“Todas as cartas de amor são ridículas”
De cima para baixo, os escritores na ordem em que são mencionados no texto Foi o que disse Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Para testar a máxima do poeta, pinçamos alguns trechos de Cartas de Amor de Homens Notáveis (BestSeller; 160 pág., 19,90 reais), que reúne linhas amorosas de escritores clássicos como Lord […]

“Não me importa quem venha a saber ou que uso se faça disto – é por ti, somente por ti, tu mesma. Eu fui e sou livre e inteiramente teu, para obedecer, honrar, amar e fugir contigo, quando, onde e como determines.”
(Lord Byron para Lady Caroline Lamb)
“Nesta palavra, linda em todas as línguas, e principalmente na tua – amor mio – se resume a existência nesta e na outra vida. Sinto que existo aqui; e sinto que existirei no além, para qualquer propósito que decidas (…) Pensa um pouco em mim quando os Alpes e o oceano se interpuserem entre nós; mas eles nunca o farão, a menos que tu o queiras.”
(Lord Byron para a italiana Teresa)
“Oh! Como teria gostado de passar meio dia ajoelhado a teus pés, com a cabeça sobre teus joelhos, sonhando lindos sonhos, contando-te meus pensamentos com lassitude, com arrebatamento, às vezes sem dizer nada, mas pressionando meus lábios contra teu vestido!… Minha alma voa para ti com esses papéis; como um louco, digo-lhes milhares de coisas; como um louco, penso que eles chegam a ti para repeti-las; para mim, é impossível compreender como essas páginas fecundadas dentro de onze dias estarão em tuas mãos enquanto eu permaneço aqui…”
(Honoré de Balzac para Condessa Ewelina Hanska)
“Eu a amo, é verdade, até mesmo eu; pelo bem dela estou disposto a tudo sacrificar alegremente – tudo, até mesmo a esperança de ser amado. (…) Meu dever é seguir-lhe de perto os passos, cercar a existência dela com a minha, servir-lhe de barreira contra todos os perigos, oferecer-lhe minha cabeça como apoio, colocar-me incessantemente entre ela e todas as tristezas, sem demandar qualquer prêmio, sem esperar qualquer recompensa.”
(Victor Hugo para a esposa, Adèle Foucher)
“Teu amor acaba de infiltrar-se em mim como uma chuva tépida e encharca-me até o fundo do coração. (…) Então, não tendes tudo o que me é necessário para amar-vos – corpo, mente, ternura? És uma alma simples, mas uma mente resoluta, muito pouco poética e extremamente poeta; não há em ti nada que não seja bom. (…) Às vezes, tento imaginar teu rosto envelhecido e me parece que te amarei tanto quanto, ou talvez até mais, do que te amo hoje.”
(Gustave Flaubert para Louise Colet)
“Diz-me, que estrela regeu teu nascimento para unir em tua pessoa tantas qualidades diferentes, tão numerosas e tão raras? Despedimo-nos num momento em que muitas coisas estavam a ponto de brotar de nossos lábios. Nem todas as portas entre nós foram abertas. Tu me inspiras um grande respeito e não ouso interpelar-te.”
(Gustave Flaubert para George Sand)
“Já se passaram seis anos desde que alcancei meu primeiro grande sucesso na vida ao conquistar-te. (…) Hoje és mais cara para mim, minha criança, do que eras no dia do teu aniversário passado, quando eras mais querida do que no anterior – foste tornando-te progressivamente mais querida desde o primeiro aniversário e não tenho dúvida de que essa preciosa progressão continuará até o fim. Esperemos pelos próximos aniversários, com a idade e os cabelos grisalhos, sem medo e sem depressão, confiantes e convictos de que o amor que compartilhamos será suficiente para abençoá-los.”
(Mark Twain, para a esposa, Livy)
“Mais querido dos meninos, tua carta foi deliciosa, como vinho tinto e branco para mim. (…) Preciso ver-te logo. És o divino objeto do meu desejo, um ser de graça e beleza. (…) Em alguns momentos, pensei que seria melhor nos separarmos. Ah! Momentos de fraqueza e de loucura! Agora vejo que isso teria mutilado minha vida, arruinado minha arte, destruído os acordes que compõem uma alma perfeita. Mesmo coberto de lama, eu te louvarei; dos abismos mais profundos, clamarei por ti. Na minha solidão, tu estarás comigo. Estou decidido a não me revoltar, mas aceitar todos os ultrajes pela devoção ao amor”
(Oscar Wilde para Lord Alfred Douglas)