
O espaço Jovem da Bienal do Livro de São Paulo ficou lotado neste sábado para o encontro das escritoras teenagers Thalita Rebouças, Paula Pimenta e Cecily Von Ziegesar, a americana autora da série Gossip Girl. Era muita gente para pouco assento: depois de preenchidas as cadeiras do lugar, muitos ficaram de fora, na esperança de uma impossível desistência. Do lado de dentro, entre as cadeiras e o chão, cerca de 90 adolescentes – a maioria meninas – e uns poucos adultos se espremiam para ouvir as best-sellers.
ENTREVISTA: Para autora de Gossip Girl, adolescência forma caráter
Mesmo com o fechamento das portas do espaço, apreensiva, a estudante de teatro Amara Hartmann, de 17 anos, que não conseguiu entrar, não arredou pé. Ela queria pelo menos ver de peto sua escritora preferida, a autora de Gossip Girl. “Estar no mesmo ambiente que a Cecily significa muito para mim. Não vou sair daqui mesmo que não consiga entrar”, disse, roendo as unhas e levantando os pés para tentar ver, mesmo de longe, a escritora. A persistência valeu a pena: Amara foi a última liberada a entrar no lugar sem senha. “Eu não dormi esta noite de tanta ansiedade, sabia que em algum momento eu conseguiria entrar”, comemorou, num desabafo.
As filhas e a sobrinha de Enilda de Fátima Paiva não tiveram a mesma sorte. Elas saíram de casa, em Silvianópolis, no sul de Minas, às 4 da manhã, num esforço vão. Elas não conseguiram ver Thalita Rebouças. “Elas sonharam tanto com esse momento, mas não conseguiram entrar”, disse Enilda decepcionada, encostada na grade de isolamento do local, batizado pelo curador Zeca Camargo de # Você + Quem =?. “O espaço tinha de ser maior”, reclamou.
Enquanto os sem-senha se lamentavam a oportunidade perdida do lado de fora, dentro meninas cochichavam à espera do início da discussão. “Ela é tão bonita”, dizia uma, sem identificar a autora comentada. “Como será que ela cria os personagens? Vou fazer esta pergunta”, sugeria outra. Armadas com câmeras de celular, a todo momento, a cada sorriso e a cada expressão, elas davam cliques. Empolgada, nem mesmo Thalita Rebouças deixou a câmera desligada: também fotografou o aglomerado de meninas enlouquecidas por seus livros. “Fico muito feliz em vê-las aqui e também quero ter uma foto desse momento.”
Na plateia, a pedagoga Francine Aparecida André, de 25 anos, parecia ser a leitora mais velha do lugar. Ela fez uma viagem de seis horas e meia para ver aquela em quem diz se inspirar: Thalita Rebouças. Moradora de Ibitinga, no interior de São Paulo, Francine começou a ler a escritora teen para aprender a lidar com seus alunos adolescentes e acabou virando fã. Seus alunos passaram a ler a carioca incentivados pela professora. Que, depois do debate, correu para tentar um autógrafo da autora.
Mesmo mais velhas, as escritoras continuam ligadas ao mundo adolescente. “A inspiração para Gossip Girl veio da minha adolescência. Escrever para jovens é viver voltado para a adolescência”, disse Cecily, que se mostrou um pouco mais séria do que as brasileiras, mas não menos encantada com a quantidade de fãs que a receberam com gritos e palmas. Também para a mineira Paula Pimenta a experiência pessoal foi fundamental para a construção de histórias. “Revivo minha adolescência através dos personagens e adoro, porque essa foi uma das melhores fazes da minha vida.”
Depois do evento, as autoras seguiram para os estandes das editoras que publicam seus livros, para sessões de autógrafos. Era a nova e última chance de quem tentou, mas não conseguiu, vê-las de perto.