As novas revelações sobre o golpismo bolsonarista, agora sem sigilo por decisão do ministro Alexandre de Moraes, reforçam ainda mais a ideia de que o ex-comandante do Exército Marco Antônio Freire Gomes é um grande herói nacional, merecendo todas as honrarias por isso.
Uma das conversas descobertas pela operação contragolpe mostra que o general Mario Fernandes, secretário-geral da Presidência interino no governo Bolsonaro, tentava cooptar membros do Alto Comando do Exército através de um subordinado, o coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu. “Cinco não querem, três querem muito e os outros zona de conforto. A lição que a gente deu para a esquerda é que o Alto Comando tem que acabar”, afirmou o oficial de patente menor sobre os 16 generais de quatro estrelas que formam o colegiado.
Segundo apurou a coluna, o mais importante nome que segurou os cinco generais contra o golpe bolsonarista foi Marco Antônio Freire Gomes. Como se descobriu em investigações anteriores, quando discutido a tentativa de golpe pelo próprio próprio Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, e com mais de uma versão da minuta do golpe, Freire Gomes foi categoricamente contra.
Na presença de militares de alta patente, inclusive das outras Forças Armadas, o general afirmou que “não aceitaria qualquer ato de ruptura institucional”. Disse mais: “qualquer atitude, conforme as propostas, poderia resultar na responsabilização penal do então presidente da República”.
Era a ameaça de voz de prisão contra o presidente da República de então: Jair Bolsonaro.
Em maio, VEJA publicou com exclusividade o depoimento de Marco Antônio Freire Gomes para a Polícia Federal em uma investigação bem anterior a Contragolpe, que agora mostra 36 pessoas divididos em seis núcleos que queriam uma aventura inconstitucional no país, além do assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.
É importante imaginar como deve ter se dado essa história. Um presidente da República apresentando, desavergonhadamente, minutas contra o estado democrático de direito a militares das mais alta patente, esperando apoio total ao seu autogolpe.
O general Freire Gomes não se contenta em tentar demover o comandante em chefe das Forças Armadas e avisa que, se Bolsonaro tentasse algo, mandaria prendê-lo. No Brasil, isso é histórico. Merece ser celebrado, ainda mais em um país com histórico de golpes das forças armadas.
Saiba mais aqui sobre a linha do tempo abaixo:
1922: Movimento dos 18 do Forte
1924: Revolta Paulista (segunda revolta tenentista)
1930: Revolução de 30
1937: Golpe do Estado Novo (apoio dos militares)
1945: Militares derrubam Getúlio
1955: Golpe Preventivo do Marechal Lott para garantir a posse de JK (contra militares que queriam impedir a posse)
1964: Golpe de 1964
2013: Tropas golpistas em Goiás de preparavam para ir a Brasília durante o 8 de Janeiro