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Alemanha: Alice agora está aqui para estragar a festa de Merkel

A menos interessante política da direita pura e dura, economista lésbica e sem carisma, é a cara do protesto eleitoral que espezinhou partidos tradicionais

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h44 - Publicado em 24 set 2017, 18h17

Ter cerca de 13% dos votos, para um partido pequeno, já seria excepcional. Ainda mais para um partido como a Alternativa para a Alemanha, que passou a cláusula de barreira pela primeira vez.

À luz da lambada eleitoral que o centrão de Angela Merkel levou, com cerca de 32%, é uma pancada maior ainda. Para não falar do outro dos partidões, o Social Democrata, que ficou na casa dos 20%.

Merkel fez o que políticos fazem nessas horas: disse que vai ouvir “as preocupações e ansiedades” expressas nas urnas. E que o resultado poderia ter sido melhor.

Poderia ter sido pior também. A direita bem à direita que ultrapassou todas as previsões  e atrapalhou a caminhada supostamente tranquila de Merkel para um excepcional quarto mandato tinha um discurso bom – em termos de apelo eleitoral, sem julgamento de seus valores – e candidatos ruins.

Tão ruins que eram dois – e em política, quem tem dois não tem nenhum. A liderança dupla é formada por Alexander Gauland, que chegou aos 78 anos sem nenhum destaque político, e Alice Weidel.

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A economista de 38 anos tem um perfil que deixa a esquerda perplexa e a direita curiosa: é casada com outra mulher, com quem cria dois filhos. Ainda por cima, a mulher é cingalesa, originalmente. Veio do Sri Lanka antes de se radicar na Suíça, o domicílio da família.

Weidel trabalhou no Goldman Sachs e no Allianz Group. Morou cinco anos na China. Pelo figurino, poderia ser de qualquer partido de esquerda onde mulheres que cuidam da aparência são consideradas fúteis. Camisa e blazer preto, rabo de cavalo, óculos, zero de maquiagem. Quase uma Angela Merkel na juventude.

Não é articulada como a antecessora na AfD, Frauke Petry, derrubada num dos expurgos internos frequentes entre os atuais partidos europeus da linha nacional-populista, unificados bem à direita pelo discurso conjunto de rejeição à imigração muçulmana.

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E nem de longe é uma incendiária como Tatjana Festerling,  que já chamou a Alemanha de “hospital psiquiátrico a céu aberto” por não se revoltar contra o que a extrema-direita considera um suicídio cultural consentido.

Festerling conseguiu ser expulsa até do Pegida, o movimento ultra que promovia manifestações de rua em cidades da antiga Alemanha Oriental.

Com seu estilo muito mais opaco, Alice Weidel toma mais cuidado para ficar dentro da linha que define o discurso político aceitável, ou que pelo menos não seja enquadrado numa legislação mais reguladora do que em outros países.

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Por motivos históricos amplamente conhecidos, na Alemanha, direita nacionalista, nativista ou extrema-direita  entram numa categoria especial de fenômenos políticos. A eleição de um bloco de deputados da AfD significa que um tabu foi quebrado.

Todo mundo sabe de onde veio a força oposta para que isso acontecesse: a ascensão do fundamentalismo islâmico, a radicalização entre minorias muçulmanas em países europeus e a grande onda humana à qual Angela Merkel abriu as fronteiras alemãs em 2015.

Aumento de criminalidade comum, de abusos sexuais e de ataques de inspiração fundamentalista acompanharam a chegada de quase um milhão de pessoas transplantadas de  realidades bem diferentes da ordem e da civilidade alemãs.

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Fazer de conta que isso não aconteceu e que a Alemanha só tem a ganhar com esse súbito afluxo acabou ajudando a turma que pinta um futuro  distópico e assustador.

Alice Weidel e o pessoal que pensa como ela não apenas perturbaram a vida de Angela Merkel   como colocaram para os alemães uma pergunta incômoda, que parecia resolvida depois de décadas de estabilidade, previsibilidade e prosperidade: que tipo de país querem ter?

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