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Jill Biden: a futura primeira-dama dos EUA quer ser chamada de doutora

E isso vira uma questão política por causa de artigo no 'Wall Street' comentando que o pedantismo soa “fraudulento, para não dizer cômico”

Por Vilma Gryzinski 16 dez 2020, 08h36

Melania Trump foi tratada como carreirista, aproveitadora, tola, deslumbrada, sem noção e, numa reportagem que lhe valeu uma indenização judicial, garota de programa.

Com a grande imprensa maciçamente comprometida com a eleição de Joe Biden, sua mulher, Jill, também ganhou blindagem cerrada.

A única exceção foi um artigo no Wall Street Journal, assinado pelo desconhecido professor Joseph Epstein, que fez carreira na Norhwestern University, apelando à futura primeira-dama para que não insista em usar o tratamento de “doutora”.

Epstein realmente usou um tom condescendente, pensando em fazer um artigo engraçado no qual critica a banalização dos títulos de doutorado.

Na opinião do professor, só médicos deveriam ser tratados como “doutores” (imaginem se vivesse no Brasil, onde basta ser “importante” para ganhar o tratamento)

O mundo caiu na cabeça dele, inclusive a própria universidade, onde “deu aulas durante trinta anos sem ter doutorado”.

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“Não vou fazer comentários, fora dizer que achei ter feito um artigo ligeiramente bem humorado, mas receio que não tenha sobrado muito humor no mundo, principalmente entre os politicamente corretos”, suspirou Epstein.

O Wall Street pelo menos não condenou o responsável pela publicação, o editor de opinião Paul Gigot, que ironizou: o artigo “desencadeou uma enxurrada de críticas na mídia e no Twitter, incluindo pedidos de que eu me retrate, peça desculpas pessoalmente à senhora Biden, exile o senhor Epstein por todos os tempos, peça demissão e reflita sobre meus pecados”.

Jill Biden ganhou o doutorado em ciências da educação quando já tinha 55 anos e só pode ser elogiada pela conquista. Mas é realmente um tanto pernóstico que exija o tratamento de doutora.

No Brasil, Ruth Cardoso também queria ser tratada assim na época em que o marido, Fernando Henrique, foi presidente. Fora os sicofantas de praxe, ninguém cumpriu a exigência.

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Com razão, a antropóloga abominava o título de “primeira-dama”, um anacronismo difícil de se dispersar mesmo numa época em que esposas de presidentes têm suas próprias carreiras, mas precisam virar esposas padrão, dedicadas unicamente a montar recepções e ficar bem na foto. 

Até Melania Trump, a “esposa troféu”, como dizem os americanos para designar as beldades que se casam com milionários mais velhos, reclamou de ter que fazer a decoração de Natal na Casa Branca. 

“Quem é que liga para essa •••••?”, desabafou para uma falsa amiga que, perfidamente, gravava tudo.

Jill Biden, uma mulher de 69 anos bem conservados, quer continuar a dar aulas de inglês num “community college”, instituição de ensino superior do tipo que só existe nos Estados Unidos, geralmente voltada para cursos vocacionais. Foi esse o tema de sua tese de doutorado.

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Quando o marido foi vice-presidente, ela continuou na sua atividade, com agentes do serviço secreto disfarçados de alunos para garantir a segurança.

Se ela conseguir seu intento, será um ótimo exemplo.

Jill Jacobs, seu nome de solteira, lembra Nancy Reagan, pelo olhar de adoração dirigido ao marido, mas é uma mulher da época pós-emancipação feminina. Conciliou exemplarmente carreira e vida familiar.

Quando se casou com Joe Biden, ganhou uma família complicada: marido e dois filhos pequenos, traumatizados pelo acidente de carro que matou a mãe e a irmãzinha de apenas um ano.

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O presidente eleito gosta de contar que ela só aceitou seu pedido na quinta vez.

Os dois se conheceram num, muito americanamente, num encontro às cegas. Joe, um jovem viúvo,  viu uma publicidade em que a bela loira aparecia e comentou seu interesse com o irmão. Acabou com seu número de telefone. Arriscou.

Jill disse que ficou impressionada com o senador bonitão. “Estava acostumada com cabeludos que usavam jeans e tamancos. Ele apareceu de paletó esporte e mocassins”.

Um desses cabeludos, Bill Stevenson, tinha sido seu primeiro marido. Casou-se com ele com apenas 18 anos, numa relação que dificilmente daria certo.

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Hoje, Stevenson alega que Jill e Joe conheceram-se muito antes da data oficial e estavam tendo um caso extraconjugal quando a primeira mulher do senador morreu no acidente.

Confidências de ex-maridos (ou ex-mulheres) nem sempre devem ser levadas ao pé da letra, embora Stevenson diga que votou em Barack Obama – e, por extensão, em Joe Biden. Depois mudou para Donald Trump.

Jill trata como seus os filhos do marido, que a chamam de “mom” (usam “mommy” para a mãe que morreu). Com Biden, teve Ashley, hoje com 39 anos.

Sofreu com a morte precoce do mais velho, Beau Biden. E certamente conhece o potencial de encrenca de Hunter, o filho-problema, que teve uma menina só reconhecida por exame de DNA com uma dançarina de striptease e está sendo investigado por negócios suspeitos na Ucrânia e na China.

Com uma família assim e um marido que assume a presidência aos 78 anos, Jill Biden tem que tomar cuidado para não parecer o poder por trás do trono como aconteceu quando Woodrow Wilson teve um derrame e sua mulher, Edith, assumiu o controle total de quem podia vê-lo ou não.

O título de doutora, mesmo que pedante, não vai atrapalhar.

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