
O PDT rompeu com o governo Lula gerando mais uma baixa no Congresso Nacional justamente no momento mais complicado para o presidente, precisando de apoio para aprovação de medidas-chave para 2026 e enquanto é acuado com a possibilidade da CPI do INSS.
A legenda tem 20 cadeiras – ou seja, não são muitos – mas, diante da fragilidade da base de Lula no parlamento desde o início do governo, são votos que farão falta.
O curioso é que o rompimento foi em parte. A base na Câmara afirmou não estar mais com o governo Lula, dizendo-se “independente” a partir de agora, mas no Senado o PDT ainda é lulista por conta “do projeto de desenvolvimento para o Brasil”.
É ou não é estranho? O partido do demitido Carlos Lupi do ministério da Previdência está com um pé dentro e um pé fora da quinta gestão petista. Aliás, os 17 deputados prometem agora, através do líder Mário Heringer, oferecer uma “alternativa [a Lula] para 2026”.
Já o senador Weverton Rocha diz respeitar a bancada da Câmara “embora tenha um posicionamento diferente”. Ele fala por mais dois senadores trabalhistas que somam três votos na Casa.
Enquanto isso, cacique Ciro Gomes fez um de uma coletiva um picadeiro para dizer que Lupi é “um homem sério”. “Um homem de vida simples. Conheço, já fui na casa dele muitas vezes. Não tem nenhum hábito, nenhum sinal exterior de riqueza”, disse, inocentando o aliado.
Mas reclamou do substituto, Wolney Queiroz, também do seu partido. “Estou muito envergonhado! Isto é uma indignidade inexplicável! Na medida em que o Lula queima, frita o Lupi e nomeia o seu braço-direito para o lugar, ele está apenas conseguindo subornar vocês, da imprensa. Por quê? Qual é a culpa do Lupi se não uma responsabilidade remota, que cabe ao Lula, política, não dolosa e tal?”, questionou.
Suborno? Ciro realmente não consegue ter o mínimo de civilidade. O caso continua sendo visto como um baita erro do governo Lula e do PDT, partido dele, que viu a roubalheira aumentar de R$ 300 milhões no governo Bolsonaro para R$ 3 bilhões na atual gestão sem fazer nada.
Em 2007, quando escrevi na revista Época uma reportagem sobre irregularidades de um apadrinhado de Ciro no Banco do Nordeste, o político cearense me processou. Perdeu em todas instâncias a que recorreu. Só assim parou de ser boquirroto sobre o caso.