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Joe Biden: bom ou mau presidente? Há argumentos dos dois lados

Foi tirado praticamente a tapas da disputa por um novo mandato na Casa Branca porque não queria largar o poder, e seu julgamento está em aberto

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 21 jul 2024, 15h30 - Publicado em 21 jul 2024, 15h27

O que são a ficção e as teorias conspiratórias diante do que está acontecendo na realidade – ou num mundo Matrix – nos Estados Unidos? Nem o caso de Richard Nixon, também extirpado da presidência pelos correligionários, se compara à renúncia de Joe Biden de continuar candidato à reeleição pelo Partido Democrata, pressionado por todos os seus aliados de cinquenta anos de vida política por causa da deterioração mental evidente a todos os americanos e ao resto do mundo.

Por ter renunciado à campanha pela reeleição, está sendo consagrado como praticamente um santo de altar. Na realidade, Biden não foi nenhum santo. E vamos começar aqui, contrariando a corrente, por detalhes constrangedores da vida pessoal, como nadar nu na piscina da mansão reservada aos vice-presidentes, diante de guarda-costas mulheres.

Também tomava banho com a filha Ashley quando era pequena, segundo um diário dela que chegou irregularmente ao público, acabando escanteado pela grande mídia. E tinha o conhecido hábito de abraçar mulheres e meninas, mergulhando o nariz para cheirar seus cabelos – teve que ser intensamente retreinado para perder a mania execrável, ainda mais nos Estados Unidos.

A idade avançada e a renúncia, apresentada como um grande ato de magnanimidade, mas à qual ele resistiu o quanto pode, não anulam esses costumes repudiáveis, mas passemos à parte política: qual lugar ocupará em comparação com os outros 45 homens que o antecederam na Casa Branca.

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Ele imaginava estar à altura de um Franklin Delano Roosevelt, o venerado presidente do New Deal e da vitória na 2ª Guerra Mundial, e bem acima de Lyndon Johnson, com seus grandes programas sociais e leis para a plena integração racial dos negros no Sul dos Estados Unidos.

Conta salgada

Nem chegou perto: desistiu da reeleição tendo 37% de aprovação, um índice lamentável. E, aos 81 anos, não terá tempo de se recuperar, como Jimmy Carter e o próprio Richard Nixon, outros presidentes fracassados que melhoraram a imagem depois de sair da Casa Branca – com Carter, ainda surpreendentemente vivo, embora em cuidados terminais, aos 99 anos.

Os simpatizantes de Biden dizem que ele controlou a inflação, reduziu o desemprego a 4,1%, colocou quantidades inacreditáveis de dinheiro em projetos de infraestrutura e economia verde e promoveu a reindustrialização dos Estados Unidos.

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Os antipatizastes argumentam que os preços dos alimentos subiram 20% em seu governo – sem esclarecer que todos os países que precisaram desembolsar verbas gigantescas para enfrentar a paralisação das atividades durante a pandemia enfrentaram o problema similar. Os gastos com economia verde, do ponto de vista dos adversários, são um desperdício absurdo que alimenta uma dívida de 34 trilhões de dólares, maior até do que uma fenomenal economia com PIB de 25 trilhões.

A conta do supermercado e a quantidade inacreditável de imigrantes ilegais que passaram pela fronteira com o México – Cinco milhões? Dez? Os números são insondáveis – inflaram a impopularidade de Biden sem que ele, com mais de cinquenta anos de vida na política, efetivamente enfrentasse o problema (a inflação caiu, mas não significa que acabou, apenas que os preços estão subindo menos; a conta continua salgada).

Família enriqueceu

Como deputado e senador, Biden criou a imagem de político populista, homem humilde ligado às origens na classe operária, o “Joe de Scranton”, a cidadezinha da Pensilvânia que entrou para sua mitologia particular. Nos dias derradeiros, teve uma recaída e começou a falar contra as “elites” – imaginem só, um homem que foi senador, vice-presidente e presidente, talvez com poucos méritos para isso, reclamando das classes dirigentes.

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Na política, enriqueceu a família, e os rolos do filho Hunter Biden, que acompanhava o pai em viagens internacionais como vice-presidente e voltava com contratos polpudos, ainda estão sendo deslindados.

Biden se considera um especialista em política externa, uma área na qual realmente tem serviço a mostrar. Logo depois do ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro do ano passado, foi imediatamente ao país para prestar solidariedade – um gesto importante e nada descomplicado, considerando-se os desdobramentos políticos e de segurança, fora a relação ruim com Benjamin Netanyahu, a qual só foi piorando.

Na visita, ele lembrou uma frase que ouviu de Golda Meir quando era um jovem senador: “A nossa arma secreta é que não temos para onde ir”.

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Sem arma secreta

Biden, infelizmente, não sacou de nenhuma arma secreta: foi para a deterioração mental irreversível. Ataques de raiva salpicados por palavrões, que já eram conhecidos nos meios políticos, explodiram quando todo mundo começou a vazar tudo o que ele dizia, para forçar a saída que se tornou inevitável a partir do catastrófico debate com Donald Trump, em 27 de junho.

Numa caótica reunião por Zoom com deputados democratas, ele se comportou exatamente como não devia – como o idoso enfurecido pela demência cuspindo impropérios. “Diga um único líder estrangeiro que não ache que eu sou o líder mais efetivo em política externa. Diga! Diga quem diabos é ele! Diga quem remontou a Otan”, exigiu, aos gritos, do deputado Jason Crow, um ex-militar que serviu três vezes no Iraque e no Afeganistão, ganhando a estrela de bronze por bravura.

Biden efetivamente foi vital para liderar a reação da Otan à invasão russa da Ucrânia – embora seu lugar na história ainda esteja em dúvida caso Donald Trump seja eleito e force uma paz que deixe os ucranianos sem os territórios legitimamente seus, anexados por Moscou.

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Parece que se passou uma eternidade desde o debate em que Biden desmoronou aos olhos do mundo. O atentado contra Trump foi há apenas oito dias.

Punhaladas dos aliados

A realidade que não imita a ficção, mas sim a supera em inúmeros aspectos, continua nos espantando.

Como nos bons dramas, há espaço até para a pena, de quem tem um mínimo de empatia, pelo homem em declínio cognitivo e, nos momentos finais, com Covid, trancado em casa e se recusando a ver os programas dos canais de notícias que, antes da derrocada, tanto o elogiavam. O que é elogio num dia vira crítica demolidora no outro, como ele, com tanta experiência política, já deveria saber.

Dois dias depois do atentado, Trump, com curativo na orelha, estava na convenção republicana. Discursou longamente no encerramento e voltou aos comícios em seguida.

Biden se recolheu a sua casa em Delaware por causa da Covid – e das punhaladas que levou de todos os seus principais aliados. Que não podia continuar candidato depois do desastre do debate era evidente, mesmo para os que, trinta segundos antes, o exaltavam como um líder tinindo nos cascos. Mas que doeu, doeu.

Ridiculamente, seus áulicos reuniram historiadores simpatizantes logo depois que Biden foi eleito, já pensando em escrever a hagiologia.

Mas a história tinha outras ideias. Como ele será julgado por ela ainda está em aberto, mas já dá para ter uma ideia de que não foi, nem remotamente, nenhum grande presidente. E ainda por cima obrigava mulheres do Serviço Secreto a vê-lo nu.

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