Tiro no pé de Lewandowski sobre Marielle faz barulho nos bastidores
Ministro da Justiça foi criticado até internamente no governo Lula por pronunciamento sobre ex-vereadora

O pronunciamento do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco — e do motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro — causou estranheza até em setores do governo Lula.
Criticado duramente pela viúva da política assassinada, Ricardo Lewandowski anunciou a homologação da delação do ex-policial militar Ronnie Lessa pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — mais especificamente por Alexandre de Moraes, até recentemente um dos colegas de toga do atual ministro da Justiça na corte.
O sentimento que ficou nesses setores do governo ouvidos pela coluna foi o de que o ministro parou o país para um pronunciamento em que não disse quase nada, tratando apenas de uma movimentação processual.
Ainda que importante por se tratar de um avanço numa delação, o que Lewandowski disse neste 20 de março foi basicamente o mesmo informado no dia 21 de dezembro por Flávio Dino, seu antecessor no cargo: a de que o crime “está perto de ser elucidado”.
Ora, passaram-se quatro meses e o governo Lula divulgou a mesma coisa?
Por ser um assassinato sem solução há seis anos — e com a suspeita de que se trata de um crime político —, fez-se uma avaliação de que houve falha na comunicação de um ministro já pressionado pela fuga de detentos do presídio em Mossoró.
A avaliação, inclusive, é a de que a divulgação da homologação da colaboração de Ronnie Lessa poderia ter sido feita pelo próprio Moraes, com apenas uma nota à imprensa.