
Rafael Aloi
Cinco ataques alienígenas, que matam 98% dos humanos. Este é o ponto de partida da saga literária – e agora também cinematográfica – A 5ª Onda. A distopia teen do momento, que fez 97 milhões em bilheteria no mundo, é baseada em uma série de livros do escritor Rick Yancey. Apesar de a trama focar em uma invasão extraterrestre, o autor não possui um plano de sobrevivência traçado para o caso de o planeta ser invadido. “Por que os alienígenas se importariam em invadir a Terra?”, questionou brincando em entrevista por telefone ao site de VEJA, da Flórida, onde vive.
Fã de ficção científica e fantasia, especialmente de nomes como J.R.R. Tolkien e Isaac Asimov, Yancey gosta da capacidade que o estilo possui para mexer com a criatividade do leitor. “São tramas que despertam a nossa imaginação quando somos jovens”, diz.
Também autor da trilogia As Extraordinárias Aventuras de Alfred Kropp (Editora Objetiva) e da quadrilogia O Monstrologista (Editora Difusão Cultural), Yancey se prepara para lançar o último título da série, que conta com os dois livros A 5ª Onda e O Mar Infinito (Editora Fundamento). O episódio final, The Last Star, chega às livrarias em abril.
Confira abaixo a entrevista completa com Rick Yancey:
O que achou da adaptação de A 5ª Onda para os cinemas? Essa é a primeira vez que um romance meu é adaptado para os cinemas. Foi uma experiência bem interessante. Eu tinha um livro de 500 páginas que foi transformado em um filme de duas horas. Isso sempre coloca os produtores em uma posição desafiadora, em como capturar a essência da história, mas ainda assim torná-la atrativa para o cinema. Acho que eles conseguiram. Porém, eu assisti ao filme sendo a pessoa que criou tudo, então é difícil ver como um espectador normal. Enquanto eu assistia, minha imaginação e memória iam preenchendo as partes que faltavam, que cortaram ao adaptar. Eu conseguia ver as coisas que estavam no livro, mas não no filme. Então eu nunca vou saber dizer como é realmente experimentar àquela história pela primeira vez, que é a intenção do longa.
Quando foi definido que seu livro seria transformado em filme, qual foi o seu primeiro pensamento? Foi ‘espero que eles não estraguem tudo’. É incrível como um filme é feito, são muitos processos complexos, há muitos fatores envolvidos. Quando você escreve é apenas você e o seu computador, para um filme é necessário um exército, com muitas pessoas envolvidas.
O segundo livro, O Mar Infinito, é um pouco diferente do primeiro, pois foca em novos personagens, o que podemos esperar do terceiro? O segundo livro é quase como uma ponte entre o primeiro e o terceiro, no qual todos os elementos que foram introduzidos se unirão. Na minha opinião, este será o melhor livro da série, espero que os fãs gostem da história tanto quanto eu.
Você pode antecipar alguma coisa da história? Todas as grandes questões levantadas nos dois primeiros serão respondidas. Por que eles vieram até aqui? O quê eles realmente querem? E o destino de todos os personagens. É uma história importante, com temas grandes, e eventos mundiais. Alguns leitores ainda terão algumas dúvidas particulares, mas se eu tentasse responder tudo, meus editores não me deixariam publicar o livro, pois ficaria longo demais. Porém, as principais questões estarão respondidas. Vai ter muita ação. Muitas reviravoltas, e nem todo mundo vai sobreviver, o que coincide com a minha ideia original de mostrar uma invasão alienígena da forma mais real possível. Você não pode ter vários sobreviventes em uma catástrofe.
Espera a produção de um segundo filme? Os produtores ainda não decidiram, pois o que eles olham não é a qualidade artística do filme, mas o quanto ele arrecada nas bilheterias. Eles vão ficar de olho no desempenho do longa, não só nos cinemas, mas também depois em home vídeo e streamings. Eu sei que todos os atores do primeiro filme concordaram em trabalhar em pelo menos outros dois. Tudo depende agora do número de espectadores.
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Em quais outros autores e histórias você se inspirou ao criar A 5ª Onda? Tenho tantas influências. Eu sou um amante de ficção científica, desde a minha infância. Sou louco por todas essas histórias de viagens interestelares, colonização espacial. Eu me inspirei até mesmo em elementos de fantasia como de Tolkien, ou Isaac Asimov. São tramas que despertam a nossa imaginação quando somos jovens. Além disso, o espaço é sempre algo com o qual podemos sonhar, pois há muitas possibilidades lá fora. Em termos de cultura pop, ficção científica é o meu gênero preferido, eu gosto de tudo, desde épicos espaciais como Star Wars, ou mais recentemente, como Perdido em Marte, até Alien, do Ridley Scott.
Você realmente acredita em alienígenas? Acha que poderia ocorrer uma invasão? [Risos] Eu não sei se poderia ter uma invasão. A principal questão seria por que os alienígenas se importariam em invadir a Terra? Eles precisariam ter uma tecnologia tão avançada, e mesmo tendo essa tecnologia, seria uma viagem tão longa, que só o desespero explicaria, como se você não tivesse escolha, estivesse a ponto de perder o seu próprio mundo e precisasse encontrar um novo. É necessário muito desespero para ter que vir até aqui. É basicamente essa a ideia dos meus livros: se eles existem, por qual motivo viriam? O quê eles querem? E como eles vão conseguir isso?
Tem algum alienígena favorito? Um que eu sempre lembro é o do filme Alien, que é superassustador. Eu não gosto muito de aliens que tenham a mesma aparência que os humanos, pois é um insulto à imaginação acreditar que a vida em outra parte do Universo teria evoluído de forma idêntica à nossa. Mas, ainda assim, acho que o alienígena do filme O Dia Em Que A Terra Parou é bem legal.
Acredita na extinção da raça humana? Eu tenho muita esperança na raça humana. Na nossa força de adaptação, de conseguir sobreviver a várias mudanças. Existe um lado obscuro do ser humano, mas ele sempre vai ser superado pelo lado bom. Nós enfrentamos desafios grandes, mas superamos as dificuldades.
Se o mundo acabar um dia, como você acha que vai acontecer? O mundo literalmente vai acabar em 4 bilhões de anos, quando o Sol engolir todo o sistema solar, eu sei com certeza que isso vai acontecer, não há o que discutir. Mas se algo vai acontecer antes disso, eu não sei. Nós, humanos, enfrentamos alguns desafios como superpopulação, falta de recursos, e mudanças climáticas, mas tudo isso pode ser contornado e com certeza encontraremos uma maneira de seguir em frente.