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Conflito Índia-Paquistão mistura nacionalismo, religião e armas nucleares

De tempo em tempo, os dois países entram em choque e o mundo se lembra dos catastróficos riscos envolvidos por sua disputa

Por Vilma Gryzinski 8 Maio 2025, 06h32

É difícil para brasileiros, cidadãos de um país que não tem conflitos territoriais, entender a escala de ódios e perigos envolvidos no confronto entre Índia e Paquistão.

Só de guerras, já foram três desde a fundação dos dois países como estados modernos, fora os conflitos em menor escala. Ambos nasceram de um banho de sangue, a partilha que encerrou o período colonial britânico e dividiu o subcontinente em dois países, um para os muçulmanos e outros para os hinduístas, além das outras religiões que existem na Índia.

Um massacre recíproco deixou até dois milhões de mortos. Pessoas comuns, e não só as forças armadas, praticaram atrocidades em escala indescritível. O ódio que isso deixou reverbera até hoje.

Também restou uma região disputada, a Caxemira, com sua bela paisagem montanhosa e as cabras de pelo finíssimo do qual é feita a lã usada em xales e roupas de inverno, com o nome em inglês, cashmere.

O Paquistão diz que a maioria dos habitantes da Caxemira é muçulmana, portanto tem direito a seu território. A Índia nem pensa em ceder. Existe uma outra área que disputa com a China, que também já provocou uma guerra.

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BUDA SORRIDENTE

As graves disputas levaram o país a investir em armas nucleares, num projeto que remonta à época da partilha e contou com uma certa ajuda da União Soviética. Uma explosão nuclear testada em 18 de maio de 1974 marcou o sucesso da operação chamada Buda Sorridente e o ingresso da Índia no clube dos países atômicos, então limitado aos cinco países pioneiros, Estados Unidos, União Soviética, Grã-Bretanha, França e China.

O Paquistão tinha uma razão tão ou mais existencial. Em 1971, perdeu o território que o deixava na estranha posição de um país com áreas separadas por uma Índia inteira no meio. Nasceu o Bangladesh, com apoio da Índia e episódios horripilantes como o “genocídio dos intelectuais” – professores, médicos e jornalistas, entre outras categorias, sequestrados por milícias paquistanesas, torturados e fuzilados sumariamente.

A bomba paquistanesa, ajudada pela China, foi testada em 1998. Desde então, o mesmo processo acontece: os dois “pobres atômicos” têm escaramuças, o mundo inteiro se apavora com a perspectiva de um conflito nuclear e se esquece do assunto quando a coisa acalma.

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Esse resumo é extremamente simplificado para recapitular uma história complexa e multifacetada. Por exemplo, qual o nível de coordenação do governo do Paquistão com os grupos islamitas extremistas como o que atacou turistas indianos em visita à Caxemira, matando 26 pessoas, o que ensejou a retaliação da Índia?

Múltiplos serviços secretos, grupos fanáticos, facções políticas inimigas fazem do Paquistão um dos lugares mais complicados e instáveis do mundo. Só para lembrar: Osama Bin Laden, o homem mais procurado do mundo, conseguiu se esconder durante nove anos no Paquistão. Obviamente, foi protegido por “instâncias superiores”, ao mesmo tempo em que, oficialmente, o Paquistão cooperava com os Estados Unidos.

BALÉ PERIGOSO

A Índia bateu a China como o país mais populoso do mundo, com quase 1,5 bilhão de habitantes. Para inveja do vizinho inimigo, está num movimento ascendente que a transformou na quinta maior economia do mundo.

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O primeiro-ministro Narendra Modi é venerado por este progresso extraordinário. As previsões de que, por liderar um movimento de supremacia hinduísta, ele perseguiria minorias religiosas – minorias em termos indianos, só de muçulmanos, são mais de 170 milhões – não se concretizaram, pelo menos não na escala propagada.

Ele ou qualquer outro líder indiano teria que retaliar o ataque sofrido pelos turistas massacrados. O Paquistão também tem que seguir as regras do balé perigoso. Uma contra-retaliação moderada conduziria a um processo de reacomodação.

Dá até medo de pensar do que aconteceria numa guerra total.

Cada um dos países tem cerca de 170 artefatos nucleares. Segundo o Centro para Controle de Armas e Proliferação Nuclear, mesmo um conflito limitado dessa natureza mataria vinte milhões de pessoas em uma semana.

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