Caso Epstein: filho de Biden tenta arrastar Melania Trump para a lama
Primeira-dama processa Hunter Biden por dizer que o milionário abusador a apresentou ao futuro marido e a coisa descamba para palavrões

Não existe troféu maior, do ponto de vista da guerra política, do que envolver um adversário no lamaçal sem fundo do escândalo de Jeffrey Epstein, o aliciador de menores que foi encontrado morto numa cela de cadeia há seis anos. Republicanos tentam arrastar democratas e vice-versa, sabendo que o prejuízo moral pode ser catastrófico.
O capítulo mais recente dessa guerra permanente envolve o filho-problema do ex-presidente Joe Biden, Hunter, e a mulher de Donald Trump, Melania, que pede retratação ou indenização de um bilhão de dólares por ele ter dito que Epstein foi quem apresentou o futuro casal. A fonte é discutível: Michael Wolff, o jornalista que ficou rico escrevendo sobre Trump com uma mistura de fatos e suposições.
“Epstein a conhecia muito bem”, insinuou Wolff. Ele também afirma ter declarações gravadas de Epstein dizendo que Trump e Melania se relacionaram sexualmente pela primeira vez a bordo de seu avião particular, depois conhecido como “Lolita Express”, pela quantidade de adolescentes transportadas para atender as demandas sexuais do milionário pervertido.
Wolff especula: “Onde Melania se encaixa na história de Epstein? Onde ela se encaixa nessa cultura de modelos de idade indeterminada? Isso acrescenta uma outra dimensão ao caso”.
A versão mais conhecida sempre dizia que Melania foi apresentada a Trump por Paolo Zampelli, agente de modelos e hoje enviado especial para parcerias globais, uma definição vaga, mas o suficiente para fazer dele uma personalidade na Itália de seus antepassados.
Em sua biografia, Melania diz que estava numa mesa VIP do Kit Kit Klub, para a festa de aniversário de uma amiga, quando Donald Trump se aproximou e apresentou a si mesmo.
PEDIDO DE RETRATAÇÃO
Obviamente, o que interessa mais na história são as insinuações nada sutis sobre o papel da futura primeira-dama. Foi isso que Hunter Biden tentou explorar, desencadeando o pedido de retratação apresentado pelo advogado de Melania.
“Dane-se. Não vai acontecer”, reagiu Hunter. A palavra usada não foi exatamente “dane-se”. Hunter, que comprometeu a reputação do pai com negócios propiciados na época em que ele era vice-presidente, imagina-se um vingador. Usou o mesmo equivalente a “dane-se” três vezes para se referir a George Clooney por causa do editorial que o ator escreveu no New York Times, apelando ao presidente para desistir da candidatura à reeleição em razão das demonstrações de senilidade.
Amparado pela família, Biden resistiu o quanto pode, aumentando as chances de vitória de Donald Trump.
Mesmo fora do poder, a vida anda agitada na família Biden. A filha Ashley anunciou o divórcio do marido, o cirurgião plástico Howard Krein, colocando no Instagram um vídeo dele com uma loira de vestido tomara-que-caia. “Meu marido e a namorada dele de mãos dadas”, sibilou. O vídeo depois foi tirado do ar.
Nada, obviamente, se compara ao caso Epstein, tão cheio de vários dos personagens mais conhecidos do país, incluindo os dois Bills, Clinton e Gates, envolvidos por aproximação no esquema criado por ele para aliciar centenas de jovens, na maioria menores de idade. Donald Trump era um amigo, fotografado e filmado em vários compromissos conjuntos, até que rompessem, em 2004 – segundo o presidente, porque o milionário estava “roubando gente”, funcionários de seu resort em Mar-a-Lago.
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
O caso Epstein ocupa um lugar imenso no painel da opinião pública e dá motivos para todo tipo de especulação, principalmente a de que foi “suicidado” como queima de arquivo, para não revelar informações comprometedoras sobre os ricos, famosos e poderosos que frequentavam suas mansões e sua ilha particular.
As investigações indicam o contrário, mas é difícil engolir a história oficial. O último a tentar isso foi o próprio Trump – sem sucesso. Por isso, ressurgem as especulações sobre um perdão presidencial à mulher que sabe de tudo, Ghislaine Maxwell, que cumpre pena por cumplicidade no aliciamento de menores. Ela era a namorada “oficial” de Epstein, a mulher que levava para festas e compromissos públicos. Na vida real, o papel era de Karyna Shuliak, uma jovem da Bielorrússia a quem Epstein pagou a faculdade de odontologia – uma ironia quase inacreditável.
Como Donald Trump, Epstein tinha predileção por beldades eslavas – embora ninguém insinue uma ligação mais próxima com Melania Trump. Pelos padrões de Epstein, ela era praticamente uma anciã: tinha 27 anos quando conheceu Donald.
Separar o que é verdade do que é mentira continua a ser quase impossível nesse caso – mas existe a garantia de que sempre falham as tentativas de dá-lo por encerrado.