Beatriz Bracher vence Prêmio São Paulo de Literatura 2016
Escritora levou 200.000 reais pelo romance ‘Anatomia do Paraíso’

Anatomia do Paraíso acaba de render a Beatriz Bracher seu segundo grande prêmio do ano. Primeiro, ele venceu o estreante Prêmio Rio de Literatura, no valor de 100.000 reais. Na noite desta segunda-feira, o livro foi reconhecido pelo Prêmio São Paulo de Literatura como o melhor romance publicado em língua portuguesa no Brasil em 2015. Bracher, que desbancou nomes como Mia Couto, Raimundo Carrero e João Almino, ganhou 200.000 reais.
LEIA TAMBÉM:
Jornalista e pesquisadora Joselia Aguiar é a nova curadora da Flip
Amazon e Nova Fronteira criam prêmio para autores independentes
Para o júri, formado por Adriano Schwartz, Elisabeth Brait, Estevão Azevedo, Heloísa Jahn e Ronald Polito de Oliveira, trata-se de um “livro intenso, com personalidade desde a primeira página, inteligente e provocador, escrito em linguagem bela e refinada, com descrições precisas, visuais, associadas à construção da tensão”.
Anatomia do Paraíso (Editora 34) conta a história de um jovem estudante de classe média que escreve uma dissertação de mestrado sobre Paraíso Perdido (1667), poema épico de John Milton que narra a queda do homem e a expulsão de Adão e Eva do paraíso. “Não é uma leitura fácil, e essa é outra qualidade deste romance”, diz, ainda, o júri.
Outros dois escritores foram premiados. Vencedor do Prêmio Sesc em 2012 com os contos de Réveillon e Outros Dias, sua estreia literária, Rafael Gallo levou, agora, o Prêmio São Paulo por seu primeiro romance. Delicado livro sobre uma mãe às voltas com a decisão de encerrar as buscas por seu filho desaparecido três décadas antes, aos cinco anos, Rebentar (Record) foi eleito pelo como a melhor obra da categoria Estreante com menos de 40 anos. Gallo ganhou 100.000 reais.
“Às vezes, a condução do enredo nos dá a impressão de que o autor vai escolher alguma saída redentora, mas ele não faz isso e sustenta de modo vigoroso, por quase 400 páginas, essa história de um aprendizado impossível”, justifica o júri.
Já Marcelo Maluf venceu a categoria Estreante com mais de 40 anos com o romance A Imensidão Íntima dos Carneiros (Reformatório). O livro acompanha a tentativa de um neto, Marcelo, de conhecer o avô, morto antes de seu nascimento, e de compreender sua identidade. A história se alterna entre os anos 1920 e 2013, entre as montanhas de Zhale, no Líbano, e Santa Barbara D’Oeste, no interior de São Paulo.
“Romance ao mesmo tempo delicado, sobretudo na linguagem, e forte, na ideia de que toda tragédia perpetua, ainda que de forma não aparente. O autor bebe com felicidade incomum na tradição da narrativa e das fábulas para dar conta de uma trama que se passa em tempos e realidade tão distante”, escreve o júri.
(Com Estadão Conteúdo)