Namorados: Assine Digital Completo por 1,99
Imagem Blog

Mundialista

Por Vilma Gryzinski Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Se está no mapa, é interessante. Notícias comentadas sobre países, povos e personagens que interessam a participantes curiosos da comunidade global. Este conteúdo é exclusivo para assinantes.

A modalidade a jato de troca de presidente da África do Sul

E está tudo na constituição; a questão é se haverá também apenas uma troca de organização criminosa por outra. Ou já sabemos a resposta?

Por Vilma Gryzinski Atualizado em 30 jul 2020, 20h34 - Publicado em 15 fev 2018, 14h44

Sem abrir um processo de impeachment, com seus recursos intermináveis, a África do Sul fez uma troca a jato de presidente.

Depois de um pedido humilhante de mais alguns meses de prazo no poder, Jacob Zuma entendeu que estava demitido. O vice, Cyril Ramaphosa, assumiu no dia seguinte. O processo todo durou três dias.

Isso foi possível porque o país tem um regime presidencialista com uma característica do parlamentarismo: o voto ou moção de não-confiança.

E, claro, porque o partido hegemônico já tinha decidido que estava na hora de mudar de líder. Ou de capo, considerando-se os hábitos políticos extremamente parecidos com os vigentes no Brasil.

O artigo 102 da constituição sul-africana prevê que o presidente deve renunciar se a moção de não-confiança for aprovada por maioria simples. Não é preciso haver acusação de violação do dever constitucional, como no caso do impeachment, que também está previsto, mas nunca foi usado.

Continua após a publicidade

O presidente anterior, Thabo Mbeki, também teve sua carreira política abreviada da mesma forma, em 2008. É tudo constitucional, mas a raiz está no modelo soviético de organização política: um comitê central, ou politburo, do partido dominante, ou único, escolhe e derruba o líder.

O Congresso Nacional Africano, criado na na era do domínio da minoria branca, tem 272 dos 400 parlamentares da Assembleia Nacional. Quando a liderança do partido comunicou a Zuma que ele deveria renunciar, só restou o chororô.

A sucessão já estava decidida desde dezembro, quando Ramaphosa foi eleito líder do partido, derrotando uma ex-mulher e última esperança de Zuma. Em seu discurso, falou em uma década perdida devido a “falência de liderança e prioridades equivocadas”.

Continua após a publicidade

Precisava ser mais claro? Precisava, pois ninguém vai largando o poder assim na África do Sul. Por isso, comitê executivo do CNA deu o ultimato, depois de uma reunião de dez horas. Em inglês, a língua comum do país, o processo é chamado de recall, como no caso de produtos com defeito de fabricação.

E que defeitos tinha Zuma, um líder populista que contava com muita simpatia do povão, com suas quatro mulheres – simultâneas – e o uso deliberado das elegantes roupas tribais da nação zulu, o maior grupo étnico entre os quase 80% de negros da África do Sul.

Outro grupo importante é o xhosa, ao qual pertencia Nelson Mandela. Ramaphosa é da nação venda, um grupo minoritário.

Continua após a publicidade

A África do Sul tem 8,9% de população branca e igual número de “coloured”, como são chamados os pardos ou mestiços. Existe também uma minoria de origem indiana.

Foi uma família de bilionários indianos, os irmãos Gupta, que se associou a Zuma e apaniguados para o “assalto ao estado”, como foi classificada a escala de corrupção impressionante até para os padrões sul-africanos.

Desde contratos gigantescos para obras públicas até um empréstimo de fachada para a mulher mais jovem de Zuma comprar uma casona, tudo apareceu ou foi deduzido nos Gupta-Leaks, o vazamento de centenas de milhares de emails.

Continua após a publicidade

Um filme conhecidíssimo no Brasil que ajudou a empurrar o ex-presidente a uma aposentadoria sem problemas, caso as investigações não sigam seu curso, o que não é nada impossível.

Ramaphosa, adivinhem só, é um dos homens mais ricos da África do Sul, fruto de uma carreira empresarial que seguiu quando não foi escolhido para a sucessão de Mandela e se beneficiou da exigência de participação de integrantes da maioria negra na direção de empresas.

Adivinhem só quem foram os beneficiados? O novo presidente tem participação na Coca-Cola e McDonald’s.

Promete usar os conhecimentos adquiridos do meio empresarial para dinamizar a economia, combater o catastrófico desemprego de quase 30% e recuperar investimentos estrangeiros. E, claro, combater a corrupção. Boa sorte ao sul-africanos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

OFERTA RELÂMPAGO

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês*

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai a partir de R$ 7,48)
A partir de 29,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.