Quando estava no colégio, o escritor americano Tobias Wolff estudava em uma escola ruim e vivia uma situação familiar desagradável, com um padrasto que ele odiava. Então, ele decidiu tentar uma bolsa para um colégio interno, para a qual ele sabia que não tinha nenhuma chance porque era um péssimo aluno. Mas Wolff conseguiu a vaga mentindo: escreveu cartas de recomendação com nome dos professores – inclusive dos que o tinham reprovado –, dos treinadores dos times nos quais ele não tinha jogado, além de ter preenchido o boletim, que a escola completava a lápis, com notas que ele não tinha tirado. “Esse foi meu primeiro personagem de ficção: um excelente aluno, que todo mundo adorava, bem recomendado e ótimo atleta. Eu estava naquele momento experimentando escrever um romance”, contou o escritor durante o debate na mesa “Ficção e Confissão”. Ao seu lado, estava o mexicano Juan Pablo Villalobos, que substituiu de última hora o norueguês Karl Ove Knausgård. Como mediador, a mesa teve o crítico literário e editor Ángel Gurría-Quintana.