Por que o governo Lula finalmente aceitou a CPI do 8 de janeiro
Ou... o presidente terá que defender a democracia mais uma vez

Um dia após a queda do ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional Gonçalves Dias, Alexandre Padilha, colega de ministério do general, afirmou que o governo deverá apoiar a instalação de uma Comissão Parlamentar Inquérito para investigar os atentados golpistas de 8 janeiro.
Segundo ele, “o vazamento das imagens [de Gonçalves Dias] cria uma nova situação política”.
A posição do governo Lula em relação a CPI Mista foi, na verdade, mudando à medida que oposição se organizou no parlamento. Incentivada por parlamentares da extrema-direita, a proposta havia sido rejeitada pelo governo justamente pelo potencial destrutivo que a forte ala do Congresso tem. Neste momento, eles estão bem mais organizados.
A CPMI de 8 de janeiro será uma verdadeira batalha de narrativas. O maior temor do governo é sobre o quão prejudicial seria o discurso adotado pelos bolsonaristas para a credibilidade do… próprio governo.
Mesmo com o ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmando que não há nada a temer e que “pode haver qualquer tipo de investigação sobre qualquer coisa”, ajudando a provar que eles foram as vítimas, é preciso considerar que Lula ainda não possui uma base sólida no Congresso.
O presidente e seus aliados precisarão correr atrás do prejuízo e sair da posição defensiva que foram obrigados a se colocar devido a estratégia adotada pela extrema-direita. Eles, os bolsonaristas, não fizeram nada de novo. É o mesmo modus operandi – se esquivaram da culpa e criaram teorias conspiratórias e mentirosas contra a esquerda -, mas o PT caiu de bobo.
Agora, será necessária a mobilização de congressistas que ocupem e dominem o espaço da Comissão, com experiência neste tipo de conjuntura para que, assim como afirmou Padilha, seja feito o enfrentamento político. E que se jogue mesmo uma “pá de cal” sobre o que o ministro corretamente nomeou de “tentativa de criar uma teoria terraplanista sobre o 8 de janeiro”
Outro ponto preocupante apontado é que a CPMI poderá atrasar a votação de pautas importantíssimas para o governo Lula e para a população brasileira, como o novo marco fiscal e a Reforma Tributária.
Mas a vitória do governo Lula é essencial. Os petistas e seus aliados terão que lutar pelo estado democrático de Direito, como ocorreu em 2022. O que está em risco, neste momento, é repetir um passado recente: a extrema-direita impondo uma narrativa e causando dano permanente na democracia brasileira com suas conspirações.