Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Esquenta Black Friday: Assine VEJA por 7,99/mês
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Israelenses não querem nem ouvir falar na solução dos dois estados

E palestinos aumentam o apoio ao Hamas, que não quer estado nenhum, mas um califado, enquanto Estados Unidos insistem na fórmula

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 9 Maio 2024, 18h26 - Publicado em 18 dez 2023, 07h27

“Uma solução de dois estados depois do 7 de outubro seria um prêmio para o Hamas”. Assim resumiu uma fonte do governo para o site Times of Israel a posição que não é apenas do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, mas de todas as principais forças política, inclusive de esquerda. “Netanyahu é quem diz isso em voz alta e direta, mas não existe nenhum apetite em todo o espectro político pela ideia dos dois estados”, acrescentou.

O presidente Isaac Herzog, praticamente desprovido de qualquer poder, mas investido de força moral que o transformou numa espécie de porta-voz da nação pela veemência com que denuncia as atrocidades do Hamas, explicou por que o assunto deveria ser evitado no momento. “Existe um capítulo emocional aqui que precisa ser tratado. Meu país está de luto. Meu país está traumatizado. Para voltar à ideia de dividir a terra, negociar a paz ou conversar com os palestinos, primeiro, e acima de tudo, é preciso tratar o trauma nacional que estamos vivendo e e a necessidade de uma plena sensação de segurança para as pessoas”, disse em entrevista à AP.

Herzog é um trabalhista histórico, de centro-esquerda, uma posição mais ou menos parecida com a do líder da oposição, Yair Lapid. O mais ácido crítico de Netanyahu tem evitado a expressão “dois estados”, uma alternativa que ele apoiava antes do 7 de outubro. Benny Gantz, o único oposicionista que entrou para o governo de emergência nacional, disse que “velhos conceitos” precisam mudar.

Chance zero

Para esclarecer: a solução dos dois estados, que parece tão justa e necessária, significaria um país independente que poderia, como aconteceu com Gaza em 2007, cair nas mãos do Hamas a qualquer momento.

Netanyahu acrescenta que mesmo a Autoridade Palestina, hoje responsável pela autonomia controlada da Cisjordânia, não seria aceitável. “O Hamas quer nos matar de uma vez só, a AP quer fazer isso aos poucos”, afirmou recentemente. Ele também já declarou “ter orgulho” de seu bloqueio à solução dos dois estados: “Todo mundo agora entende no que um estado palestino poderia ter se transformado, agora que vimos o pequeno estado palestino em Gaza”.

Continua após a publicidade

Para dar uma ideia de como o país apoia maciçamente a guerra em Gaza, mesmo com perdas de vidas dos soldados e episódios arrasadores como a morte, por engano de forças israelenses, de três reféns: apenas 10% da população de Israel acha que está havendo um uso excessivo da força.

O governo americano persiste com a versão oposta. Joe Biden chegou a falar que Israel ‘bombardeia indiscriminadamente” alvos em Gaza – o que não é verdade. Todos seus subordinados também insistem em dizer que uma Autoridade Palestina “revigorada” ou “revitalizada” deveria assumir a administração de Gaza depois da guerra, uma alternativa que parece francamente fantasiosa. E, claro, a solução dos dois estados é continuamente mencionada.

Dia seguinte

Insistir numa alternativa que, infelizmente, tem chances zero até onde a visão alcança obedece à necessidade de acalmar os aliados árabes dos Estados Unidos, como Egito, Jordânia, Emirados e Arábia Saudita, e também a opinião pública americana, principalmente democrata. Até entre os próprios funcionários do Departamento de Estado e da Casa Branca crescem os apelos por um cessar-fogo, o qual beneficiaria o Hamas.

Continua após a publicidade

Sobre o “dia seguinte”, continuam a reverberar os resultados de uma pesquisa entre palestinos da Cisjordânia e de Gaza indicando um aumento do apoio ao Hamas, maior no primeiro território e relativamente menor, mas ainda importante, no segundo, que está pagando o preço terrível da guerra desencadeada pelos islamistas radicais.

Segundo a pesquisa, 75% da população da Cisjordânia e 38% dos habitantes de Gaza preferem que o Hamas continue no comando do território depois da guerra. Apenas 16% optaram pela Autoridade Palestina. A figura mais rejeitada de todas é do quase nonagenário Mahmoud Abbas, o presidente da AP: 90% dos palestinos prefeririam que ele renunciasse.

É nessa pesquisa que 85% dos palestinos da Cisjordânia e 52% de Gaza aprovam o comportamento do Hamas. Apenas 7% acreditam que a organização islamista cometeu as atrocidades amplamente documentadas.

Continua após a publicidade

Risco existencial

Pesquisas feitas no ápice de conflitos anteriores demonstram radicalização similar. Ocorre que dessa vez a realidade mudou, segundo a opinião quase unânime dos israelenses. A barbárie dos crimes cometidos em 7 de outubro e a possibilidade de que venham a se repetir se o Hamas não for “esmagado”, segundo a promessa do governo israelense, criaram um risco existencial para Israel.

A solução dos dois estados, que já era altamente improvável, se tornou, realisticamente, impossível. Equivocadamente, muitos acham que é só “trocar” Netanyahu por um governo menos à direita e, por mágica, o fim da intervenção em Gaza e uma solução negociada para a Palestina, em troca do reconhecimento da Arábia Saudita e outras vantagens para Israel, seriam possíveis. As manifestações recentes em todo o espectro político mostram que isso não vai acontecer, mesmo com o Hamas derrotado.

Por sua vez, o movimento fundamentalista não quer solução nenhuma, nem um nem dois estados. Fathi Hammad, da direção da organização, deu uma entrevista à televisão do Hamas dizendo que em breve será estabelecido um califado islâmico, a forma mais radical de governo islamista, com Jerusalém como sua capital. E, obviamente, sem judeus.

Continua após a publicidade

Ele também insuflou os integrantes dos serviços de segurança da Autoridade Palestina a “agir como homens de verdade” e se rebelar contra Mahmoud Abbas.

Os Estados Unidos, como hiperpotência, podem fazer muita coisa, mas esta é uma realidade sobre a qual têm pouco poder de interferência: nenhuma das partes envolvidas quer saber, hoje, da solução que os americanos defendem.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA CONTEÚDO LIBERADO

Digital Completo

A notícia em tempo real na palma da sua mão!
Chega de esperar! Informação quente, direto da fonte, onde você estiver.
De: R$ 16,90/mês Apenas R$ 1,99/mês
ECONOMIZE ATÉ 47% OFF

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 7,50)
De: R$ 55,90/mês
A partir de R$ 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$1,99/mês.