Juvenil Pedro Bandeira volta à série que marcou gerações
Meire Kusumoto Quinze anos após o lançamento do quinto volume da série Os Karas e trinta depois do livro de estreia da saga, A Droga da Obediência, que sozinho vendeu 2 milhões de exemplares, Pedro Bandeira anuncia o retorno da turma formada por Miguel, Chumbinho, Calu, Crânio e Magrí, quem sabe pela última vez. Com 68 anos, 42 […]

Meire Kusumoto
Quinze anos após o lançamento do quinto volume da série Os Karas e trinta depois do livro de estreia da saga, A Droga da Obediência, que sozinho vendeu 2 milhões de exemplares, Pedro Bandeira anuncia o retorno da turma formada por Miguel, Chumbinho, Calu, Crânio e Magrí, quem sabe pela última vez. Com 68 anos, 42 deles de carreira, e 30 milhões de exemplares vendidos, Bandeira volta à série após resolver um impasse que se impôs nos últimos anos. “Seria estranho a turma de Os Karas, que é de classe média, não ter acesso a computador e celular como antes. Ao mesmo tempo, se os meninos agora tivessem esses aparatos não seriam mais aqueles personagens que os meus leitores os conheciam”, diz o escritor.
Em A Droga da Amizade (Editora Moderna), que o escritor lança nesta quinta-feira na Bienal do Livro de São Paulo, vê-se que a solução foi até bastante simples. A história é contada pelo líder do grupo, Miguel, que já adulto relembra os tempos de infância, vivida em uma época pré-internet. Se agradou ao autor, antes amarrado pelo impasse tecnológico, o livro não terá dificuldade de atrair o público da série, cada vez maior. De acordo com Bandeira, seus livros vendem mais hoje, após o advento de sagas juvenis fantasiosas como Harry Potter e Crepúsculo. O que se deve, na sua opinião, menos às sagas estrangeiras que aos efeitos da alfabetização tardia do país. “A Europa viveu uma revolução alfabetizadora e editorial já no século XVI, coisa que aconteceu aqui no século XX. O boom da literatura infantojuvenil é resultado disso.”
Apesar do bom desempenho comercial, a editora anunciou que A Droga da Amizade deve ser o último título da série de Bandeira. Já o próprio escritor titubeia. “É difícil dizer que coloquei o ponto final. Tenho uma história em mente, para escrever, e só consigo vê-la com a turma de Os Karas”, diz o autor, que afirma estar longe da aposentadoria e ter vários trabalhos iniciados, sem saber qual deles será transformado em livro. Ativo e animado, Pedro Bandeira participa da Bienal do Livro nesta quinta-feira na mesa “Primeiras Leituras para Todas as Idades”, no Salão de Ideias, às 14 horas. A Bienal do Livro de SP acontece no pavilhão de exposições do Anhembi.
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Por que a decisão de retomar a série Os Karas quinze anos após o último lançamento? E por que colocar o ponto final na história? Escrevi o primeiro livro, A Droga da Obediência, em 1982, quando não havia computador, internet, celular. Escrevi algumas continuações a pedidos de fãs e depois empaquei, porque o mundo estava mudando rápido demais. Como a série é mais ou menos realista e se passa no mundo que a gente conhece, seria estranho a turma de Os Karas, que é de classe média, não ter acesso a essas novidades tecnológicas. Como eu poderia retratar um adolescente que usa uma fichinha no telefone público quando quer falar com alguém? Ao mesmo tempo, mostrar os meninos da série com esses aparatos ia trazer uma visão nova, eles não seriam mais como meus leitores os conheciam. Por isso, demorei cerca de dez anos para voltar a escrever sobre Os Karas. Encontrei um jeito de fazer um novo livro, com o protagonista, Miguel, já adulto e lembrando como havia conhecido a turma. Mas é difícil dizer que A Droga da Amizade é o último livro da série. Tenho uma ideia de tratar a explosão demográfica do mundo e só consigo ver essa história sendo protagonizada por esse grupo.