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Para autora de ‘Gossip Girl’, adolescência forma caráter

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Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 ago 2018, 20h45 - Publicado em 11 ago 2012, 09h00

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Ela tem 42 anos, mas é uma das principais autoras – e pioneiras – da chamada chick lit, a literatura feita sob medida para leitoras adolescentes. Com mais de 60 milhões de cópias vendidas em todo o mundo – 350.000 delas no Brasil com a sua principal obra, a saga de 13 livros Gossip Girl, já transformada em série de TV –, a americana Cecily von Ziegesar vem ao país para discutir o gênero com duas discípulas nacionais, a carioca Thalita Rebouças e a mineira Paula Pimenta.

As três se encontram neste sábado no Espaço Jovem da Bienal do Livro de São Paulo, na mesa de debate “Crush: Adolescer!”, em que vão falar daquilo que mais entendem: a adolescência. Para Cecily, que além de Gossip Girl, composta de títulos como As Delícias da Fofoca; Você Sabe que me Ama e Eu Não Mentiria pra Você; é também autora da série It Girl, a adolescência é o momento decisivo da vida. “É na adolescência que a gente se torna a pessoa que será para sempre. Por isso é tão interessante escrever sobre esse período”, diz.

A autora conta também que se inspirou em fatos da própria vida e em pessoas que conheceu para criar o universo de Gossip Girl, sua série mais famosa. E que hoje, distante do mundo glamoroso e triste das dispendiosas escolas particulares de Manhattan, enxerga como o dinheiro pode aniquilar ambições e tornar as pessoas preguiçosas e mesquinhas. Confira abaixo a entrevista de Cecily von Ziegesar a VEJA Meus Livros.

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O período escolar foi mais marcante para você do que outros? Esse estágio definiu quem você é hoje? Sim. Penso que é na adolescência que a gente se torna a pessoa que será para sempre. Por isso é tão interessante escrever sobre esse período. Infelizmente, esse é também o período em que coisas de impacto acontecem, como ver os pais se divorciarem ou ter o coração quebrado por alguém de quem você gosta – um garoto ou aquela melhor amiga que você achava que teria ao seu lado para o resto da vida.

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Você cresceu em Manhattan, e estudou em uma escola privada. Alguma experiência da sua vida foi usada para escrever Gossip Girl? A história do primeiro livro da série é baseada em algo que aconteceu comigo. Meus pais se mudaram para Roma por um ano. Eu tive um monte de experiências legais na Itália, incluindo meu primeiro beijo e meu primeiro namorado. Eu mantive contato com a minha melhor amiga, a menina rica que morava numa cobertura em frente ao Metropolitan, para quem escrevia todos os dias. Eu estava tão animada para encontrá-la quando voltei a Nova York, mas, quando cheguei à escola, ela e todos os seus outros amigos me deram as costas e não falaram comigo. Eles decidiram que eu estava mentindo sobre o meu namorado e as minhas experiências em Roma e, para me punir, me deram um gelo. Eu fiquei muito triste e chateada. Então eu tive de fazer uma nova amizade, e acabei ficando amiga de uma menina que era ainda mais rica, com um estilo de vida ainda mais decadente. Mas eu não imaginava isso, eu apenas era uma garota que precisava de uma amiga.

Além de amigos ricos, você também teve amigos que não eram amigos de verdade? Eu tive duas melhores amigas que eram podres de rica. Uma delas cresceu numa casa até normal, com um pai doutor, mas então a mãe se divorciou e se casou com um homem muito, muito rico. Ela passou a viver em uma cobertura na 5ª Avenida, em frente ao Metropolitan Museum of Art. Parece familiar? É o apartamento de Serena! Eu também fui muito próxima da filha de uma socialite famosa. A mãe dela era uma grande dama da sociedade nova-iorquina. Ela voava com a mãe para Paris, de Concorde, para ser vestida por Yves Saint Laurent. Essa amiga tinha um par de cada cor de um mesmo modelo de sapatos feitos sob medida para ela, e cortava o cabelo em casa, com o personal stylist da mãe. Havia flores frescas em cada quarto do apartamento, que tinha um salão de baile dentro. Nunca conheci ninguém que vivesse daquele jeito. Nós não temos mais contato, mas sei que ela trabalha para o padrasto, que é um estilista famoso. Que vida boa.

E alguma dessas amigas ou falsas amigas inspirou um dos personagens de Gossip Girl? Eu baseei todos os personagens da série em pessoas que eu conheci, mas mudei muitas características deles, também. Gossip Girl é ficção. Que eu saiba, pelo menos, nenhum dos meus conhecidos que leram os livros ficou zangado. Eles reconhecem algumas coisas, eu cheguei a usar alguns nomes reais – eu de fato conheci uma Blair e uma Serena –, mas tudo foi tão modificado que nenhuma pessoa em particular está retratada nos livros. Acho que ficcionistas trabalham assim: pegam coisas emprestadas da realidade e as retrabalham à sua maneira.

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Na sua opinião, coisas como competição e abuso de drogas são mais comuns entre os ricos? Acho que qualquer pessoa privilegiada, que consegue tudo o que quer e ainda mais, desenvolve um tipo de preguiça. Eles acham que estão acima do bem e do mal, livres dos problemas que as pessoas comuns têm. E acham que são infalíveis. Eu estou muito consciente disso agora porque tenho crianças pequenas. Eles não têm todos os privilégios que eu tive. Acho que privilégios podem ser prejudiciais. Eles matam as ambições. Se você trabalha duro para adquirir benesses, é uma coisa, mas ninguém deveria ter facilmente tudo o que deseja. Talvez você nem queira uma coisa tanto assim.

Você se identifica com essa vida glamorosa dos personagens de Gossip Girl? Eu não sou nada glamorosa. Eu sou baixinha e engraçadinha, com uma cabeça enorme. Eu adoraria parecer uma modelo, mas infelizmente não pareço. Eu tive uma boa educação, então isso ajuda. Eu não sei onde eu estaria se eu não pudesse escrever coisas divertidas e rir do glamour em vez de buscá-lo.

Seus filhos já leram seus livros? Minha filha, Agnes, é a mais velha, tem dez anos. Ela vai ler os livros quando estiver pronta. Ela adora ler, mas ainda não está muito interessada em história de personagens mais velhos que ela.

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Você vive no Brooklyn hoje, um lugar mais alternativo de Nova York, ao sul de Manhattan. Você prefere o local ao chique Upper East Side? Meu bairro no Brooklyn, o Cobble Hill, é um local muito doce, seguro e bacana para crescer. É muito agradável. A escola dos meus filhos é muito boa, e não é competitiva como aquela em que estudei, em Manhattan. É, aliás, o oposto do lugar onde estudei. Não diria que é melhor, porém. O Upper East Side é muito bacana, também.

Da série Gossip Girl, há um volume que você prefira? Eu amo o segundo livro – Você Sabe que Você me Ama. Acho que ali eu realmente consegui entrar na cabeça de Blair e mostrar suas inseguranças. Ela se tornou uma pessoa real, não apenas uma riquinha intragável. Ela ficou até engraçada, e foi divertido escrever sobre ela. Enquanto eu escrevia o primeiro livro, eu estava mais preocupada em achar um tom para a série, já no segundo eu pude me divertir.

O que você achou da adaptação da série para a TV? Eu vejo cada episódio da televisão e sempre gosto. Alguns episódios são melhores que outros, mas é assim com qualquer série de TV. Na última temporada, eu tuitei durante os episódios, o que foi bacana, porque pude me comunicar diretamente com fãs e tricotar com eles sobre os personagens. Eu não tenho nada a ver com o roteiro da série televisiva, e acho que eles têm feito um trabalho incrível.

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Em que você trabalha agora? Estou trabalhando em uma série de TV com a editora dos livros de Gossip Girl. Nós nunca fizemos televisão, então é um barato, é tudo novo. É uma série que também se passa em Nova York, mas com personagens por volta dos 20 anos. Enquanto escrevo, ela olha por cima do meu ombro e faz sugestões. Às vezes, nós tentamos atuar, interpretar esse texto, o que é hilário – especialmente uma cena de trapézio, coisa que obviamente não temos nos nossos apartamentos. Também planejo um livro sobre garotas, talvez da idade da minha filha, porque ela está me implorando. Ela adora ler, mas às vezes tem dificuldade de encontrar um livro de que goste. Ela é muito esperta e tem um grande senso de humor. Quero dedicar um livro a ela.

 

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