Mundialista
Por Vilma Gryzinski
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Com Elon Musk em refluxo, Jeff Bezos se tornou o bilionário a ser odiado
Casamento em Veneza com Lauren Sánchez virou o pretexto para um show de mesquinharias típico da esquerda que pensa pequeno
Cafona, exibicionista, deslumbrado, ostentatório, desconectado da realidade, louco para conquistar amigos no mundo das celebridades, o casal Jeff Bezos e Lauren Sánchez tem sido chamado de tudo por causa de um desejo com o qual muitas pessoas poderiam se identificar – fazer um casamentão daqueles -, mas que neles virou um motivo para jogar pedras, algumas nem sequer metafóricas
É um sinal da falta que faz Elon Musk, fora do centro das atenções desde que deixou o governo Trump, no papel de ricão mais detestado do mundo, e do ressentimento que uma fortuna de 227 brilhões de dólares provoca na cabeça de quem vê os bilionários da era digital como exploradores malvados, não gênios que criaram impérios unicamente com suas ideias e estão avançando a exploração espacial de uma forma sem precedentes.
Provavelmente ambas as coisas têm sua dose de verdade, mas é não é preciso sequer simpatizar com Bezos para ver na sua história uma saga contemporânea, um menino nascido para dar tudo errado, com uma mãe de dezessete anos e um pai equilibrista de circo rapidamente desaparecido da família, mas que conseguiu fazer tudo certo, tendo como sonho colonizar o espaço – nem que fosse financiado com cada pequeno pacote de uma pequena empresa de vendas de livros on-line chamada Amazon, inspirada pelo nosso fabuloso rio.
Classicamente, o negócio começou numa garagem. Ele tinha por trás formação em física, engenharia eletrônica e ciência da computação. Também o apoio dos pais – a mãe se casou de novo com um refugiado cubano, Miguel Bezos, que adotou o menino aos quatro anos. Investiram 300 mil dólares no negócio. Quem cuidava da administração era a primeira mulher dele, MacKenzie Scott.
UM NOVO HOMEM
O comprometimento dela valeu estarrecedores 35 bilhões de dólares quando se divorciaram, depois que o caso com Lauren Sánchez foi revelado por seu próprio irmão. Contra todas as expectativas, a paixão sobreviveu e a apresentadora de televisão, piloto de helicóptero e, mais recentemente, viajante espacial, mudou a vida de Bezos.
Malhado e vestido com roupas justinhas, ele virou um novo homem, adepto de badalações e até de farras um pouco fora da sua faixa etária, como banho de espuma no deque do maior iate do mundo. Bezos até inspirou outros gênios relaxados do mundo high tech a melhorar o visual. O que há de errado nisso? Em todas as esferas sociais hoje há homens que querem ter um físico mais musculoso e se sentir melhor com isso.
Bezos também sente um prazer evidente em exibir a mulher, com seus decotes vertiginosos e cinturas tão apertadas, como o vestido de efeito ótico usado ontem, que parecem saídos da era dos espartilhos. Os chiques e finos se horrorizam com o excesso de cirurgias plásticas, os lábios exageradamente inflados e a vontade de entrar num mundo onde as mulheres da família Kardashian estabelecem os padrões de beleza e exibicionismo, sem nem um minuto de consideração pela norma platônica de que “a maior riqueza é viver contente com pouco”.
Definitivamente, menos não é mais para a nova senhora Bezos – o casamento oficial parece ter sido há um mês atrás.
A MELHOR VINGANÇA
Odiar os ricos é um ritual talvez tão antigo quanto o dinheiro – acumulação de capital, na definição da esquerda que se reuniu em Veneza para tocar fogo no “casamento de vinte milhões de dólares”. Os protestos misturaram os locais inconformados com a superlotação de turistas e até estrangeiros para os quais ter muito dinheiro é um crime em si.
Ergueram até um boneco gigante de Bezos sentado num vaso sanitário e comemoraram a mudança de local da cerimônia religiosa, sob o risco de que os 200 convidados não pudessem se deslocar pelos canais onde a turma do contra ameaçava jogar crocodilos infláveis. O New York Times publicou um artigo desancando “o triunfo do mau gosto” e o Washington Post se sentiu na obrigação de incluir as críticas ao dono.
Impávida, jogando beijinhos para a plateia, Lauren estava exultante, talvez sabendo que a paixão do maridão é o que deixa a oposição mais irritada. Aos 55 anos, se sente em condições de viver bem como a melhor vingança. Isso e, claro, um bom contrato pré-nupcial.
Ironicamente, os protestos contra o casamento Bezos acabaram virando uma atração turística, só incapaz de competir com as Kardashian, Leonardo DeCaprio, Oprah Winfrey e a parceira Gayle King, companheira da aventura espacial de Lauren; Orlando Bloom, recém-separado de Katy Perry; Ivanka Trump; Tom Brady e mais uma vasta lista de amigos famosos que só o dinheiro pode comprar.
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