(Sem título. Sobre ‘O Código Da Vinci’)
Resumo da ópera: a trama começa com um assassinato e nas próximas 24 horas o herói: auxilia a polícia, é perseguido pela polícia (depois de se tornar suspeito do crime), vive várias peripécias e, por fim, resolve o mistério. Não, caro leitor, não se trata de Jack Bauer, mas do best-seller O Código Da Vinci, […]
Resumo da ópera: a trama começa com um assassinato e nas próximas 24 horas o herói: auxilia a polícia, é perseguido pela polícia (depois de se tornar suspeito do crime), vive várias peripécias e, por fim, resolve o mistério.
Não, caro leitor, não se trata de Jack Bauer, mas do best-seller O Código Da Vinci, de Dan Brown.
O simbologista Robert Langdon é chamado para ajudar nas investigações do assassinato de Jacques Saunière (curador do Museu do Louvre) e é auxiliado por Sophie Neveu, neta da vítima. Após a descoberta da primeira pista, ambos passam a ser tratados como suspeitos pela polícia francesa. O que se segue é uma gincana por Paris e Londres para encontrar mais pistas que os levem ao assassino do curador e ao segredo do Santo Graal. A aventura tem locais históricos, cartões postais, citações aos merovíngios, templários, Priorado de Sião, Opus Dei e, claro, Leonardo Da Vinci (sem o qual não haveria livro).
Em respeito àqueles que estavam em outra dimensão nos últimos anos e ainda não leram, assistiram ou ouviram algo sobre a obra, não vou contar o final; basta dizer que Dan Brown sabe como entreter seu público. A trama bem construída, com doses exatas de mistério e ação, torna a leitura bem agradável e envolvente (dá vontade de ler em uma sentada). Outro ponto legal é a presença de alguns fatos históricos salpicados no enredo que nos faz crer que toda a conspiração sobre o cálice sagrado é verdadeira (só para lembrar, não é – essa é uma obra de ficção).
Como nem tudo são flores, o livro apresenta algumas deficiências: o antagonista não é muito convincente (é difícil engolir Silas – muito caricatural), há imprecisões históricas (se bem que, na boa vontade, poderíamos computar esse último como licença poética – afinal é um livro de ficção) e o texto não prima pela originalidade pois, apesar de bem escrito, apresenta o formato pasteurizado dos best-sellers americanos.
Somando os prós e os contras, para quem quer uma leitura divertida e descompromissada, O Código Da Vinci tem tudo para agradar. Não é nenhuma obra-prima, mas serve para desanuviar a mente. E antes que alguém venha dizer que estou menosprezando o autor, gostaria de dizer que dou muito valor a um escritor como Dan Brown, que traz novas pessoas para o mundo da leitura. A partir destas obras o leitor pode se sentir tentado a alçar voos mais altos, o que é muito bom.
Para finalizar um comentário sobre Jack Bauer: li na internet que o criador de 24 horas queria utilizar o enredo do livro para a terceira temporada da série, mas Dan Brown não aceitou. Já imaginaram a cena com Jack Bauer atrás do Santo Graal? Talvez fosse preferível a ver Tom Hanks com aquele cabelo estranho…
Eduardo Hernandes