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Anúncio de câncer avançado de Biden aumenta suspeita de acobertamento

Assessores e família tramaram para dizer que o então presidente estava bem, quando era evidente que estava mal; agora, bomba final

Por Vilma Gryzinski 20 Maio 2025, 06h39

Qual é a possibilidade de que um homem que foi presidente dos Estados Unidos, com um médico exclusivo a seu serviço e toda a estrutura de um hospital militar avançado, o Walter Reed, descubra que tem um tumor metastático na próstata já num dos estágios mais irreversíveis? Nenhuma e, por isso, aumenta a convicção de que o entorno de Joe Biden não apenas tentou amenizar seu declínio mental, como escondeu um câncer grave.

O câncer de próstata pode ter um diagnóstico precoce através de um exame de sangue conhecido pelo homens de mais de 50 anos, o PSA. Também pode ser indicado no exame físico. A partir de resultados suspeitos, é feita a biópsia. Foi este exame que levou a uma pontuação gravíssima do câncer de Biden na escala de Gleason, um método existente desde os anos sessenta.

De dez pontos possíveis, o ex-presidente americano teve nove. Ou seja, o exame das células retiradas da glândula mostrou um tumor de alto grau. Especialistas indicam que para chegar no estado de câncer com metástase óssea, a doença teria que ter se desenvolvido ao longo de cinco a sete anos.

Joe Biden teria passado todo esse tempo sem fazer exames? É claro que não. Todos os anos, os resultados do check-up do presidente são divulgados, seguindo uma política de transparência exigida pela opinião pública. No último, em fevereiro do ano passado, foi apresentado como “um homem de 81 anos saudável, ativo e robusto”.

‘NÓ NO ESTÔMAGO’

Já está longe a era em que foi possível ocultar o câncer – de próstata – de François Mitterrand, só revelado quando o presidente francês estava a meses da morte (foi diagnosticado, em exames feitos sob pseudônimo, em 1981 e morreu em 1996, quando os franceses comuns também descobriram que ele tinha uma amante fixa e uma filha com ela).

Hoje, até o rei Charles revelou, no começo do ano passado, que estava com câncer – doença diagnosticada praticamente junto com a de sua nora, Kate, a princesa de Gales. Charles está conseguindo não informar sobre o tipo de câncer, mas já é uma mudança fundamental que a doença não tenha sido escondida.

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O anúncio do câncer avançado de Biden coincide com o lançamento do livro dos jornalistas Jake Tapper e Alex Thompson, com detalhes sobre o declínio cognitivo de Biden. Uma das cenas mais comentadas foi o de seu encontro com George Clooney, quando não reconheceu o ator e precisou da ajuda de um assessor.

Clooney disse que sentiu um nó no estômago – e, algum tempo depois, a obrigação de escrever um editorial no New York Times pedindo que desistisse da candidatura a um segundo mandato.

Não precisava ter esperado tanto: qualquer pessoa que pudesse ver e ouvir já havia constatado que ele não tinha forças ou saúde para ser presidente dos Estados Unidos mesmo desde sua primeira campanha, passada praticamente no porão de sua casa, a pretexto da pandemia de covid.

PORTA-VOZES OFICIOSOS

Os episódios sucessivos de fala aleatória, memória fraca e até quedas foram amenizados ou ignorados por órgãos de imprensa que achavam mais importante derrotar Donald Trump. Quando Biden vacilava muito evidentemente, apareciam as “fontes” dizendo que ele trabalhava mais do que qualquer de seus assessores, tinha a mente alerta e dominava todos os assuntos.

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O próprio Jake Tapper fez isso – e hoje insinua uma leve autocrítica. Numa de suas desculpas, disse que a Casa Branca mentia sobre o estado do presidente. Ora, todos os jornalistas partem do princípio de que os políticos vão mentir ou no mínimo escamotear a verdade quando isso lhes é conveniente. Por isso, não podem basear seu trabalho apenas nas informações oficiais. Se o fizerem, tornam-se porta-vozes oficiosos, uma posição degradante.

Por causa da operação feita para acobertar o verdadeiro estado de saúde do presidente, ele foi votado como candidato à reeleição pelo Partido Democrata e a farsa continuou até o desastroso debate com Donald Trump. Obrigado a desistir da candidatura, ele deixou apenas três meses e meio para a campanha de Kamala Harris, consagrada num processo em que as bases não foram ouvidas.

Teria sido diferente se Biden não tivesse insistido em se candidatar, incentivado pela mulher, Jill, e o filho, Hunter? Não dá para cravar. Talvez Donald Trump estivesse com a vitória garantida, talvez outra candidatura democrata fosse diferente.

DESCONEXÃO COM A REALIDADE

As mentiras de tantos políticos democratas desmoralizaram o partido. Biden chegou a encenar uma reaparição pública recentemente, com entrevistas feitas por repórteres extremamente cordatos. Uma palhaçada. “O fato de que ainda esteja promovendo publicamente a si mesmo e a sua presidência é uma prova da desconexão entre Joe Biden e a realidade”, disse ao Guardian, um dos representantes da esquerda revoltada com o ex-presidente, Larry Jacobs, de um centro de estudos da Universidade de Minnesota.

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“A Casa Branca estava mentindo não apenas para a imprensa, para o público, mas para membros do próprio gabinete. Mentiam para assessoras. Mentiam para congressistas democratas, para doadores”, disse Jake Tapper. Em particular, disse o apresentador da CNN, as coisas eram muito piores do que pareciam em público.

É por isso que ninguém acredita que um câncer metastático de grau nove na escala de Gleason – pelo estagiamento geral da doença, é grau quatro, o mais alto – tenha sido descoberto agora.

Existem hoje tratamentos que aumentam a expectativa de vida de homens nesse estado. É possível que Joe Biden, aos 82 anos, inspire mais compaixão do que crítica. Mas não é possível que a imprensa americana deixe de escavar como foram acobertadas tantas informações tão fundamentais.

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