Em novo livro, sociólogo Zygmunt Bauman volta o seu ‘pessimismo’ contra o capitalismo
Bastante conhecido no Brasil por livros como Amor Líquido, em que analisa o padrão volátil dos relacionamentos atuais, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman volta ao mercado brasileiro, no próximo dia 21, com um título em que dirige seu olhar ao sistema capitalista. Em Capitalismo Parasitário (Zahar; 96 páginas; 19 reais), que chega às livrarias no próximo dia […]
Bastante conhecido no Brasil por livros como Amor Líquido, em que analisa o padrão volátil dos relacionamentos atuais, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman volta ao mercado brasileiro, no próximo dia 21, com um título em que dirige seu olhar ao sistema capitalista. Em Capitalismo Parasitário (Zahar; 96 páginas; 19 reais), que chega às livrarias no próximo dia 21, Bauman destila crítica em frases como “o capitalismo se destaca por criar problemas, e não por solucioná-los”.
Bauman é perspicaz e procura retratar a realidade sem maquiá-la. A metáfora escolhida para nomear o livro, no entanto, é rasa, como se vê no trecho a seguir. “Sem meias palavras, o capitalismo é um sistema parasitário. Como todos os parasitas, pode prosperar durante certo período, desde que encontre um organismo ainda não explorado que lhe forneça alimento. Mas não pode fazer isso sem prejudicar o hospedeiro, destruindo assim, cedo ou tarde, as condições de sua prosperidade ou mesmo de sua sobrevivência.”
Soa ingênuo, como a passagem, “Os indivíduos que têm uma caderneta de poupança e nenhum cartão de crédito são vistos como um desafio para as artes do marketing: ‘terras virgens’ clamando pela exploração lucrativa”.
Soa, aliás, óbvio. Porque não deixamos de lhe dar razão. E é preciso dizer que o livro tem linhas melhores, como quando ele diz que “A alegria de ‘livrar-se’ de algo, o ato de descartar e jogar no lixo, esta é a verdadeira paixão do nosso mundo”. Aqui, o sociólogo se reconecta ao grande tema de sua produção, ao assunto que perpassa toda a sua obra, a liquidez. O foco de Bauman, em seus livros – no Brasil, foram lançados vinte, que venderam juntos 200.000 exemplares – são os elementos que podem ser considerados em estado de liquidez e que, por isso, geram mal estar social.
Bauman pode ser acusado de um pessimismo à la José Saramago, embora o próprio rejeite se definir como otimista ou o oposto – um sistema binário em que não vê como se encaixar. É no último capítulo de Capitalismo Parasitário, Um Homem com Esperanças, que ele faz essa revelação, e que dá um passo no sentido de escapar da pecha de pessimista.
Nele, como o título indica, Bauman lembra que a humanidade ainda não chegou à falência e que há caminhos que podem desviá-la deste destino. “Acredito que é possível um mundo diferente e de alguma forma melhor do que o que temos agora.”
Maria Carolina Maia