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Matheus Leitão

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Blog de notícias exclusivas e opinião nas áreas de política, direitos humanos e meio ambiente. Jornalista desde 2000, Matheus Leitão é vencedor de prêmios como Esso e Vladimir Herzog

Quem foi a nocaute no último debate entre Lula e Bolsonaro

Entenda

Por Matheus Leitão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 29 out 2022, 08h00 - Publicado em 29 out 2022, 00h15

Esperteza, quando é muita, engole o dono, repetia inúmeras vezes Tancredo Neves.

A frase resume bem o debate da Rede Globo, que colocou frente a frente Jair Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva a poucas horas da eleição mais violenta desde a redemocratização. Quando o líder da extrema-direita escolhe perguntar sobre “respeito à Constituição” e o petista resolve mudar o tema para “legalização do aborto” é porque a esperteza engoliu os donos. No caso, os dois.

Mas isso foi depois, quando o primeiro e mais importante bloco já havia passado.

Nele, Bolsonaro chamou Lula de mentiroso, ou insinuou que ele estava mentindo, mais de 20 vezes. Foi o momento em que o atual presidente confirmou a informação dada pela coluna mais cedo, de que a provocação daria o tom do debate – que mais parecia luta de boxe, com um dos dois indo a knockdown.

Jair Bolsonaro começou tentando desmentir que não vai achatar o salário mínimo e a aposentadoria dos idosos, enquanto Lula começou agradecendo a Deus, as mulheres e o povo negro, além de exaltar a democracia. Tentou – no desespero – anunciar um aumento no salário mínimo que não é factível, por não estar previsto no orçamento do ano que vem.

Mas o embate ficou mesmo em torno do eleitor que ganha até dois salários mínimos. Nisso Lula sabe e tem mais o que falar e, por isso, levou o debate para o Bolsa Família, a memória dos brasileiros que tanto aprovaram seu governo.

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Bolsonaro, por outro lado, perdeu as estribeiras e disse logo uma mega teoria conspiratória, que só fala à sua bolha bolsonarista mais radical: a de que o sistema está todo contra ele.

Lula ainda conseguiu se esquivar quando tratou de política externa, na qual o petista deita e rola. Foram os três minutos fatais nos quais o ex-presidente mostrou-se presidenciável e ainda conseguiu um direito de resposta, com o “coup de grâce” (golpe de misericórdia) de William Bonner que, citado por Bolsonaro, inocentou Lula, de novo, de qualquer condenação por corrupção.

BANDIDO E PISTOLEIRO

A briga era tão feia que, enquanto Bolsonaro chamava Lula de bandido – e perguntava onde estavam Palocci e José Dirceu -, Lula lembrava do caso que parou o Brasil e atingiu em cheio a campanha do atual presidente nesta semana – a do pistoleiro delinquente Roberto Jefferson, que deu tiros e jogou granadas contra a Polícia Federal.

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Bolsonaro, chamando Lula de Luiz Inácio, pedia para ele ficar perto porque queria exorcizá-lo. O petista afirmava: “não quero ficar perto de você”! Era a deixa que o petista precisava para dizer que Bolsonaro isolou tanto o Brasil no exterior – o que é uma verdade absoluta – que nós estamos piores que Cuba.

Que diferença de 2018 – quando o “medo do comunismo” venceu a eleição -, não é mesmo?

Bem, tinham se passado 67 minutos em que os dois candidatos estavam debatendo quando Lula tirou da cartola um dos seus golpes mais fortes: a compra milionária de Viagra pelas forças armadas. “Essa eu quero ver você responder, explica, explica”, disse Lula a Bolsonaro que, desnorteado, dizia: “já expliquei, já expliquei”, dizendo que o remédio era usado para tratamento de próstata. “E só as Forças Armadas usam? Por que não distribui para o povo?”, completou o ex-presidente.

Outro momento ruim para o atual presidente foi quando Lula o levou o debate para o tema pandemia. Pressionado pela desumanidade que revelou ao mundo, mas aparentemente não a parte do povo brasileiro que o apóia, o líder da extrema-direita pegou um papel e começou a ler sem parar para poder tentar explicar o inexplicável.

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GOLPE BAIXO

Bolsonaro deu golpe abaixo da linha de cintura ao dizer que Lula foi encontrar os “chefões do narcotráfico” no complexo do alemão e Lula, ao ressuscitar uma fala do atual presidente – de aproximadamente 30 anos atrás – sobre aborto. Desceu ao nível de Bolsonaro e a um terreno ardiloso, que é a ridícula pauta de costumes que o presidente impõe ao país há anos enquanto temos 30 milhões de miseráveis passando fome. 

No mais, é aquela velha frase de Tancredo que lembrei no início da coluna, caro leitor. Sobre esperteza demais engolir o dono: é impressionante que Bolsonaro consiga ter a coragem de escolher o tema “respeito à constituição” após quatro anos pisando em nossa carta magna (é ou não é?). E ainda mentir descaradamente sobre o desmatamento que assolou a Amazônia entre 2019 e 2022, no seu governo.

Por justiça divina, Bolsonaro acabou cometendo a grande gafe do debate: pediu um novo mandato de deputado quando fazia suas considerações finais para a busca da reeleição à presidência. Reeleição essa que está ainda mais comprometida após o nocaute de hoje. Verá de casa Lula ser presidente nos próximos quatro anos.

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Isso, se as pesquisas estiverem certas, o que cada vez mais parecem estar.

PS – Como adiantado pela coluna, Lula veio preparado para evitar as muitas provocações. E evitou, evitou, evitou…

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