Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

Chuva de ovos e votos em fuga num mau momento para Trump

Numa campanha em que tudo muda a cada semana, até violência contra partidários pode ser ruim para o candidato

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h19 - Publicado em 4 jun 2016, 15h33
Loira agredida: palavrões e bandeiras mexicanas

Loira agredida: palavrões e bandeiras mexicanas

Quem se beneficia de manifestações como as que aconteceram na quinta-feira em San Jose, na Califórnia? Os ataques contra simpatizantes de Donald Trump são tão essencialmente antiamericanos que não importa se tenham ido do violento ao ridículo, como arrancar bonés dos que sonham em “Restaurar a grandeza da América”, agredir um infeliz isolado, sapatear em carros com pessoas idosas dentro ou, na imagem que se transformou em símbolo do quebra-quebra, jogar ovos e tomates numa loira de shortinho que desafiou um grupo praticamente só de homens.

Continua após a publicidade

Pelas regras do bom senso, tudo isso só ajuda Trump. Um dos conceitos fundamentais da campanha dele veio justamente da ideia de que desocupados e desordeiros de origem latino-americana viraram uma espécie de lúmpen baderneiro. Exatamente o tipo de pessoas vistas no ataque a uma mulher indefesa, embora nada passiva, agitando bandeiras mexicanas e gritando palavrões.

Como a atual campanha eleitoral americana desafia as regras do bom senso tudo o que pareça bagunça pode na verdade ser favorável a Hillary Clinton. O mau momento da candidata democrata teve uma revertida e ela está avançando em todas as pesquisas, depois de empatar e até ficar atrás de Trump. Numa sondagem da Reuters, ela apareceu com 11 pontos de vantagem.

Atordoada pela tática de guerrilha de Trump, que ataca o tempo todo, de todos os lados, Hillary conseguiu unificar sua mensagem nos últimos dias. Trump, diz ela essencialmente, é despreparado, por temperamento e propostas, para ser presidente dos Estados Unidos.

Continua após a publicidade

Fora os que sempre acreditaram nisso, e portanto não precisam ser convertidos, Hillary tem que conquistar os que estão na dúvida. Por isso, tudo o que provoque agitação, mesmo que a culpa seja dos adversários do trumpismo, colabora para a imagem de encrenqueiro do candidato republicano.

Indo mais além dessa camada superficial de reações quase cutâneas, os dois candidatos também disputam a ideia que os eleitores fazem sobre os Estados Unidos.

Hillary é a candidata do sistema: o país se recuperou da grande crise de 2008, o mundo está relativamente estável e Barack Obama foi um bom presidente – embora não grande, como ele próprio acredita; sua aprovação em alta indica mais um público insatisfeito com as duas pessoas que disputam quem vai substituí-lo. Se for eleita, Hillary vai oferecer mais do mesmo, uma mensagem que não chega a ser entusiasmante, mas tem a seu favor os elementos da continuidade e da previsibilidade.

Continua após a publicidade

Totalmente fora das esferas políticas tradicionais, Trump é o candidato do “está tudo indo para o lado errado e eu sou a pessoa certa para reverter a derrocada”. Por isso, infunde tanta desconfiança entre diversas correntes republicanas que o líder do partido na Câmara dos Deputados, Paul Ryan, levou quase um mês, desde que os oponentes restantes caíram fora, para dizer que apoia a candidatura de Trump.

A bipolaridade acentuada entre Hillary e Trump e os quase oito anos de governo Obama provocaram um fenômeno curioso. Durante muito tempo, vicejou entre a esquerda o argumento de que os Estados Unidos eram uma potência em irreversível declínio, fadada a ser ofuscada pela ascensão da China e as perversidades intrínsecas do capitalismo. Hoje, são pensadores de direita que evocam Roma como paralelo óbvio de decadência em marcha, causada pelo enfraquecimento acima de tudo moral de um império mergulhado nas delícias do bem-estar material e nos perigos das dúvidas sobre si mesmo.

Roma, naturalmente, pode ser evocada como exemplo de praticamente tudo na história da humanidade. Hillary, com seu jeitão de professora de Illinois e artimanhas tolas como o caso dos e-mails secretos, não tem nada de Agripina, a mais ardilosa manipuladora política da história romana, cuja carreira foi abreviada bruscamente, depois de várias tentativas, pelo filho, Nero. Comparar Trump a Calígula é fácil demais – e injusto, claro.

Sem contar que, se alguém jogasse ovos em partidários do imperador louco, ele definitivamente não se limitaria a dizer “Você está despedido”. Quase toda a imprensa americana sonha, se Hillary for eleita, em repetir a frase que Trump tornou célebre quando era o apresentador do programa O Aprendiz. Ainda faltam cinco meses para a eleição. Nessa campanha, isso é mais que os 1 500 anos do império romano e todos os especialistas em eleições se transformaram em meros aprendizes.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.