
Foi com surpresa e tristeza que os apaixonados por livros receberam a notícia de que a editora Cosac Naify, referência no mercado de arte e luxo, encerrará suas atividades. Em entrevista publicada na edição desta terça-feira no jornal Estado de S. Paulo, o editor Charles Cosac, que mantém a empresa ao lado do americano Michael Naify, afirmou que a decisão foi tomada pela dificuldade de manutenção dos projetos editoriais, que demandam um alto investimento sem garantia de retorno financeiro.
Cosac conta que investiu cerca de 70 milhões de reais na editora e não recebeu nenhum retorno. “Somos uma editora cult, cujos livros são destinados a professores acadêmicos e estudantes de arte, e não gostaria de ver nossa linha editorial desvirtuada”, diz sobre possíveis caminhos para “salvar” a empresa, como diminuir a qualidade gráfica, publicar de forma desenfreada títulos em domínio publico, ou se associar a um conglomerado editorial. “Queria que ela acabasse como começou, não como uma editora decadente.”
A editora planeja negociar seu catálogo, que possui cerca de 1.600 títulos, com autores como Pier Paolo Pasolini, Liev Tolstói, Claude Lévi-Strauss, Valter Hugo Mãe, Tunga, entre outros. O escritor pernambucano, aliás, deu início às atividades da editora, com o livro Barroco de Lírios, publicado pela Cosac Naify há 19 anos. E será uma obra assinada por ele, ainda em preparo, que fechará as portas do grupo.
Na internet, os fãs da editora manifestaram sua tristeza. “Sinto que ficamos mais ignorantes com essa perda”, diz um usuário do Twitter. “Só este ano, 80% das minhas compras de livros foram do maravilhoso catálogo da Cosac Naify. Portanto, eu vou chorar essa perda”, diz outro.