Os ataques de Bolsonaro contra os próprios comandados
Estratégia de defesa confirma a tese de que o ex-presidente ‘não carrega seus feridos’
A nova estratégia da defesa de Jair Bolsonaro é, no mínimo, arriscada.
Para se livrar de uma possível acusação no inquérito do golpe, o ex-presidente sustenta a tese de que a tentativa de ruptura democrática beneficiaria os militares envolvidos, não ele. Em outras palavras, a defesa afirma que o golpe não seria para Bolsonaro, mas para uma junta militar.
Essa linha jurídica fragiliza a própria base que o apoiou. Ao se eximir de responsabilidade, Bolsonaro deixa seus antigos aliados — como os generais Braga Netto e Augusto Heleno — sob risco, além de aproximadamente 40 outros militares investigados por envolvimento no plano de golpe.
A divisão na direita bolsonarista se aprofunda, expondo uma ruptura na lealdade do grupo, com a clara convicção de que “Bolsonaro não carrega seus feridos” — frase que circula entre aliados do ex-presidente, segundo apurou a coluna.
É uma estratégia que pode custar caro. Como destacou o ministro Flávio Dino, trata-se de uma “democracia do piti”: quando a realidade não agrada, a resposta é a explosão de narrativas insustentáveis.
A defesa do ex-presidente aposta em dizer que todos agiram por conta própria. Mas a pergunta que fica é: até que ponto seus comandados vão aceitar serem sacrificados para salvar a pele de Bolsonaro?