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O mestre Machado de Assis

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Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 ago 2018, 22h53 - Publicado em 14 fev 2011, 18h33

dicionario-machado-assis-veNão apenas literatura tem a ensinar a lavra do bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis. Num livro lançado em dezembro passado e ainda pouco divulgado, o Dicionário de Machado de Assis – Língua, Estilo, Temas (editora Lexikon, 322 páginas), o professor universitário aposentado pela UFRJ Castelar de Carvalho transforma as linhas de Machado de Assis em lições de gramática e estilo.

Castelar de Carvalho, que é membro da Academia Brasileira de Filologia, esmiuçou nove livros do bruxo do Cosme Velho, incluindo os amplamente conhecidos Dom CasmurroMemórias Póstumas de Brás Cubas. A partir das leituras, criou centenas de verbetes, depois distribuídos em três temas principais, que deram origem às três partes do dicionário: uma dedicada à língua propriamente dita, outra ao estilo e a última aos temas machadianos.

Para além de um livro de referência e de um retorno nostálgico às aulas de português do colégio, a obra de Castelar de Carvalho é um modo saboroso de se conhecer melhor a língua portuguesa. Repleto de exemplos, o dicionário é de leitura fácil e se permite folhear, propiciando ao leitor diversas ordens e formas de leitura.

“Virgília foi o meu grão pecado da juventude; não há juventude sem meninice; meninice supõe nascimento; e eis aqui como chegamos nós, sem esforço, ao dia 20 de abril de 1805, em que nasci”, diz um faceiro Brás Cubas, numa passagem em que se vê um excelente caso de concatenação, dentro da parte do dicionário dedidaca ao estilo machadiano.

Bem resolvido, o estilo de Machado de Assis também se faz presente no tomo focado na língua portuguesa. Castelar de Carvalho mostra, por exemplo, como o uso de uma partícula “se” expletiva pode realçar uma frase, dar a ela mais dramaticidade ou graça. O período “Lá se iam a bailes e festas, lá se ia a liberdade e a folga”, extraído de Esaú e Jacó, ganha o seguinte comentário por parte do autor do dicionário: “Atente-se para o contraste entre a presença do se expletivo na primeira oração e sua ausência na segunda, para manter o paralelismo silábico da frase ritmada.”

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O exemplo que segue agora é de Dom Casmurro. De acordo com Castelar de Carvalho, o uso do “se” em “riu-se”, no período “Contei discretamente a anedota a Escobar, para que ele me compreendesse e desculpasse; riu-se e não se magoou”, garante expressividade ao verbo. “Observe-se o contraste entre os dois tipos de voz medial: em ‘riu-se’, o pronome se é expletivo e poderia ser retirado, perdendo o verbo em expressividade, mas não em valor semântico”, diz o autor. “Em ‘se magoou’, temos a voz medial dinâmica, e o pronome se é parte integrante do verbo essencialmente pronominal magoar-se, que, neste caso, não pode ser conjugado sem o dito pronome.”

Pensando bem, para quem não é muito afeito à gramática, as análises do professor Carvalho podem soar como papo de maluco. Mas de um maluco que encontra – e consegue mostrar – um grande barato nas letras do bruxo.

Maria Carolina Maia

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