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Bye bye Biden: presidente que foi uma farsa leva com ele o fim de uma era?

Agora que o presidente passas do crepúsculo, imprensa mostra que estava incapacitado desde o começo e só o mundo woke conseguiu esconder isso

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 23 dez 2024, 09h03 - Publicado em 23 dez 2024, 08h59

Como é possível que a farsa sobre o estado de alerta mental de Joe Biden tenha demorado tanto tempo para ser demonstrada na imprensa mais alerta e competitiva do mundo?

Não é absurdo imaginar que todo o establishment, e com ele a grande imprensa, tenhma feito um acordo tácito para ocultar a verdadeira deterioração de Biden – e por isso foi tão chocante para muitos americanos ver como ele estava mentalmente afetado quando tropeçou, balbuciou, confundiu-se e, de forma geral, assustou o público com os claros sinais de declínio mental durante o malfadado debate de 27 de junho com Donald Trump.

Foi o gatilho que o forçou a desistir da candidatura à reeleição, trouxe para a linha de frente a vice Kamala Harris e acabou redundando na vitória de Trump. 

Os dias finais de Biden têm o aspecto patético do fim nada glorioso de uma presidência decadente e uma pergunta que deveria ser feita em tom muito mais veemente: quem, afinal, está mandando nos Estados Unidos enquanto Biden se dedica a atos repudiados pela opinião pública, como anistiar o filho Hunter – depois de dizer em seis ocasiões que não o faria? Ir a Angola ou visitar o papa Francisco em Roma soam como atos de quem quer dar uma dignidade que seus últimos dias na Casa Branca, lamentavelmente, não têm.

PRETEXTO DA PANDEMIA

Não porque ele esteja demonstrando a idade que tem – 82 anos. Ninguém pode ser culpado por seus anos, mas Biden pretende manter a farsa de um presidente ativo e engajado. Numa reportagem arrasadora, o Wall Street Journal mostrou o que todo mundo que tivesse olhos para ver já deveria saber: desde sua candidatura, em 2020, mostra a reportagem, ele já estava comprometido, não tinha saúde física ou mental para enfrentar a maratona de uma campanha e até a fala era entrecortado.

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Ficou trancado no porão de casa a pretexto da pandemia, enquanto a imprensa que abominava Trump comprava a ideia, criada nos laboratórios dos marqueteiros do Partido Democrata, de que era um estadista experiente e cheio de energia, não um idoso cognitivamente comprometido. Contestar isso era sinal de preconceito, etarismo e outras formas de discriminação que saíram do dicionário woke para entrar na política e sufocar tentativas de mostrar a verdade.

Depois de eleito, o horário de trabalho abreviado e o círculo de assessores que limitavam o acesso ao presidente, inclusive em termos das informações que chegavam a ele, passaram em branco por um bocado de tempo. Segundo o Journal, Biden nem sequer se reunia com ministros de importância fundamental, como Lloyd Austin, da Defesa, e Janet Yellen, do Tesouro. 

Um grupo de assessores mais próximos, incluindo o de segurança nacional, Jake Sullivan, e o conselheiro sênior Steve Ricchetti, praticamente tocou o governo, controlando com rigor o acesso ao presidente, que dependia de ele estar num “dia bom ou dia ruim”. 

Como é comum nessas circunstâncias, a primeira-dama Jill Biden também assumiu um papel fundamental. Numa das últimas reuniões de gabinete, um vídeo mostra que o presidente imediatamente passa a palavra – e a iniciativa – à mulher. É a marca incontestável da decadência.

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“LOUCURA QUE NOS ATORMENTA”

São o fim de Joe Biden e o início de uma nova era Trump indícios de que também já passou o ápice da cultura woke, a palavra em inglês que foi incorporada a todos os vocabulários do mundo como sinônimo de excessos politicamente corretos?

Vários órgãos de imprensa especulam com a possibilidade de que “a loucura que nos atormenta desde 2014”, na definição da escritora Lionel Shriver, já não está mais em ascensão.

A vitória de Donald Trump é o sinal mais explícito, mas também há outros indícios, como as empresas que estão abandonando a política de usar critérios raciais e similares para suas contratações e outras políticas.

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Assim resumiu Lionel Shriver o espírito woke: “Uma das vitórias mais sinistras do que se passa por ‘progresso’ foi atrair pessoas normalmente inteligentes para debater se mulheres podem ter pênis; se a discriminação racial cura o racismo; se o avanço no emprego ou na educação deve ser determinado pela cor da pele; se a civilização ocidental que nos deu Rembrandt, Bach e o telescópio espacial Hubble é uma desgraça; se ser grotescamente gordo é saudável e se o sombrero que você comprou na Amazon é um roubo”.

A escritora acha que não é assim tão garantido que a onda woke esteja refluindo, embora os modismos sociais possam constranger quem, por exemplo, continuar a usar a palavra “cisgênero” ou a expressão “privilégio branco”, antes chaves de acesso à aprovação dos pares.

SAÍDA POR BAIXO

Joe Biden, um presidente católico praticante que colocou o aborto e mutilações sexuais para menores que se dizem transgênero na linha de frente de suas ideias, ao contrário de sua trajetória   anterior, razoavelmente tradicional, levará com ele a era woke?

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Biden sai por baixo, com apenas 38,6% de aprovação e a sensação de que simplesmente enganou a opinião pública, participando de uma farsa que só não foi adiante porque no fim desabou diante dos olhos da nação. Os mecanismos democráticos, como o debate entre candidatos, salvaram o país. Imaginem se ele tivesse persistido e sido eleito. 

Muitos podem achar que a eleição de Donald Trump foi pior ainda e que Biden criou – ou facilitou – um sistema em que um grupo quase anônimo toca o governo. É, obviamente, errado. A imprensa que sabia de tudo e manteve o silêncio enquanto deu para segurar tem uma parte importante da culpa.

Se os excessos da era woke declinarem com a saída de Biden, já será uma boa herança, embora não planejada. O Partido Democrata tem que, obrigatoriamente, rever estratégias que deram tão errado, alijando-o da Casa Branca, da Câmara e do Senado, e talvez conclua que exagerou demais e alienou eleitores. Os excessos woke procedem, majoritariamente, do mundo universitário, mas o reflexo na esfera política foi sentido de forma irretorquível. Quem precisa de algo tão vulgar quanto o voto dos cidadãos não pode ignorar isso.

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