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Ajoelhou, tem que rezar: o complicado protesto do jogador americano

Colin Kaepernick não se levanta para ouvir o hino nacional. Será que vai ter que passar o resto da carreira ajoelhado?

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 5 dez 2016, 11h21 - Publicado em 23 set 2016, 16h32
Deu capa: o quarterback se revolta de joelhos, mas maioria dos americanos desaprova

Deu capa: o quarterback se revolta de joelhos, mas maioria dos americanos desaprova

Começar o protesto não foi exatamente difícil. O problema é o que Colin Kaepernick vai fazer depois que o gosto da novidade se esvair. Da primeira vez, o jogador de futebol americano ficou sentado quando o venerado hino nacional tocou, em protesto pelas mortes de homens negros em diferentes operações policiais – uma questão que está botando fogo no país. Como a atitude pareceu esculhambada demais, ele passou a se ajoelhar. Alguns outros jogadores aderiram.

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Quem acompanha o esporte pela imprensa e outros meios, poderia concluir que Kaepernick virou um herói, colocado até na capa da revista Time. Seus únicos oponentes seriam trumpistas furibundos.

Pesquisas de opinião mostram que a linha Trump-Hillary não se repete no caso do jogador. A maioria dos americanos critica Kaepernick. Numa delas, da Reuters, 72% disseram que a atitude mostra falta de patriotismo. Como bons americanos, 64% apoiaram o direito constitucional do jogador de manifestar sua opinião, mesmo discordando dela.

Kaepernick joga no 49ers de São Francisco (Forty niners, ou apenas Niners, para os íntimos), na posição mais importante, a de quarterback. Não chega nem perto da fama e da habilidade esportiva de Tom Brady, conhecido no Brasil como o marido da modelo Gisele Bündchen. Mas por causa do protesto iniciado em 13 de agosto, sua camisa atualmente é a mais vendida.

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Como o presidente Barack Obama, ele é filho de mãe branca e pai negro. como Steve Jobs e Jeff Bezos, numa história já contada aqui, a mãe era adolescente e o entregou para adoção. Nunca revelou quem é o pai. O casal Kaepernick, que tinha dois filhos vivos e havia perdido mais dois devido a uma doença cardíaca congênita, criou-o de maneira tradicional: família, escola e religião.

Se não se chamasse Kaepernick, seria Zabransky, o nome de solteira da mãe biológica, Heidi, a quem nunca quis conhecer. Por causa da criação e da educação, o jogador fala bem – ou pelo menos da maneira que americanos de todas as classes entendem. O futebol americano, que como quase tudo no país foi segregado no passado, hoje tem 68% de jogadores negros nos grandes times da liga nacional.

Como nos jogos de futebol no Brasil, o hino nacional americano é tocado antes que comece a partida. Da mesma forma, é considerado de “direita” pelos autodenominados progressistas, que o consideram uma manifestação obscurantista de patriotismo.

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Também é cheio de versos em ordem inversa e de entendimento complicado. O hino celebra a pátria, claro, e a própria bandeira, evocando um episódio da guerra de 1812 contra os ingleses no qual o “estandarte estrelado” pairou vitorioso sobre um ataque naval inimigo.

Extraordinariamente difícil de cantar, o Star Spangler Banner é conhecido, via cinema e esportes, no mundo inteiro. Mesmo quem tropeça no inglês consegue reproduzir as palavras finais da primeira estrofe: “The land of the free and the home of the brave”.

Como a terra dos livres e dos bravos continua recompensando o patriotismo, cantar o hino no intervalo da final do campeonato de futebol, o Super Bowl, é uma honra disputada por cantores famosos. Beyoncé cantou em 2004 e Lady Gaga este ano. Whitney Houston, em 1991, ainda é considerada a intérprete mais retumbante. A versão maravilhosamente suave de Marvin Gaye foi no campeonato de basquete, em 1979.

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Colin Kaepernick disse que vai continuar seu protesto ajoelhado até que haja uma mudança significativa na questão racial, uma aposta altamente complexa. O próximo Super Bowl será em fevereiro de 2017, com o novo (ou nova) presidente já empossado.

Trump, com a crueza típica, já disse que Kaepernick deveria procurar outro país, já que não está satisfeito nos Estados Unidos – uma cretinice. O que acontecerá se o time do jogador estiver na final? Quem se ajoelha uma vez, tem que continuar se ajoelhando. Até quem é indiferente ao esporte ficará curioso para ver o desenlace. Certamente, baterá a audiência, de 111,9 milhões, deste ano.

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