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A volta por baixo? Trump vai anunciar candidatura num momento ruim

Existe muito de expressão de desejos nos obituários políticos do ex-presidente, mas é fato que ele levou a culpa por resultados ruins dos republicanos

Por Vilma Gryzinski 14 nov 2022, 06h45

“Se eles ganharem, o mérito vai ser meu. Se perderem, a culpa vai ser deles”. Assim brincou Donald Trump antes da eleição do dia 8, com seus resultados altamente disputados e o brutal resultado do Senado, onde o Partido Democrata elegeu exatamente o mesmo número de integrantes, 50 (com o voto de Minerva da vice-presidente Kamala Harris, tem a maioria).

O momento não está para brincadeiras, pois aconteceu exatamente o oposto da piada: a culpa está sendo colocada na conta de Trump.

Para piorar, ele está corroído pelo ciúmes do mais bem sucedido candidato republicano desse ciclo, Ron DeSantis, reeleito governador da Flórida com quase vinte pontos de vantagem.

Os candidatos mais heterodoxos endossados por Trump custaram caríssimo – e bloquearam o caminho para o Partido Republicano conseguir a maioria no Senado, o que parecia bastante possível.

Como os maiores inimigos sempre são os internos, falar mal de Trump se transformou de murmúrio cauteloso em barulho estrepitoso. Os republicanos que nunca suportaram o estilo agressivo de Trump agora se sentem livres para soltar os cachorros.

“As palavras do presidente foram imprudentes. Ficou claro que ele havia decidido ser parte do problema”, disse o ex-vice de Trump, Mike Pence. Os dois estavam rompidos desde o 6 de janeiro, quando Trump insuflou partidários a contestar o resultado da eleição presidencial invadindo a sede do Congresso americano. Na ocasião, Pence mostrou coragem e, depois de passar horas angustiantes no porão do Capitólio, retornar para presidir a sessão em que Joe Biden foi diplomado presidente.

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O oposto também acontece e Trump está queimando as pontes com Rupert Murdoch e seu império: Wall Street Journal, New York Post e, principalmente, a Fox News.

Os dois jornais já haviam publicado editoriais dizendo que Trump estava desqualificado para a reeleição devido a sua atitude no 6 de janeiro.

“Estão todos a favor do Ron DeSantimônio, um governador médio”, escreveu Trump, usando um apelido que pretende colar no rival de 44 anos e uma promissora carreira pela frente.

Estão mesmo. Até Tucker Carlson, da direita mais à direita no espectro Fox disse que a influência de Trump no resultado da eleição era uma “questão complexa”.

No New York Post, o colunista John Podhoretz foi muito mais explícito ao chamar o ex-presidente, usando seu próprio estilo de apelidar adversários, de Trump Tóxico. “Em praticamente todos os lugares onde um trumpista perdeu, havia um republicano normal que poderia ter sido o candidato do partido – um candidato que teria tirado vantagem das condições excepcionalmente horríveis que os democratas confrontaram este ano”.

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Ele também mencionou os eleitores independentes, que podem definir eleições apertadas e habitualmente votam no partido de oposição nas midterms. Esse ano, o fenômeno não aconteceu porque os independentes “não queriam ficar ouvindo sobre uma fraude eleitoral que não existiu e como o mundo estava tratando mal um bilionário reclamão que não foi reeleito por sua própria incompetência”.

É claro que os inimigos de sempre estão adorando a briga entre conservadores trumpistas e não trumpistas e botando combustível na fogueira.

“Vai ser divertido assistir”, trolou Joe Biden, que ganhou novo ânimo para se lançar candidato à reeleição, não obstante os 80 anos com sinais de um algum tipo de comprometimento neurológico.

Fofoca mais recente: a CNN disse que Herschel Walker, que vai ao segundo turno pelo Senado no estado da Geórgia, está pensando em pedir que DeSantis dê uma força na campanha.

Se ele perder, os democratas terão a maioria garantida de 51 senadores, sem Kamala nem algum centrista que vete os arroubos gastadores.

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Walker é um ex-jogador de futebol americano amigo de Trump – e um dos candidatos considerados fracos (“Semianalfabeto”, fuzilou um adversário, beneficiado pela proteção conferida pelo mesmo tom de pele). Durante a campanha, enfrentou acusações anônimas de ter pago abortos para mulheres com quem havia se relacionado.

“Imaginem Trump ver Ron fazendo campanha por Herschel, enquanto pedem a ele que fique de fora. Entraria em órbita”, disse uma fonte alegadamente próxima do ex-presidente.

Trump tem um perfil fora do padrão: eleitores fiéis e apaixonados, que o seguem em comícios que nenhum adversário democrata conseguir fazer e votam nele não importa o que aconteça. São a maioria dos que votam no Partido Republicano – mas não bastam para elegê-lo presidente.

A capacidade de conquistar independentes, inconstantes ou democratas decepcionados é vital. E não é reclamando que foi roubado em 2020 que vai conseguir isso.

Num comportamento que se tornou conhecido no Brasil, Trump é seu maior inimigo: antagoniza eleitores que poderiam se inclinar por ele, queima seguidores fiéis e não está conseguindo focar na questão econômica, a maior vulnerabilidade dos adversários democratas.

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Também jamais assume responsabilidades, o melhor jeito de consertar erros de campanha. Segundo os adversários que estão abrindo o jogo agora, Trump culpou até a mulher, Melania, por ter apoiado a candidatura perdedora do cardiologista Mehmet Oz pelo Senado na Pensilvânia, “porque gostava de assistir seu programa de televisão”. O ex-presidente desmentiu tudo, claro.

Amanhã ele anuncia que vai disputar a candidatura pelo Partido Republicano. “Será um anúncio muito profissional e formal”, disse um de seus assessores, Jason Miller.

É esta a melhor hora para se lançar candidato? Está Trump pensando na eleição ou na proteção a processos na justiça? Ele pode rachar o Partido Republicano, garantindo assim mais uma vitória para os democratas?

“Se os eleitores concluírem que você está colocando seu ego e suas queixas acima do que é bom para o país, vão procurar em outro lugar, ponto final”, fulminou a apresentadora Laura Ingraham, uma das mais arrebatadas trumpistas da Fox.

Quando Trump desceu da escada rolante dourada no faiscante saguão da Trump Tower e anunciou sua candidatura presidencial, em 16 de junho de 2015, foi ridicularizado e tratado como uma piada. O mesmo erro, quando ele está por baixo, poderia se repetir agora?

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O wishful thinking dos adversários ao imaginar Trump se autodestruindo é evidente, mas a simples percepção de que ele é pé frio já conta muito.

Sorridente e relaxado, no sábado ele comemorou o casamento da filha Tiffany (vestindo Elie Saab, libanês como a família do noivo) com uma festa suntuosa em Mar-a-Lago, o palacete em estilo colonial onde ele foi morar na Flórida.

No mesmo estado de Ron DeSantis.

Será o estado, ou até o país inteiro, pequeno demais para os dois?

Atualmente, 48% dos potenciais eleitores numa primária do Partido Republicano apoiam uma candidatura Trump. E 26% se inclinam por DeSantis.

Só que o primeiro está em viés de baixa e o segundo, de alta.

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