Guerra biomédica: China está colhendo os frutos do que plantou
Um formidável plano de infiltração nas instituições que têm o maior tesouro - conhecimento - derrapa nas disputas em torno do novo coronavírus

Funcionários diplomáticos tocando fogo em documentos no quintal de um consulado são coisa de filme.
Ou da nova e nada amistosa fase da relação entre China e Estados Unidos.
Por que o governo americano mandou fechar o consulado chinês em Houston, uma iniciativa gravíssima, quase uma declaração de guerra diplomática?
O consulado era o “epicentro” do plano da China de mandar elementos do Exército chinês disfarçados de estudantes comuns para os Estados Unidos.
E o que estudavam? Certamente não teoria crítica ou a história do feminismo.
O objetivo é “avançar suas próprias vantagens no bélicas no mundo econômico e outros”, disse o chefe do departamento asiático da diplomacia americana, David Stillwell.
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Mas será que os americanos marcaram bobeira esse tempo todo, sem perceber que capturar o conhecimento tecnológico do inimigo era um objetivo patente, seja através de subterfúgios ou abertamente?
Quase 400 mil chineses estudam nos Estados Unidos. Não haveria um plano nisso?
Não só haveria como tem um nome bem chinês, o Plano dos Mil Talentos, criado em 2008 para atrair pesquisadores da diáspora chinesa ou de outros países.
Como o objetivo estratégico declarado da China é superar os Estados Unidos até 2040, não existe nenhuma dúvida sobre o lugar ocupado pelos estudantes chineses.
Como a China escorregou feio ao ocultar o que já sabia sobre o novo coronavírus, e Donald Trump, obviamente, tem o maior interesse eleitoral em ampliar a culpa do regime comunista, o momento escolhido para fechar o consulado em Houston foi agora.
Enquanto a China toca seus próprios projetos de vacina, em geral comandados por cientistas que estudaram nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha, agentes infiltrados e hackers estão tentando roubar os projetos em desenvolvimento nestes países.
Um exemplo: existe atualmente uma ordem de captura contra Juan Tang, biológa que fazia pesquisas na Universidade da Califórnia, Davis.
A pesquisadora omitiu, no seu pedido de visto, que continuava a ser membro ativa do Exército de Libertação Popular.
Depois de ser interrogada pelo FBI, em 20 de junho foi ao consulado chinês em San Francisco e provavelmente continua lá.
Paralelamente ao fechamento do consulado de Houston, o Departamento de Justiça abriu processo contra dois cidadãos chineses, identificados como espiões a serviço da China, por hackearem centenas de empresas e órgãos do governo durante uma década.
O objetivo mais recente dos hackers espiões: uma dezena de empresas ligadas às pesquisas de vacina contra o coronavírus nos estados de Maryland, Massachusetts e Califórnia.
Num comunicado conjunto que chamou atenção pela ausência de precedentes, o FBI e a divisão de segurança cibernética do Departamento de Segurança Interna disseram que elementos do vasto “exército” de hackers da China “foram observados tentando identificar e obter ilicitamente propriedades intelectuais valiosas e dados de saúde pública ligados a vacinas, tratamentos e testes feitos por redes ou indivíduos relacionados à pesquisa sobre a Covid-19”.
A crise do coronavírus trouxe para a linha de frente o que já era conhecido: a infiltração nas instituições de ensino e pesquisa através do maior soft power que existe, o dinheiro.
Não só o obtido por universidades com a grande quantidade de estudantes chineses pagantes – só um exemplo: são 39,9% dos alunos do Instituto de Tecnologia da Califórnia -, como doações feitas a projetos de pesquisa.
Mesmo antes da eclosão do novo vírus, autoridades americanas estavam investigando nada menos que 180 casos individuais de roubo de pesquisas biomédicas em 71 instituições.
Os casos de pesquisadores chineses que voltam para seu país e abrem projetos de alta tecnologia exatamente iguais àqueles nos quais trabalhavam são patentes.
Na Inglaterra, a infiltração é maior ainda. Uma comissão parlamentar descobriu “evidências alarmantes” dessa infiltração.
Os Institutos Confúcio são um dos instrumentos usados para “moldar o formato de pesquisas ou os currículos de universidades, bem como limitar as atividades de pesquisadores”.
Tudo o que se refere a minorias como a do Tibete ou os uigures, muçulmanos da Ásia Central, desaparece magicamente.
É como se Harry Potter dissesse “Expelliarmus”, o feitiço que desarma os adversários.
Outra palavra mágica, “Pecunia”, produziu associações como a de Cambridge e a Universidade Nacional de Tecnologia de Defesa, no extremamente sensível campo dos supercomputadores.
O instituto chinês entrou na lista negra dos Estados Unidos.
Um site ligado aos militares chegou a usar linguagem nada cifrada para descrever como um integrante do Partido Comunista Chinês foi selecionado como catedrático visitante num país ocidental onde escolheria “flores exóticas” para fazer “mel chinês”.
Alguém duvida que a máscara de silicone, reutilizável e mais eficiente do que a N95, desenvolvida pelo MIT (na foto acima) logo vai começar a ser fabricada na China?