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Leitura de verão: Otto Lara Resende por ele mesmo

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Por Rodrigo Levino
Atualizado em 13 ago 2018, 21h41 - Publicado em 8 jan 2012, 09h07

Otto Lara Resende (1922-1992) desmentiu ao longo da vida uma de suas frases mais célebres, a que dizia que os mineiros são solidários apenas no câncer. O Rio É Tão Longe (Companhia das Letras, 416 páginas, 49 reais), livro que reúne cartas suas enviadas ao escritor Fernando Sabino entre 1944 e 1970 é, além de objeto de alto valor literário, uma prova inconteste de afeto e solidariedade intermitentes entre os dois — um nascido em São João Del Rey e o outro, em Belo Horizonte. Bom Dia para Nascer (Companhia das Letras, 456 páginas, 49 reais), uma coletânea de crônicas suas publicadas no jornal Folha de S. Paulo, também mostra a faceta humanista de Lara Resende. Além de seu talento para observador perspicaz do dia a dia do país.

Jornalista e escritor, a quem Nelson Rodrigues recomendou a companhia de um taquígrafo que anotasse suas frases para vendê-las, de tão lapidares e espirituosas, Otto Lara Resende formou com Sabino, Helio Pellegrino e Paulo Mendes Campos uma patota intelectual. “Os quatro cavaleiros do Apocalipse íntimo”, como os chamava Carlos Drummond de Andrade, eram onipresentes na segunda metade do século XX no Brasil.

Mas foi com Sabino, de quem foi amigo por mais de 50 anos, que se deu a relação mais próxima. Os dois até fundaram uma editora, a Do Autor, por onde Lara Resende publicou algumas de suas obras mais conhecidas, como o romance O Braço Direito e o livro de contos e novelas O Retrato na Gaveta.

A dedicação de Lara Resende às cartas e aos amigos era tanta que não raro se exasperava com a lentidão ou a ausência de respostas às suas cartas. “Estou convencido de que sou o último cidadão que ainda se dedica a este gênero obsoleto que é o epistolar”, reclama ele em uma das missivas. Respondidas ou não, as cartas continuavam sendo enviadas. Hoje, elas servem para compor o retrato dos protagonistas de uma época rica para o jornalismo e a literatura brasileira.

Taciturno e sombrio quando escrevia ficção, Lara Resende era bem humorado, à vontade e dado a chistes quando tratava com Sabino. Mesmo vivendo em um momento político delicado, a ditadura militar no Brasil, os dois se dedicam pouco ao assunto nas cartas. Lara Resende, quase nada fala da cultura de Lisboa e Bruxelas, onde foi adido cultural.

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Preferia saber do amigo, falar dos aborrecimentos com o trabalho e compartilhar dificuldades na criação dos seus romances e contos. Como não foi capaz de fazê-lo em público, o jornalista se permite um momento de desforra quando, sem economizar palavrões, desanca Wilson Martins, o crítico literário mais respeitado de então, que demoliu seu romance O Braço Direito. Era este o seu lado de dentro.

Para o grande público, o Lara Resende que se apresentava era mais discreto, nem por isso menos divertido. Em crônicas diárias (são 266 em Bom Dia para Nascer), tratava de cotidianidades e debates leves, de literatura (tinha certeza da traição de Capitu a Bentinho, em Dom Casmurro), política, perfis de escritores, o verão carioca e dos amigos que aos poucos partiam. Sempre com frases curtas e exatas, dando a certeza de que Nelson Rodrigues estava certo em lhe recomendar um taquígrafo. Elas, as frases, agora estão à venda.

 

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