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O paradoxo criado por Stephenie Meyer

Amanhecer (Intrínseca; 567 páginas) é o último livro da quadrilogia Crepúsculo, escrita pela até então escritora estreante Stephenie Meyer. Narra o desfecho do romance entre Bella Swan, uma adolescente meio sem graça, meio sem jeito e Edward Cullen, um vampiro bonzinho que brilha a luz do sol e se alimenta do sangue de animais, poupando […]

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2020, 14h30 - Publicado em 18 ago 2010, 20h18

Amanhecer (Intrínseca; 567 páginas) é o último livro da quadrilogia Crepúsculo, escrita pela até então escritora estreante Stephenie Meyer. Narra o desfecho do romance entre Bella Swan, uma adolescente meio sem graça, meio sem jeito e Edward Cullen, um vampiro bonzinho que brilha a luz do sol e se alimenta do sangue de animais, poupando humanos. Nele é revelado, afinal, se Bella vira uma vampira ou não. A série de livros é completada pelos anteriores Crepúsculo, Lua Nova e Eclipse.

Ler Amanhecer é como observar uma batalha paradoxal. Conceitos presentes nele, considerados antigos e ultrapassados pelos jovens hoje, são revalidados por esta mesma geração, que coloca os livros da série nas listas de mais vendidos no mundo inteiro. Um exemplo é a forma como o sexo é tratado no texto: Bella tem sua primeira noite com Edward somente após o casamento. E por exigência dele, que a persuade com toda uma conversa sobre preservar a alma e a virtude dela, blá, blá, blá… Muitos dizem que aí há a influência da religião de Meyer, uma dona-de-casa americana mórmon. O mais polêmico é o sucesso que esta abordagem sobre o tema faz entre o público leitor (principalmente entre as garotas) que, com seus hormônios fervilhando, é composto por jovens, em sua maioria, que vivem sob um código mais ou menos liberal herdado da revolução sexual.

Vários outros aspectos contraditórios são encontrados no livro. Às vezes, parecem ser recursos rasteiros para criar conflitos na narrativa, às vezes, parecem querer mesmo é botar lenha na fogueira e enfurecer feministas mundo afora. Será que uma adolescente de 18 anos, que julga ter encontrado seu príncipe encantado literalmente numa armadura brilhante, rejeitaria inicialmente o pedido de casamento dele porque se importa com a fofoca que isso geraria entre os habitantes de sua cidadezinha? E o que dizer do jeitão controlador e até machista de Edward, que dá margem a discussões acaloradas sobre a liberação feminina ser ignorada pela atitude complacente de Bella em relação aos mandos e desmandos do namorado, durante a série Crepúsculo inteira?

Muito do sucesso deste e dos outros livros da série se deve à narrativa de Meyer, fácil, fluída, tensa e pela habilidade da autora de segurar os mistérios da história com maestria até o final, sem cansar o leitor, apesar das quase 600 páginas de Amanhecer, por exemplo. Interessantes, também, são os ganchos para a leitura de clássicos, lançados em epígrafes ou organicamente na narrativa dos livros da série. Títulos como Romeu e Julieta, de Shakespeare, Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade e Mansfield Park, de Jane Austen, e O Morro dos Ventos Uivantes, de Emily Brontë, são citados como preferidos por Bella e assumidamente pela autora americana. Devo dizer que o que me surpreendeu positivamente mesmo foi a resolução pacífica do conflito final, entretanto, considerada incoerente por alguns críticos e fãns da quadrilogia. A escritora já declarou ter se inspirado em outra obra de Shakespeare, O Mercador de Veneza, para redigir esse trecho.

Os livros de Stephenie Meyer podem não ser recomendados para quem aprecia, digamos, uma literatura vampiresca mais elaborada, representada pelo aclamado Drácula, de Bram Stocker, afim citar somente um exemplar do gênero. Mas, se este é o seu caso e se mesmo assim você quiser matar sua curiosidade sobre eles, vá em frente. Apenas esteja alerta de que são romances comerciais, dirigidos a um público-alvo formado por jovens românticos, identificados com uma heroína comum e sem muitos atrativos, mas que, apesar disso, consegue realizar sonhos antes inimaginados. Ao que se conclui que pelo menos algumas gargalhadas estão garantidas.

Alice Cristiane Rangel Silveira

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