O recado de Fux a Bolsonaro
Presidente do STF dá resposta a ataques de presidente às instituições, mas mensagem fica aquém do esperado e demorou demais
A expectativa era grande em torno do discurso de volta às atividades após o recesso do Judiciário realizado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, nesta segunda, 2. O ministro havia prometido uma resposta aos duros ataques feitos pelo presidente Jair Bolsonaro ao STF nos últimos dias. A demora de Fux em dar essa resposta, inclusive, causou constrangimento entre os demais ministros da Suprema Corte.
O que se viu, no entanto, foi um discurso genérico, suave e que não satisfaz aqueles que esperavam uma reação firme do presidente do Supremo. Fux repetiu a importância do respeito às instituições e à democracia, atacou as inverdades que tem sido proferidas, num recado a Bolsonaro, mas também criticou magistrados ao dizer que é preciso saber seu lugar de fala.
Em dois momentos de fala que podem ter sido direcionados ao presidente Jair Bolsonaro, Fux afirmou que “a democracia nos liberta do obscurantismo, da intolerância e da inverdade”. Em outro momento, o ministro afirmou que “permanecemos atentos aos ataques de inverdades à honra dos cidadãos que se dedicam à causa pública”.
Ao falar sobre inverdades, Fux fala sobre Bolsonaro. Como a ONG Internacional Artigo 19 mostrou na última semana, o presidente da República deu 1.682 declarações falsas ou enganosas ao longo do ano de 2020.
Em outro momento, Fux também criticou os ataques às instituições. “Momentos de crise nos convidam a fortalecer e não deslegitimar a confiança da sociedade nas instituições”, ressaltou o ministro.
O presidente do STF também mandou um recado aos magistrados. “A sociedade não espera de magistrados comportamento que é próprio e típico dos atores políticos”, disse. “O bom juiz tem como predicados a prudência de ânimos e o silêncio na língua […] Sabe o seu lugar de fala e seu vocabulário próprio”, completou Fux.
O magistrado fez um discurso importante, mas a expectativa era de que ele fosse mais incisivo em sua reação ao presidente que tem desgastado não só a imagem do STF, mas a de várias instituições essenciais para o país.