Os cortes de Bolsonaro que revelam quem ele é
Governo cortou mais de R$ 56 bilhões para 2023
![RIO DE JANEIRO, BRAZIL - SEPTEMBER 07: Current president of Brazil and candidate for re-election Jair Bolsonaro gestures during a campaign rally on Brazil's 200th Independence day at Copacabana Beach on September 07, 2022 in Rio de Janeiro, Brazil. Brazilians will vote for president on October 02. (Photo by Wagner Meier/Getty Images)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/09/GettyImages-1421684407.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Às vésperas das eleições, é importante lembrar, caro leitor, quem está tentando se manter no poder. A entrega do orçamento previsto para 2023 deixou ainda mais evidente uma face cruel deste governo: o desprezo pela educação e pelos mais pobres.
Pelas contas feitas por esta coluna, o governo cortou cerca de R$ 56 bilhões em programas sociais no próximo ano.
Sem a menor preocupação com quem mais precisa, Bolsonaro e sua equipe econômica garantiram recursos apenas para 2022, ano eleitoral e quando é interesse do presidente se reeleger. No entanto, todas as pesquisas indicam que não haverá reeleição e o próximo presidente vai herdar dívidas e cortes orçamentários da atual gestão.
No programa Casa Verde e Amarela, criado para substituir o Minha Casa, Minha Vida e para colocar Bolsonaro como “pai” de mais algum projeto, o corte foi de R$ 631 milhões. Em 2022, o programa teve dotação de R$ 665,1 milhões. Em 2023, a previsão é de R$ 34,1 milhões.
O Auxílio Brasil, fixado em R$ 600 até 31 de dezembro, numa clara medida eleitoreira para tentar a reeleição, vai ser reduzido para R$ 400 no próximo ano. O acrescimento de R$ 200 para chegar ao valor atual significaria um aumento de gastos obrigatórios de R$ 52 bilhões no ano que vem. O governo poderia construir mais casas, mas decidiu cortar os gastos com quem mais precisa.
Na educação, mais descaso. Além da conta cara que chegou com os dados sobre a aprendizagem dos alunos no período da pandemia, o governo propôs um corte de R$ 1,096 bilhão no programa “Educação básica de qualidade”.
Na saúde, já prejudicada e impactada fortemente pela pandemia, mais cortes: houve redução de 59% no orçamento destinado ao Farmácia Popular. Caiu de R$ 2,48 bilhões neste ano para R$ 1 bilhão em 2023, corte de R$ 1,48 bilhão.
Também na saúde, corte no programa Mais Médicos. Dessa vez, o governo reduziu de R$ 2,96 bilhões para R$ 1,46 bilhão o orçamento para o próximo ano, uma queda de 50,7%, correspondente a R$ 1,5 bilhão.
Além dos cortes, o governo manteve uma grande despesa para 2023: para se gabar de ter reduzido o preço dos combustíveis, Bolsonaro renovou a redução do PIS/Cofins e Cide sobre gasolina, etanol e gás veicular, o que representa uma renúncia de arrecadação de R$ 34,3 bilhões. Já a redução de PIS/Cofins sobre diesel, gás de cozinha e querosene de aviação tem impacto calculado de R$ 18,6 bilhões.
Além de cortar programas sociais, o governo renunciou a arrecadação de R$ 52,9 bilhões. Escolhas que prejudicam os brasileiros, que comprometem as contas públicas e mostram o vale-tudo adotado pelo atual presidente sem se preocupar com os problemas já criados para o próximo ano.