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Até depois da morte: entorno de Maradona encrencado por ex-amante

Justiça argentina considera processo contra assessores que colaboraram para a exploração de Mavys Álvarez, menor de idade seduzida por jogador

Por Vilma Gryzinski 4 out 2021, 08h17

Diego Maradona estava em Cuba para se livrar do vício da droga e recebia cocaína colombiana “100% pura”. Também tomava Ecstasy líquido. Introduziu no consumo de ambos sua “namorada”, Mavyz Álvarez, uma linda menina loura de olhos azuis e apenas 16 anos.

Quando Fidel Castro começou a conversar sobre escola e aulas com a estudante cubana, como se ela fosse uma garota normal e não a favorita do astro que ele sonhava ver na política argentina, Maradona afastou o braço com que o ditador enlaçava a adolescente – era loucamente ciumento, tirou-a da escola e a tratava com tanta brutalidade que certa vez subiu uma escada puxando-a pelos cabelos.

Fidel autorizou que a menor viajasse à Argentina com Maradona, para um jogo comemorativo e para fazer implante nos seios.

Esses são alguns detalhes do relacionamento tormentoso revelados por Mavys a um canal de televisão de Miami, onde ela vive.

Outros são quase irreproduzíveis. O jogador, disse Mavys, de vez em quando passava batom e vestia roupas femininas, levando este comportamento alternativo até seu final. Também gostava de sadomasoquismo, nas duas pontas.

Falar sobre a intimidade de alguém que já morreu sempre é altamente sensível, mas o problema é que as declarações de Mavyz Álvarez envolvem os que continuam vivos: os íntimos de Maradona, como o empresário Guillermo Coppola, que tudo viam, tudo sabiam e nada faziam – ao contrário, colaboravam para a exploração de uma menor de idade.

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Por causa das viagens à Argentina, uma ONG entrou com denúncia contra este grupo junto à Promotoria de Tráfico e Exploração de Pessoas (PROTEX). Um juiz deverá decidir se arquiva ou acata a denúncia, complicada pelo fato de que abarca eventos ocorridos nos anos noventa, em Cuba e numa época em que a atual legislação sobre tráfico de pessoas ainda não existia.

Guillermo Coppola já disse que não se deu conta, na época, que como “era duro para ela” e que, se tivesse sabido, pediria desculpas para Mavyz. “Não sinto responsabilidade, mas é um tema que me angustia”, elaborou.

E sobre ver um homem adulto ter um caso com uma menina de 16 anos? Eram outros tempos, desconversou o empresário com quem Maradona rompeu dramaticamente, como tudo em sua vida.

Tudo que envolve Maradona e a paixão nacional dos argentinos por um gênio do futebol tão cheio de fenomenais defeitos vem acompanhado de polêmicas em estado máximo. A herança que deixou ao morrer em circunstâncias atrozes de negligência, em 25 novembro do ano passado, vai demorar muito tempo para ser desenrolada entre os cinco filhos.

Alguns detalhes de seus últimos dias são chocantes, principalmente por envolver médicos que deveriam cuidar de um paciente em estágio avançado de alcoolismo e recém-saído de uma cirurgia para drenar um coágulo na região subdural do cérebro. O jogador bebia cerveja com remédios para dormir dissolvidos e lhe davam banho com uma mangueira porque era difícil subir ao banheiro no andar de cima da casa onde viveu seus últimos dias.

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“Nós o encontramos no quarto falando por telefone sem telefone”, contou Griselda Morel, psicopedagoga de seu filho Dieguito, num dos depoimentos mais chocantes sobre os últimos dias de um dos maiores jogadores de todos os tempos, a quem fama, sucesso e fortuna só alimentaram a maldição da autodestruição.

À imagem de Maradona como vítima de si mesmo e de um cortejo de exploradores que o acompanhou até o fim, deixando-o  morrer sem assistência, os relatos de Mavys Álvares acrescentam uma dimensão de crueldade e abuso.

Também não pode ser negligenciada a hipocrisia do regime de Cuba, onde a desintoxicação do gênio argentino do futebol incluía acesso a coca 100% pura.

De várias maneiras, Fidel Castro foi mais um da longa lista de exploradores de Maradona.

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