Desperdício de dinheiro público: show de absurdos da Usaid continua
E agora também da agência de gestão de emergências, a Fema, que pagava hotel para imigrantes clandestinos em Nova York

Muitos brasileiros ainda se lembram do tempo em que ficavam “no Roosevelt” – o mastodonte de mais de mil quartos em Manhattan, feio de doer, mas muito bem localizado na Rua 45. Ontem foram demitidos quatro funcionários públicos que pagavam diárias no Roosevelt e outros hotéis para imigrantes clandestinos, em mais um caso de desperdício de dinheiro público, como ficou notório com a Usaid, o órgão de ajuda externa praticamente fechado pela dupla Elon Musk e Donald Trump.
E não era pouco dinheiro que ia para os hotéis. O último grande pagamento foi de 59 milhões de dólares, uma quantia impressionante por qualquer padrão que se use, inclusive os americanos. E mais complicado ainda porque desabrigados pelo furacão Helene, na região sul, e pelos incêndios de Los Angeles continuam a precisar de ajuda.
“O dinheiro que deveria ir para vítimas de desastres está sendo gasto em hotéis de luxo para ilegais”, proclamou Musk. O homem mais rico do mundo se jogou na missão de combate a desperdícios dada por Trump, numa combinação nunca vista antes – incluindo a entrevista em que ficou ao lado de Trump no Salão Oval, com o filhinho X olhando por trás da escrivaninha presidencial.
Em nome dessa tarefa, efetivamente fechou a sede da Usaid, levando ex-funcionários a depositar flores e fazer pequenas manifestações em frente.
Na guerra da narrativa, Musk e seus “garotos perdidos”, jovens programadores que vasculham sistemas oficiais em busca de gastos injustificáveis, estão empatados com a considerável parcela que continua a apoiar verbas a países pobres estrangeiros. Segundo uma pesquisa Prolific, 49% não aprovam a suspensão da ajuda, contra 33% que são a favor.
SEMANA DE MODA
Os americanos são muito orientados para filantropia em benefício de necessitados – tanto que a Usaid era responsável por nada menos que 40% da ajuda humanitária do mundo. Mas também entendem que, além de comida e remédios, a agência estava disseminando a ideologia woke.
Quando não gastando verbas em projetos absurdos. A senadora republicana Joni Ernest escreveu no Wall Street Journal que a agência procurou não revelar de várias maneiras o destino das verbas para a Ucrânia. Ela conseguiu acesso aos dados por um dia, numa sala fechada, sem direito a anotações. Descobriu que a Usaid estava financiando viagens de modelos e estilistas de moda para desfiles em Nova York, Londres e Paris.
Os ucranianos certamente precisam de ajuda em várias instâncias, inclusive na montagem dos jornais que profissionalizaram a imprensa – e, claro, se alinharam com a causa nacional na guerra desfechada pela Rússia. Não poderia ser diferente. Mas semanas de moda? Certamente passa a imagem de que os americanos estão sendo enganados e até conspurca uma causa tão importante com a defesa da soberania nacional.
Outro membro do Senado, John Kennedy, mencionou um absurdo woke mais incompreensível ainda: 7,9 milhões de dólares “do contribuinte americano” para ensinar jornalistas do Sri Lanka a evitar o uso de linguagem binária.
Dá para suspeitar de onde vem a moda do “todes” e outras abominações, embora seja preciso muita cautela para não espalhar falsidades por interesse ideológico.
DÓLARES PARA O HAMAS
Muita coisa ainda está sendo levantada sobre o desvio de função da Usaid, inclusive verbas que foram encaminhadas a organizações palestinas a favor da violência.
Disse o senador Ted Cruz a respeito de um relatório que mostra estas distorções quase inacreditáveis: “A história completa do financiamento da Usaid ao Hamas é extensa e muito dela foi feito em segredo. Antes e depois do 7 de outubro, a Usaid canalizou centenas de milhões de dólares para o Hamas, o que os habilitou a lançar o ataque e a continuar a guerra contra Israel depois dele”.
São acusações espantosas. Estão numa reportagem do site Free Beacon, na qual uma fonte do Departamento de Estado também diz que a ex-diretora da Usaid, Samantha Powers, entrou em conflito com a própria diplomacia do governo Biden. A agência queria interferir na política externa e suspender a ajuda militar a Israel.
O órgão criado em 1961 por John Kennedy para ajudar os muito pobres e promover a imagem dos Estados Unidos, tão detestado pelas esquerdas, deu uma guinada radical e acabou combatendo as próprias políticas americanas. Além de mandar dólares para o Hamas. Dá uma série daquelas.