Feitos uns para os outros: Trump e os rappers que o apoiam
A última a entrar no bonde do bilionário foi a preparada Azealia Banks; Daddy é trumpista de longa data

Pessoas que adoram exibir dinheiro, acumulam aventuras sexuais, lançam linhas de roupas com seus nomes e fazem sucesso porque falam o que lhes passa pela cabeça, principalmente quando isso é ofensivo para alguma das inúmeras camadas que hoje disputam lugar na fila da vitimização.
Por exemplo: “Os negros sempre votaram nos democratas e até hoje não conseguiram porcaria nenhuma”. Assim pontificou sobre a candidatura Trump a bem falante e bem colocada cantora Azealia Banks – incrivelmente, este é o nome dela mesmo; isso quando não usa o heterônimo Miss Bank$. Ninguém vai perder um centavo no banco se apostar que a palavra usada não foi exatamente porcaria.
Como muitos outros artistas americanos do gênero, Azealia, que apanhava da mãe e passou fome na infância, além de trabalhar como stripper numa fase de grana zero, tem formação profissional em música, dança e arte dramática.
A facilidade dos tuítes e a violência verbal típica do gênero já colocaram Azealia em vários bate-bocas virais – exatamente como Trump. O mais recente, e infame, foi com Sarah Palin. Levada por uma declaração racista, inventada para ser falsamente atribuída a Palin, a cantora despejou sobre a ainda celebridade da política um espantoso tsunami de injúrias, todas relacionadas a abusos sexuais interraciais.
Sarah Palin peitou a briga: “Se uma garota branca dissesse o que está garota negra está dizendo, os gritos pedindo a cabeça de toda a população branca seriam mais altos do que esse rap”. A cantora admitiu o erro e pediu desculpas, daquele jeito de quem não está pedindo: “Na verdade, eu gosto de você. Enquanto muitos outros americanos acham que você existe para ser ridicularizada, eu acredito que você tem um certo ‘je ne sais quoi” (uma expressão francesa muitas vezes usada para denotar alguém com carisma inexplicável). Se você lesse uns livros, recebesse media training e tivesse paciência, esse carisma poderia ser seu tapete mágico.” Palin prometeu processar.
Bem, agora Azealia está colocando seu próprio “je ne sais quoi”, no sentido liberalmente definido por ela, a serviço da candidatura de Donald Trump. Alguns cantores de rap já pediram a cabeça do bilionário e outras gentilezas características – um até levou um susto ao receber uma visitinha de agentes do Serviço Secreto, que têm a obrigação de investigar ameaças de morte.
Poucos, mas importantes, o apoiam. Daddy, ex-Puffy Daddy, nome artístico do certinho Sean Combs, é um chegado que que já elogiou “meu amigo Trump” como empresário e magnata. Sobre Mac Miller, autor do rap criativamente intitulado Donald Trump é um pouco mais difícil concluir se ele é contra ou a favor. O candidato, de qualquer maneira, já tocou a música. Num post que depois ficou explicando, 50 Cent, ou Curtis James Jackson III, escreveu sob uma foto dele com Trump: “Eu e talvez meu presidente, só na América”.
Azalea Banks foi muito mais explícita – ou mais corajosa. “Eu REALMENTE quero que Donald Trump ganhe essa eleição”, escreveu. Embora o considere um, por assim dizer, cretino, acha que “ele não foi criado e programado” para falar somente o que é politicamente correto e “fazer o que o establishment quer”. Sim, ela está se referindo a Hillary Clinton, que ela não suporta por ser a candidata do sistema e “falar com negros como se fôssemos crianças ou bichos de estimação”.
Corre, contrata a moça, Donald Trump.