Governo quer censurar rap de Gabriel O Pensador que ataca Temer?
Internautas afirmam que cantor foi 'notificado' pela Presidência, mas ele diz apenas que 'um amigo de Brasília' lhe comunicou sobre rumores de censura

Depois de 25 anos, o cantor Gabriel O Pensador lançou uma segunda versão da música Tô Feliz (Matei o presidente). Assim como a gravação de 1992, crítica ao então presidente da República, Fernando Collor de Mello, a nova roupagem do rap (assista acima), que mira o presidente Michel Temer, também gera polêmica – e, em tempos de internet, boatos online.
Circula no Facebook e no WhatsApp, desde a última segunda-feira, o rumor de que o gabinete da Presidência teria notificado o cantor para que retirasse o vídeo do YouTube, onde já foi visto cerca de 3,2 milhões de vezes:

O boato sobre a suposta censura à nova música de Gabriel O Pensador foi criado à la “telefone sem fio”. Na segunda-feira, o cantor publicou em sua conta no Facebook uma postagem em que afirma que recebeu “um recado de um amigo de Brasília de que ‘estão tentando tirar a música do ar’. Não sei mais do que isso”. Como se vê, Gabriel não disse em nenhum momento ter sido notificado oficialmente pelo gabinete da Presidência e ainda ressaltou que a única informação que recebeu a respeito foi a do tal amigo.
Ao Me engana que eu posto, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto afirma que a notícia sobre a notificação oficial ao cantor é falsa. “Sequer temos conhecimento desses fatos”, diz o Planalto.
Em seu post no Facebook, Gabriel O Pensador também lembrou a atuação de órgãos e integrantes do governo Fernando Collor para que a primeira versão da música fosse retirada das rádios, como, de fato, foi.
Em 16 de setembro de 1992, o jornal O Globo publicou a reportagem “Rap contra Collor é suspenso do rádio”. “Por pressões conjuntas da Radiobrás, do Dentel e do próprio ministro da Justiça, Célio Borja, a execução da música foi suspensa”, diz o texto do jornal, que cita ainda a contradição entre a atuação da mãe do cantor, a jornalista Beliza Ribeiro, na campanha de Collor, e a explosiva letra do rap.
Portanto, embora a primeira versão da música tenha sido barrada por influência do governo Collor, não procede a informação de que o governo Temer tente repetir a censura.
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