
Prevendo derrotas do governo no Congresso em parte das pautas tributárias que buscam zerar o déficit, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, deu uma sinalização negativa nesta terça-feira, 30.
Ruim para Lula, para o PT, mas, principalmente, para Fernando Haddad.
“Eu sou a favor de alterar a meta fiscal, até em razão de possível frustração de receita, inclusive por posições do próprio Congresso”, disse a presidente do PT, jogando a culpa no parlamento, que pode de fato desidratar o esforço de equilíbrio das contas.
Ocorre que o ministro da Fazenda está ao mesmo tempo pressionado e pressionando para conseguir seu principal ativo político desde a derrota para Bolsonaro em 2018: organizar as contas públicas do país.
Isso colocará Fernando Haddad em uma posição única perante a classe política e a sociedade brasileira. E o ministro tem de fato um compromisso com essa agenda e suas boas consequências para a economia.
Nesta semana, o governo Lula envia a proposta de Orçamento de 2024. E, nela, estará embutida uma lista de questões tributárias que tem o único objetivo de equilibrar as contas do Brasil que raramente estiveram equilibradas em sua história.
Agora, a luta se travará no Congresso. Enquanto Gleisi prevê que elas não serão aprovadas, Haddad entra em campo para tentar matar a bola no peito e colocá-la em campo a caminho do gol.
Por isso, a fala do PT não poderia ter acontecido em pior momento.
Economicamente, deixa o mercado desesperançoso de que o ministro da Fazenda cumprirá suas promessas de zerar o déficit rapidamente. Politicamente, Haddad aparece ainda pior: incapaz de construir a vitória no Congresso.