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A batata de Kamala está assando? Avanço de Trump não é consolidado

Poucos se arriscam a dizer quem vai ganhar no próximo dia 5. Ou será apenas uma rejeição psicológica à vantagem do ex-presidente?

Por Vilma Gryzinski 22 out 2024, 06h22

Os eleitores americanos vão votar com o bolso ou com o coração? Preferirão a economia mais sólida que houve durante o primeiro governo de Donald Trump ou se encantarão com uma candidata que parece ter sido escolhida para viver o papel principal num filme sobre a primeira presidente mulher dos Estados Unidos?

Quando dizemos “os eleitores” estamos, obviamente, nos referindo à pequena quantidade de indecisos, os que definirão o resultado dentro de duas semanas.

Os que já decidiram estão dando uma vantagem tão pequena a Trump que os especialistas hesitam em cravar: um ou dois pontos percentuais é muito pouco, embora o ligeiro aumento do ex-presidente possa apontar uma tendência irreversível, nesses momentos finais da campanha.

Em todos os assuntos que mais interessam ao eleitorado, Trump tem vantagem. Assim enumerou o pesquisador Mark Penn para o Wall Street Journal: ele tem doze pontos de vantagem sobre Kamala Harris quando a pergunta é quem se sairia melhor em matéria de imigração e quatro pontos em relação a inflação e criminalidade. Mais: 70% dos eleitores acham que tem experiência suficiente em política externa e seria melhor para lidar com questões como guerra na Ucrânia, relações com a China e guerra Israel-Hamas.

Por que, então, não está eleito?

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PALAVRAS TÓXICAS

A campanha de Kamala Harris, com ajuda maciça da maioria da imprensa, está fazendo um bom trabalho em martelar que Trump é o homem errado no lugar errado, um enrolado na justiça que traz uma ameaça à democracia e a toda a nação se for eleito presidente – não obstante seu primeiro governo não tenha sido marcado por perseguições, tendo aspectos econômicos positivos e perdure na memória dos eleitores como uma época em que tinham mais dinheiro no bolso.

A personalidade narcisista, egocêntrica e provocativa de Trump é talvez o que mais o prejudica. Seus adversários mais exaltados pintam um retrato radical, um verdadeiro perigo nacional. O general da reserva Mark Milley, ex-chefe do Estado Maior das Forças Armadas durante o primeiro governo Trump, falando a Bob Woodward para seu novo livro, usou palavras assustadoras: “Ele é agora a pessoa mais perigosa para esse país”.

“Eu tinha suspeitas sobre seu declínio mental e assim por diante, mas agora compreendo que ele é um fascista total”.

É uma definição de alguém com grande conhecimento de causa ou produto de uma espécie de vendeta brutal?

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Milley e Trump se chocaram e têm um histórico mútuo de palavras tóxicas. Numa atitude extremamente controvertida, Milley falou com seu equivalente chinês, quando o governo Trump estava terminando, e disse que qualquer iniciativa bélica não seria da parte das Forças Armadas. Trump considerou a conversa um ato de traição e disse que Miley deveria ser condenado à pena de morte. Pegar leve definitivamente não faz parte do jogo de nenhum deles.

CLIMA DE PREOCUPAÇÃO

As pesquisas revelam a ambivalência dos eleitores ainda indecisos – ou que já decidiram, mas não contam, como os que aumentam entre o eleitorado negro, especialmente homens insatisfeitos com a economia e a concorrência da mão de obra barata da imigração em massa. Pela média do RealClearPolitics, Trump tem no momento 312 votos no Colégio Eleitoral e Kamala, 226.

Pelo 538, a probabilidade de Trump ser eleito já virou e agora é de 53%.

Todas as análises mais independentes apontam um clima de preocupação na campanha do Partido Democrata, principalmente pela maioria pró-Trump nos estados pêndulo, pequena, mas importante. Muitos se recusam a admitir essa vantagem, mesmo que ainda mínima: é uma barreira psicológica difícil de transpor.

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A torcida contra Trump é tanta que a CBS se viu obrigada a reconhecer que “editou” – sinônimo de melhorou – uma entrevista de Kamala Harris. A desculpa foi que era para parecer mais “sucinta”. Basta ver as duas respostas para constatar que é mentira. Foi editado para cortar uma daquelas longas respostas que não dizem nada e deixar Kamala melhor na foto. Ou no vídeo.

REJEIÇÃO A BIDEN

“Donald Trump vai ganhar e vai ganhar convincentemente. Mas isso não significa que a esquerda progressista não vai entrar em pane”, cravou o analista Frank Mieli – que obviamente tem simpatias trumpistas.

Mieli atribui a vitória na qual aposta tão seguramente à grande rejeição ao governo de Joe Biden, do qual Kamala não tem como se desvincular, por mais que tente.

“Deixem-me ser bem clara”, disse a candidata numa rara entrevista com perguntas agressivas, na Fox, usando a fórmula habitual para dizer coisas distantes da clareza. “Minha presidência não será uma continuação da de Biden. Represento uma nova geração de líderes”.

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Como, quando, quanto e onde ela será diferente? Seguindo o padrão habitual, ficou no ar. Isso contribui para a impressão de que Kamala Harris “esconde o jogo”, fala generalidades para não revelar suas verdadeiras inclinações, mais à esquerda do que a maioria do eleitorado.

Kamala faz uma campanha disciplinada, focada em atacar as fraquezas de Trump e não em dizer o que quer fazer pelo país, fora “ajudar as famílias que batalham”. Também tem evitado afundar nos exageros da política identitária que a prejudicam, como uma entrevista escavada pela campanha republicana na qual apoia entusiasticamente cirurgias de mudança de sexo bancadas pelos cofres públicos para criminosos condenados e imigrantes clandestinos.

MCCAMPANHA FELIZ

Trump é, famosamente, indisciplinado. Vai ao McDonald’s comandar a fritadeira de batatas, conta piadas que os adversários levam a sério e zanza pelo palco quando o microfone falha. A reação de uma cliente baiana, Nayara Andrejczyk, ao vê-lo atendendo o público no drive thru da lanchonete viralizou, com seu enfático pedido: “Por favor, por favor, não deixe os Estados Unidos virarem o meu Brasil natal”.

Kamala diz que já trabalhou num McDonald’s quando fazia faculdade – mas ainda não apareceu nem um único fato, ou ex-colega, confirmando. A empresa disse não ”ter registros” disso.

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“Agora tenho mais experiência do que ela”, espetou Trump, cuja paixão pelos sanduíches é tão conhecida que já fez um comercial para a rede, em 2002. Alguns comentaristas, inclusive os que surtam de raiva por causa disso, acham até que sua performance simpática pode lhe ter garantido a vitória no dia 5.

Quem vai rolar na batata frita? Disse Nate Cohn no New York Times: os dois candidatos “estão essencialmente empatados, com nenhum deles nem sequer um ponto à frente” em cinco estados pêndulo. A vantagem de Trump é colocada em 0,2 ponto. “Não sintam tristeza ou alívio se seu candidato estiver no lado certo ou errado dessa diferença de 0,2”, avisa Cohn. Na média de treze pesquisas do voto popular feita pelo RealClearPolitics, Kamala segura a pequena vantagem: 49,2%, a 48,3%.

Não dá para negar que será uma eleição com emoção.

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