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Drácula revive pelas mãos de outro Stoker

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Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 13 ago 2018, 23h58 - Publicado em 13 ago 2010, 09h08

Uma das atrações prometidas para a Bienal do Livro de São Paulo nesta sexta-feira, 13, o canadense Dacre Stoker, 51, aproveitaria sua visita ao Brasil para lançar Drácula – O Morto Vivo (Ediouro, 480 páginas, 49,90 reais), livro que dá continuidade à obra de seu tio-bisavô – a quem chama quase sempre pelo primeiro nome, “Bram”. Isso mesmo: ele é parente do homem que criou a mais clássica versão do vampiro, criatura sanguinária que reconquistou imensa popularidade com a série Crepúsculo, de Stephanie Meyer. Parente e devoto – ou tributário. Além de dar nova vida a seu personagem, em vez de criar um próprio, ele trabalha para erguer uma estátua em sua homenagem na Irlanda e para editar um livro pelo centenário de sua morte, que será comemorado em 2012.

Por azar, a participação na Bienal não acontecerá – na noite de quinta, a mesa que discutiria Drácula foi cancelada, porque Stoker não conseguiu embarcar – perdeu o prazo para tirar o passaporte. Os organizadores da Bienal prometeram agendar uma nova data para sua visita. Em entrevista a VEJA.com, Dacre Stoker mostra que está antenado com o movimento vampiresco no mercado editorial. Leu Stephanie Meyer e Charlene Harris (True Blood, série de livros que deu origem a um seriado de TV de mesmo nome, atualmente em exibição). E tem do sucesso do gênero uma visão bastante objetiva. “Os consumidores estão em busca de um entretenimento que funcione como escapismo.” Confira, abaixo, os melhores momentos da entrevista.

Por que você decidiu fazer uma sequência do Drácula, de seu tio-bisavô Bram Stoker, em vez de criar seu próprio vampiro? Eu senti que era importante continuar a história que meu tio-bisavô começou. É um romance clássico, uma obra que deu início a muitas outras. Mas, de certo modo, nós (Drácula – O Morto Vivo foi escrito em parceria com o roteirista Ian Holt) criamos um novo vampiro. O nosso personagem é uma mistura do ficcional Conde Drácula e do histórico Príncipe Drácula, da Romênia. A história de Bram termina de um modo ambíguo, e eu achei evidências que me fizeram acreditar que ele não pretendia deixar Drácula morrer no final. Foi isso que me fez dar continuidade à história.

Você tem acompanhado a literatura vampiresca que tem sido produzida recentemente? Eu, na verdade, gosto mais dos livros de escritores antigos, como John Polidori (1795-1821), autor de O Vampiro (1819) e Joseph Sheridan Le Fanu (1814-1873), o criador de Carmilla. Esses são dois dos livros que influenciaram a escrita de Bram. Entre os autores mais modernos, prefiro Stephen King e A Hora do Vampiro (Salem’s Lot, de 1975). King modernizou a americanizou o Drácula – “Uma noite, durante o jantar, eu me perguntava em voz alta o que aconteceria se Drácula reaparecesse no século XX, nos Estados Unidos”. Eu acho intrigante essa influência de Bram sobre King. Eu também sou fã de Entrevista com o Vampiro, de Anne Rice. Nas suas histórias, os vampiros têm emoções e se tornam personagens dignos de empatia e mesmo de inveja – por seu poder e sua imortalidade. A empatia decorre do fato de eles serem amaldiçoados e se tornarem desejados – ou, ao menos, dignos de compaixão.

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Mas você já leu Crepúsculo, de Stephanie Meyer? Sim, e acho maravilhoso o universo criado por Stephanie Meyer – como acho que é para todo mundo. Os vampiros têm uma habilidade incrível de se reformatar e se adaptar a novos ambientes para sobreviver. Após mais de 113 anos (Drácula é de 1897), nós vemos essas criaturas ganharem adaptações por meio de autores criativos e diretores que as lançam em uma enorme variedade de gêneros. A saga Crepúsculo tem retratado os vampiros como adolescentes problemáticos. Eles, contudo, ainda seguem a maior parte das regras básicas que nós associamos com os vampiros por um século.

Os vampiros de Crepúsculo não são inovadores, então? Várias histórias modernas de vampiros, como as da série Anita Blake, a caçadora de vampiros, de Lauren K. Hamilton, tomam a forma do vampiro romântico. Esse tipo de história prova que o mito do vampiro ainda é muito popular, mas muda ao longo do tempo. O leitor moderno não quer ler sobre um vilão aristocrático que ataca mulheres, preferindo pintar o vampiro como o perigoso objeto de desejo – por vezes, inatingível. Isso se torna ainda mais real com o vampiro Edward Cullen, criado por Stephanie Meyer em Crepúsculo. Edward apresenta algumas características do vampiro tradicional, como uma mudança na aparência se não se alimentar, força super-humana e capacidade de seduzir jovenzinhas. Edward pode ignorar os efeitos do alho e das cruzes e não é prejudicado pela luz solar – ele até brilha ao sol. Eu soube que Stephanie Meyer admitiu nunca ter lido o romance do meu tio-bisavô, Bram Stoker, o que explica por que sua raça de vampiros é diferente. Edward Cullen, mais que qualquer outra coisa, abraça a noção do perigoso, mas magnético interesse do amor.

O que fez dos vampiros de Stephanie Meyer um fenômeno cultural? Os vampiros são conectados à nossa psique via história, folclore e literatura – e não falo apenas do livro de Bram Stoker. Hoje, sua elevada presença na cultura pop pode ser atribuída, na minha opinião, ao fato de termos tantos escritores e diretores talentosos adaptando os vampiros ao público moderno. Meyer criou seus vampiros como personagens complexos: eles podem ser vilões, algumas vezes, e também heróis românticos, além de seres deslocados simplesmente tentando fazer parte do mundo e sobreviver. A base de leitores que ela atingiu, de adolescentes a donas de casas e avós, todas procurando uma excitante história de amor com o horror dos vampiros como tema principal. Além disso, como na Grande Depressão americana dos anos 1930, os consumidores estão em busca de um entretenimento que funcione como escapismo completo. Nesse caso, o que pode ser melhor que um mundo de vampiros?

E a série True Blood, que deu origem ao seriado de TV de mesmo nome? Bill Compton, personagem criado por Charlene Harris para True Blood, tem uma compaixão incomum pela vida humana, que definitivamente o afasta do Drácula de Bram. Para mim, Bill é um cara deslocado, um peixe fora d’água – ele só inicia relacionamentos porque deseja se encaixar, apesar de ser o que é (um vampiro, e todos sabem). É irônico que, em alguns casos, os vampiros são vulneráveis ao povo do país onde se encontram, que pode lhe neutralizar e roubar o sangue para aumentar a vitalidade sexual. Além disso, Lestat, o protagonista de Crônicas Vampirescas, de Anne Rice, é um sugador de sangue que se mantém fiel à visão que Bram tem do vampiro. Ele é telepático, tem uma força imensa, pode voar e mesmo sobreviver a exposições ao sol, embora se enfraqueça com a luz solar. Ele tem consciência e vive um dilema com a ideia de matar, algo que vemos no romance de Bram.

 

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