MST não organizou churrasco para comemorar liberdade de Lula
Fotos mostram preparativos para comemoração de três anos de invasão em Quedas do Iguaçu (PR). Festa era divulgada desde junho nas redes sociais
Além da foto que mostraria o desembargador do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) Rogério Favreto dando um beijo no rosto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, boato já desmentido pelo Me Engana que Eu Posto, outra lorota propagada no WhatsApp no contexto do vaivém de decisões sobre a soltura do petista inventa que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) organizou um churrasco no Paraná para comemorar a liberdade de Lula, antes mesmo de Favreto mandar soltá-lo.
O boato é sustentado nas oito imagens da galeria abaixo:
A lorota dá corpo à tese de que o MST, aliado histórico de Lula, sabia com antecedência que Favreto, filiado ao PT entre 1991 e 2010, concederia o habeas corpus movido pelos deputados federais Wadih Damous (PT-RJ), Paulo Teixeira (PT-SP) e Paulo Pimenta (PT-RS) para que o ex-presidente deixasse a prisão.
Divulgadas no Facebook na última sexta-feira, 6, dois dias antes da decisão do desembargador, as imagens, de fato, são de um churrasco organizado pelo MST.
As fotos, no entanto, não mostram preparativos para festejar a liberdade de Lula, mas sim a comemoração de três anos da invasão de terra que deu origem ao Acampamento Dom Tomás Balduíno, na cidade de Quedas do Iguaçu (PR). Desde o dia 6 de julho de 2015, os sem-terra ocupam uma fazenda da Araupel, empresa de reflorestamento e exploração de madeira, na cidade.
As imagens dos “6.000 quilos de carne já temperada” foram publicadas na página “Essa Terra é Nossa”, no Facebook, às 13h12 da sexta-feira 6 – seis horas antes de os deputados petistas, sem alarde, entrarem com o habeas corpus que acabou aceito por Rogério Favreto no domingo 8, e, depois de uma “guerra de decisões”, foi derrubado pelo presidente do tribunal, desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores.
Além do mais, a festa do MST em Quedas do Iguaçu aconteceu no dia 7 de julho, um dia antes da decisão de mandar soltar Lula, e era divulgada nas redes sociais ao menos desde meados de junho, como mostra o vídeo abaixo, publicado na página “Essa Terra é Nossa” no dia 21 do mês passado.
“Também serão servidos 7.000 quilos de carne, parte produzida pelas famílias e parte doada por parceiros colaboradores da reforma agrária”, diz uma liderança do acampamento sobre o churrasco.
A organização do churrasco do MST em data tão próxima à decisão de Rogério Favreto de soltar Lula foi, não restam dúvidas, mera coincidência.
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