um mundo no qual quem tem poder faz o que quer e em que as grandes potências fecham acordos e iintimidam as pequenas”. Talvez haja um certo exagero. Em qual mundo os poderosos não mandavam?

O estilo de Trump certamente é muito mais agressivo. A maneira como tratará Zelensky no encontro de hoje dará pistas sobre a forma como ele conduzirá um processo de paz, naturalmente de extrema complexidade, depois de chamar o presidente ucraniano de “ditador” e de culpá-lo pela própria guerra.

“Não acredito que eu disse isso”, zoou ele ontem. Dom Corleone, um facínora com grande senso de dignidade, não diria isso.

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