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A situação da Rússia agora: ‘Briga de buldogues debaixo de um tapete’

Definição famosa de Churchill resume a situação de rebelião aberta do chefe do Grupo Wagner e as complicações para reprimir o levante

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 15 Maio 2024, 23h37 - Publicado em 24 jun 2023, 12h39

Vladimir Putin quer sangue e deixou isso claro ao, excepcionalmente, falar à nação na manhã de sábado. Complicação: o que as forças que continuam fiéis a ele farão para arrancar o rebelde Yevgeny Prigozhin da cidade de Rostov, o quartel-general russo para as operações contra a Ucrânia na região sul?

Vão bombardear a cidade de um milhão de habitantes? Jogar forças especiais de paraquedas? Fazer um cerco em que russos estariam matando russos em grandes quantidades?

Nunca Putin enfrentou nada sequer remotamente semelhante.

As tentativas de golpe contra Mikhail Gorbachev e Boris Ieltsin fracassaram e as perspectivas de Prigozhin não são muito brilhantes: nem um único oficial graduado das forças armadas pode aceitar um estranho, um mercenário, ex-detento condenado por assalto, no comando do que quer que seja.

O problema é que até agora não apenas aceitavam como se aproveitavam dos feitos do falastrão, que jogava seu exército particular de criminosos tirados das cadeias, com a promessa de anistia contra seis meses de serviço no front, em qualquer missão suicida.

Deu certo, mesmo a um custo enorme, em Bakhmut. O Grupo Wagner conseguiu eliminar os bolsões de resistência do exército ucraniano – e talvez tenha sido essa sua perdição. O sucesso o levou a quebrar as últimas barreiras nos ataques constantes à cúpula das forças armadas. Daí, saltou a críticas ao “vovô”, uma forma popular de chamar Putin. E, nos últimos dias, até à própria essência da guerra: as justificativas, disse – numa das suas brutais maneiras de contar a verdade –, eram todas falsas.

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Existe alguma chance de que sua tropa particular resista às ordens dadas por um Putin furioso, a ponto de fazer esgares com a boca, de baixar armas?

Numa de suas definições históricas, Winston Churchill disse que as disputas pelo poder na Rússia eram como “uma briga de buldogues debaixo de um tapete. Você só ouve os rosnados. Na hora em que voa algum osso para fora, ficamos sabendo quem ganhou”.

Isso é exatamente o que está acontecendo agora. Tem algum outro buldogue debaixo do grande tapete russo apoiando Prigozhin?

Algumas das informações mais intrigantes dadas desde o início da invasão da Ucrânia partem dos blogueiros militares, em geral militantes ultranacionalistas que vão junto com as tropas e muitas vezes fazem críticas similares às de Prigozhin aos comandantes da operação.

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Um desses blogueiros é Igor Girkin, uma bizarra figura que combateu entre os separatistas ucranianos e é acusado de ter participado do ataque com um míssil que estillhaçou um avião da Malysian Airlines, matando 293 pessoas.

Além de pedir o julgamento de Prigozhin por traição, ele tem afirmado que o chefe do Grupo Wagner “não age sozinho”.
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“Existem forças muito sérias por trás dele”, afirmou. E deu nomes: Serguei Kirienko, que ocupa uma posição semelhante à de vice-ministro da Casa Civil, e tem uma atuação central nos territórios ucranianos ocupados.

“E Kirienko é apoiado pelos irmãos Kovalchuk”.

Yuri e Mikhail Kovalchuk são considerados os banqueiros de Putin.

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Girkin também colocou na turma o primeiro-ministro Mikhail Mishustin.

Estejam eles na conspiração ou façam parte de um grupo com inimigos poderosos que usam canais como Igor Girkin para detoná-los, a hipótese dos buldogues brigando debaixo do tapete é a mesma.

Girkin também fala abertamente sobre a origem judaica, por parte de pai, de Prigozhin. “Ele nem é russo. Não é nem de nacionalidade russa”, afirmou, agitando uma das mais conhecidas bandeiras do antissemitismo.

Girkin se identifica, politicamente, com um grupo ultranacionalista da época do império czarista cujo mote era “Matem os judeus e salvem a Rússia”.

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É esse o nível de barbárie em que se desenrolam acontecimentos de consequências imprevisíveis.

Tiranos como Putin podem fazer muitas coisas: mandar matar inimigos, decretar guerras, promover deliberadamente o isolamento do próprio país, deixar centenas de milhares de homens jovens abandonarem a pátria para não morrer no front ou mandar outras centenas de milhares exatamente na direção desse fim.

Só não podem parecer fracos.

Putin tem necessariamente que desencadear um castigo épico contra Prigozhin e os que o seguirem. Seus ossos têm que voar em grande quantidade para fora do tapete.

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O risco de não conseguir fazer isso é, obviamente, perder o poder.

Qualquer opção a Putin significaria, hoje, um nível de instabilidade maior ainda no país que tem o maior arsenal nuclear do planeta. Buldogues atômicos são de apavorar o mundo inteiro e as reuniões de emergência em países europeus e nos Estados Unidos mostram isso.

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